Capítulo IV

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J A C K S O N.

Como uma barata tonta, meus pés me guiam de um lado para o outro do quarto. A perna com bota não ajuda muito com a locomoção, porém estou ansioso demais para ficar sentado sendo engolido pelos meus problemas.

Espio pela janela para cerificar de que meus pais estavam foram de casa. Desde que fraturei minha perna tem sido um inferno conseguir ficar sozinho. Mesmo não sendo nada demais, meus pais me vigiam a maior parte do dia e isso está me sufocando. É claro que a preocupação está em eu parar de jogar pra sempre, pois assim eu não poderia impressionar os novos amigos no emprego do meu pai.

Desde um ano atrás não consigo ter uma vida tranquila como eu levava antes. De repente eu tinha que ser alguém para que meus pais ficassem orgulhosos de mim. Eu fui tolo em pensar que deste jeito eu teria algum afeto real em troca. Seus pedidos absurdos custaram-me o afastamento de tudo o que eu gostava, e o que eu mais me arrependo é ter me afastado de S/n. Tive que ser um babaca para que meus pais não me mandassem para Hong Kong. Eu fui fraco em não ter ido contra, mas a chantagem emocional foi intensa... Eu queria o orgulho dos meus pais e não queria ficar longe de S/n, infelizmente tive que me contentar em vê-la de longe e poder ouvir sua voz durante as aulas. Eu não imaginava que eu iria me arrepender tanto por essa escolha. Está me matando ficar longe dela e não poder dizer o que sinto. Imagino que ela tenha pensado que me afastei por ter se confessado para mim, mal ela sabia que eu mais que ninguém queria beija-la naquele momento, se não fosse pelos meus pais nos espiando da janela. Eu tive que guardar aquele sentimento aqui dentro, e olha o que aconteceu? Eu só perdi em troca. Hoje vou terminar de uma vez por todos com isso. Não me importo se eu tiver que ir pra Hong Kong, não suporto mais isso tudo entalado!

Vejo pela fresta da cortina, o carro do meu pai sair da garagem e cruzar a esquina. Tenho cinco horas até que minha mãe chegue volte do trabalho.

Rostos falsos e sorridentes emoldurados me recebem quando abro a porta do meu quarto. O corredor está lotado de fotos antigas para as visitas pensarem que vivemos em harmonia. Até eu acreditaria se não fosse a minha cara estampada ali e o esforço que tive que fazer para parecer ao menos contente.

Quando eu era criança sonhava com uma casa de dois andares, agora, com essa perna, agradeço toda vez que abro minha porta para perambular pela casa. Não está insuportável andar, mas eu me sinto super desconfortável com esse treco na minha perna.

Estou em frente à porta de S/n. Ela parece tão distante e ao mesmo tempo tão perto. Meu coração está ficando acelerado. Eu só consegui pensar a noite toda em conseguir chegar aqui, mas eu não pensei em como eu iria começar a contar toda a verdade para ela. Agora, me parece uma péssima ideia não ter planejado o que diria. E se ela não entender? E se ao invés de tentar concertar as coisas elas se quebrem ainda mais?

Pra minha surpresa, a porta se abre. Okay, não há mais tempo para planejar um plano.

- Ah... - eu perco as palavras ao ver S/n. Ela estava linda com o cabelo solto. Chamava ainda mais atenção pro seu rosto que completava o pacote da perfeição.

- Eu vi você chegando. Por que não tocou a campainha? - Ela me olha confuso.

- Eu não sei. Sinceramente. Acho que me distrai um pouco com os meus pensamentos.

S/n continua a me analisar de maneira estranha, e me dá espaço pra que eu entre.

- Yug ainda não chegou. Bem, eu não tenho nem certeza de que ele vai aparecer hoje...

- Estou aqui - ouço sua voz mal humorada atrás de mim. - Eu me atrasei um pouco, só isso.

- Tá tudo bem? - Ela olha pra ele de um jeito preocupado.

Meu (ex)melhor amigo | Imagine Jackson Wang & Kim Yugyeom.Onde histórias criam vida. Descubra agora