Capítulo 24 - Isabel

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Sandra chega apressada e a pequena Isabel se atira em seus braços. É tão bonito ver mãe e filha trocando carícias. Fico emocionada.

― Obrigada ― ela me diz colocando a filha no chão.

― Quando quiser deixá-la aqui, é só pedir. Eu me diverti muito com ela. ― Eu percebo que Sandra está agitada, a respiração ofegante. ― Você está bem?

Ela parece se assustar com minha pergunta. Pega a mão da filha e diz:

― Está sim. Eu já vou indo.

― Tudo bem. Se precisar de alguma coisa.

Ela pega a pequena Isabel e sai apressada. Sinto um aperto no coração.

― Fique mais um pouco. Vamos tomar um café comigo. Marcelo ainda não chegou. Está atrasado hoje.

Sandra passa a mão pelos cabelos e olha em direção à janela. A sensação que eu tenho é que ela está esperando alguém. Talvez tenha um encontro e eu estou a segurando aqui.

― Outra hora. Eu realmente preciso ir.

Ela sai com a criança no colo, olha para um lado e para o outro antes de entrar em sua casa. De repente vejo que todas as luzes da sua casa se apagam.

Ela não está esperando alguém, está se escondendo, penso.

Volto para dentro de casa e ligo a TV.

As horas passam e Marcelo não chega.

Com qual das duas ele está?

* * *

Após ouvir a campainha, Sr. Osvaldo aparece na porta e me sorri todo simpático. Eu coloco a mão no portão e pergunto por Laura.

― Ela não está.

Esta resposta ecoa por todo o meu ser e se transforma em outra frase: Ela está com Marcelo. Com o meu Marcelo.

Sinto minhas pernas vacilarem, agarro-me com mais força no portão. A minha cabeça parece pesada, mas consigo sustentá-la na mesma posição.

― Sabe se ela vai demorar?

Sabe onde ela tem costume de ir com meu marido? Sabe se ela vai passar a noite com ele ou apenas algumas horas?

Eu mal consigo ouvi-lo dizendo que não sabe a que horas ela volta e começo a me afastar. Sinto uma dor atravessar meu peito e paralisar meu corpo.

Eu não me reconheço mais. Onde estão minhas forças? Por que me sinto assim tão derrotada?

Abro o portão da minha casa e sento na varanda. O condomínio está deserto. A casa de Sandra continua com as luzes apagadas. É a escuridão da minha alma que a atingiu. Daqui a pouco tudo se tornará escuro e não conseguirei ver mais nada.

Eu entro em casa e vou direto ao espelho. Sinto-me deprimida e começo a chorar. O que há de errado comigo?

Ouço meu celular tocando em algum lugar. Eu o encontro sobre o sofá. Vejo o nome de Marcelo no visor.

― Oi! ― digo receosa. Tenho medo do que ele tem pra me dizer.

― Desculpe, meu amor, mas aconteceu um imprevisto e eu não vou poder voltar pra casa hoje.

― Como assim? Onde você está? O que aconteceu?

Eu tenho mais um milhão de perguntas pra fazer, mas ele me interrompe:

Mar de rosas e de espinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora