Capítulo 16 - Marcelo

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Quando vejo Isabel chegar pareço que vou ter um ataque do coração.

Eu estou sentado junto com meus amigos de jogo e há algumas garrafas de cerveja sobre a mesa. Por um instante penso que ela vai derrubar tudo e fazer um barraco, meu coração se acelera ainda mais.

Isabel cumprimenta a todos com um sorriso simpático e espontâneo, depois se posiciona em pé ao meu lado e inclina o corpo para beijar levemente meus lábios.

― Acho que cheguei tarde para o jogo, mas há tempo ainda de tomar uma cerveja com você e seus amigos.

Luciano faz sinal ao garçom para trazer mais um copo, pega uma cadeira na mesa ao lado e pede a ela pra se sentar.

Ela senta e segura firme a minha mão. Eu não entendo nada e fico tenso. Não sei o que está acontecendo. Tento parecer tranquilo, mas temo que ela faça um escândalo. Eu queria muito saber o que ela realmente veio fazer aqui. Será que veio me vigiar?

Cuidado! ― Eu digo e afasto a mão. ― Ainda não cicatrizou direito.

― Desculpe, meu amor.

Ela pega levemente a minha mão de novo e olha a ferida. Está praticamente cicatrizada.

― Não te atrapalhou no jogo?

― Um pouco.

Acho que ela percebe que estou apreensivo, então começa a conversar com os meus amigos. Pergunta por suas esposas.

― A minha está viajando ― diz Luciano.

Paulo que é meio careca, diz que a dele está em casa. "Ela não gosta de me acompanhar aqui no clube", ele diz.

Tadeu olha para mim, depois se vira para Isabel.

― Eu não tenho esposa. Sou de quem me quer bem.

Eu não consegui rir da piada, mas os outros riram. Vi quando Isabel olhou na mão dele e viu uma aliança reluzente.

― Bem, eu também não gosto muito de vir aqui, mas hoje quis fazer uma surpresa para Marcelo. De vez em quando é bom não é?

― Acho que está na hora da gente ir ― digo olhando as horas.

― Que isso, amigão! ― Diz Paulo. ― Sua mulher acabou de chegar.

Ela vira o resto do seu copo de cerveja e Luciano completa-o de novo. Sinto meu coração acelerado. Olho para cada um deles e tento ler seus pensamentos. Tento imaginar o que se passa na cabeça deles. Devem pensar que Isabel veio para me buscar. Com certeza acham que sou um pau mandado dela. Mas isso não importa. Meu maior medo é que Isabel faça algum escândalo, mas acho que ela veio em paz.

Será o que eles falarão quando eu sair? Falarão que Isabel é bonita, feia... ? O que pensarão de nossa relação? Ah! Meu Deus por que estou preocupando com isso? Que se danem os pensamentos deles!

Por um momento gosto da ideia de minha esposa ter vindo me ver jogar, embora tenha chegado atrasada.

Neste momento devem estar me olhando e pensando como consigo conviver com esses homens. Mas é uma convivência superficial. E não tenho a menor disposição para estreitar laços com nem um deles.

― Na verdade eu preciso ir. Tenho um compromisso daqui a pouco, mas você pode ficar, meu amor ― diz Isabel e passa a mão suavemente em meu rosto. ― Pode ficar mais com seus amigos. Eu sei que vocês ainda tem muito o que conversar. Não é mesmo? ― Ela volta o seu olhar para os meus colegas e eles sorriem.

Mar de rosas e de espinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora