- Nicolay! Meu filho, acorda você tem que ir para o colégio! - Grita minha tia da cozinha.
- Me diz qual é a novidade tia?! - coloco meu travesseiro na cara e dou um grunhido, sei que tenho que levantar pois tenho que ir para o colégio que fica na capital, a quase 15 km daqui!!!!
Olho para as paredes e o teto cinza do meu quarto por um tempo ainda deitado, me viro para a janela que fica oposto a porta de saída, a luz fraca do sol já irritava meus olhos, sentei-me na cama e peguei meu celular, 06:00 da manhã.
Tomei banho, escovei os dentes, coloquei aquele uniforme que tinha nojo de vestir, fui para a cozinha tomar café, pelo menos aquela água sem gosto deveria ser café, minha tia não era uma das melhores em comida. Meto algumas torradas goela a baixo, pego minha mochila e vou em direção a porta da frente, atravesso a sala e piso naquele carpete grudento que tem cheiro de chiclete, observo do lado a tv ligada em um programa matinal entediante, pego meus fones de ouvido e quando estou para sair...
- Mocinho! Não esqueceu nada? Minha tia estava com meu casaco em mãos e com o rosto virado esperando por um beijo.
É no mínimo engraçado a pose infantil que ela fica com uma mão na cintura, fazendo bico e batendo o pezinho. Uma mulher magra, cabelos longos e negros, de meia idade, morena de lábios pequenos, olhos claros com seu suéter sinza gigante cobrindo o corpo, me surpreende ela não ter encontrado alguém até hoje.
- Ah sim! - pego meu casaco e lhe dou um beijinho na bochecha como de sempre. Agora posso ir?
- Claro e cuidado! Não fique distraído com esse fone na rua algum maluco pode passar e te levar, ou ate mesmo te atropelar! Não quero você dando bobeira, cuidado la fora!
Suspiro.
- Tudo bem tia mais alguma instrução?
- Não. Só me importo com você, quanto mais você cresce mais perigoso é.
- Eu sei me cuidar agora esta na minha hora, tchau!
Visto meu casaco jogando minha mochila nas costas, abro o portão de madeira e começo a andar pelas ruas de asfalto rachado, gosto desse cheirinho do inverno de manhã da rua da minha casa, o vento frio e a neblina leve me da animo pra enfrentar mais um dia de escola, não me agrada nada estar no meio daqueles filhinhos de papai metidos a besta! Sento no meu ponto de ônibus com vista para casa que estava a venda no outro lado da rua.
A casa é simples, mas bonita e bem arrumada. Tem uma pintura verde escura por fora, com duas grandes janelas de vidro, entre as janelas uma porta de madeira rústica, com uma garagem a direita e uma grama verde mal cortada ao redor da casa.
Tem um caminhão de mudanças lá colocando alguns móveis dentro, mais uma pessoa nova na rua...
Vejo um cara conversando com o motorista do caminhão, um homem moreno, alto de cabelos grandes e escuros, esta usando uma jaqueta preta, calça jeans azul escuro e uma bota marrom, bem peculiar para as poucas pessoas que moram nesse bairro vazio e silencioso.
O homem vira seu olhar para o meu e eu desvio de direção, coloco uma musica para tocar nos meus fones no mesmo momento que meu ônibus chega, me sento ao lado de uma janela e percebo que ele ainda esta me olhando, que cara estranho.
Chego no centro e desço do ônibus a uns 500 metros de distância da minha escola, passo por prédios de contabilidade, bares e restaurantes todos ainda fechados ou começando a abrir.
As grandes avenidas ainda estão vazias mas isso mudará em questão de minutos, as coisas correm rápido por aqui, ainda é cedo não apreço meu passo e vou de acordo com a musica leve dos meus fones, All I Want de Kodaline, entro no ritmo da música, andar se torna automático ao som do violão que me leva a outro nível além daquele lugar feito de concreto e gravatas ambulantes.
Mas o som melódico do violão é interrompido com um freio alto de pneu, um carro preto parando na minha frente o único na rua no momento, um homem encapuzado desce e atira com uma pistola de dardos no meu peito, foi tão rápido que não tive nenhuma chance de reação.
Apenas caio na calçada e perco minha visão junto com minha consciência.
Acordo com um saco escuro na minha cabeça sinto minhas mãos e pés amarrados, sei que estou dentro de um carro posso sentir as vibrações do seu motor, não sei se sinto medo mas minha perda de consciência vem novamente me fazendo dormir.
Quando realmente acordo ligado pra valer, me vejo amarrado a um poste de ferro no meio do que parece ser uma oficina ou algo do tipo.
O lugar empoeirado mal iluminado cheio de ferramentas de vários tipos espalhados pelas prateleiras e pelo chão, que por sinal o chão é um acúmulo de graxa e poeira bem nojento e estou em cima dele, tento me debater para me soltar de forma frustrada do poste, ouço uma porta abrindo atrás de mim.
Passos ecoam por todo o ambiente.
- garoto tenho algumas perguntas e preciso de algumas respostas, será que você me ajudar? - Sinto um tom debochado.
Ele se põe na minha frente sem seu capuz e posso enxergar todo seu rosto. Um rosto branco, magro e velho, de olhos azuis sinistros, mal tinha cabelo e usava uma barba rala, sua magreza era visível pela sua roupa puida que não se ajusta em seu corpo.
- Me desculpe a falta de educação minha! permita que eu me apresente: me chamo Gabriel e fui um grande amigo do seu pai garoto.
Apenas o encaro com surpresa porque nunca conheci meu pai em toda minha vida.
- sei que esta tentando entender o que está acontecendo aqui, mas vou ser o mais bonzinho e compreensivo com você meu chapa, te explicarei tudo num instante amigão!
Ele da uma cuspida grudenta no chão perto do meu tênis marrom, depois da um sorriso de dentes amarelados assustador fazendo todas as rugas do seu rosto se contraírem.
- Oque você quer de mim?! - Pergunto assustado.
- Você já vai saber garoto! - me da mais um sorriso esquisito - já vai saber, mas antes vamos nos divertir um pouco.
Agora que eu percebo que ele está com uma seringa com um líquido verde dentro, espirra um pouco desse líquido para fora, se aproxima de mim com uma risada desenfreada e psicótica, seu olhar se torna um misto de perversão e crueldade.
- O que é isso?! O que vai fazer comigo?!
- Não se preocupe garoto é só um passa tempo não vai doer nada se você colaborar, vai ser só uma ajuda para mim e não tente evitar meu amigo, isto será uma pequena viagem para você! - mais risadas psicoticas - uma pequena viagem...
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O Caçador de Origens
Mystery / ThrillerNicolay Antony é um jovem que vive nos arredores da capital da Roménia, é um clássico garoto que cursa o ensino médio em uma escola ao arredor da capital, até então era o que se esperava ser, quando na verdade tudo o que ele acha que sabe ou achava...