Capítulo 33 - Marcelo

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Iolanda está assustada com a história de Isabel. Mais assustada ainda por vê-la agir normalmente como se nada tivesse acontecendo.

― Eu queria ter esta força. Sou muito fraca. Se fosse comigo eu estaria no chão.

― Ela está. Acredite. Só se faz de durona, mas Isabel é uma fonte inesgotável de doçura. Às vezes não sabe expressar, mas seu coração é tão grande que não cabe dentro dela.

Iolanda me olha afetuosa.

― É tão bonito ver você falando dela. Vocês são lindos. Um casal perfeito. Estou adorando passar estes dias aqui. Pena que é no pior momento da minha vida, mas... Ah! Eu só tenho a te agradecer. A ela também. Está sendo tão maravilhosa comigo, tão atenciosa como uma mãe. Por que não me apresentou a ela há mais tempo?

― Eu já te falei sobre isso e foi um grande erro da minha parte. Mas o meu medo de perder Isabel era tão grande que... Como fui tolo! O amor dela por mim supera todas as coisas. Às vezes a gente comete alguns erros mesmo, me desculpe Iolanda por ter te privado da companhia de Isabel por tanto tempo. E da minha também. Eu te amo tanto minha irmã.

Ela me abraça com os olhos brilhando e me beija o rosto.

― Até agora nada, Marcelo. Já estou perdendo a esperança de encontrar minha pequena. E isso está me matando aos poucos. Não sei até quando aguentarei.

― Eu estou aqui. Nós vamos vencer essa luta. E mesmo se não a encontrarmos ficaremos bem. Acredite.

― Como ficar bem sem Emily? ― Ela se afasta de mim e reluta em entender minhas palavras.

O que quero dizer é que com o tempo essa dor passa ou a gente aprende a conviver com ela. Eu também já estou perdendo a esperança de encontrar Emily.

Consegui descobrir o nome do dono do carro da foto. Pertence a uma locadora de veículos. Fui até lá, mas por questões de ética profissional não podem me dizer quem alugou o carro naquele dia. Confesso que tentei subornar o cara, mas ele foi duro comigo e me colocou para fora do seu estabelecimento. Eu me senti péssimo por isso, mas pra encontrar minha sobrinha estou disposto a quebrar todas as regras.

Eu conto o fato para Iolanda e ela fica ainda mais sem esperança.

― Não sei mais o que fazer. Parece que a polícia não está dando a atenção devida a este caso.

Eu seguro na mão de minha irmã e a levo até a cozinha. Preparo um suco de laranja pra nós. Ela senta em uma banqueta perto do balcão e fica me olhando partir um pedaço de bolo pra nós.

― Isabel daqui a pouco chegará da caminhada. Vou cortar um pedaço pra ela também. Pega um copo pra ela, por favor.

Iolanda se levanta e abre o armário. Pega mais um copo e o coloca sobre a bancada.

Logo em seguida Isabel chega toda suada e se aproxima de nós ofegante. Beija meus lábios suavemente e depois dá um beijo na face de Iolanda.

― Iam tomar café sem mim, bandidos? Eu vou lavar minhas mãos e já volto.

― Vai logo, meu amor, Iolanda está faminta.

― Mentira, Isabel. Para com isso .Marcelo. Vai que ela acredita.

Vejo minha irmã sorri e isso me dá alegria. Ela tem um sorriso lindo e eu não posso ficar sem ele. É puro, angelical, totalmente descompromissado, livre...

Isabel retorna e desta vez já está menos ofegante. Ela senta-se no meio de nós dois.

― Marcelo, o Sr. Osvaldo me parou ali agora e disse que a câmera de segurança da frente da casa dela está estragada.

Mar de rosas e de espinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora