Texto (III): Ela

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Eu gosto dela. De verdade.

Não, não estou falando dos seus dentes brancos e perfeitamente alinhados. Nem de suas longas madeixas louras e lisas. Também não estou falando de seus olhos tão azuis quanto a cor do mar.

Eu não estou falando desse amor idealizado de livros. Não estou me referindo a uma pessoa imaginária. Muito menos de uma figura simplesmente perfeita.

Eu estou falando dela. Estou falando de gostar dela.

Quem é ela?

É um ser humano como qualquer outro. Mas claro que, para mim, ela é única.

Eu gosto dos seus cabelos castanhos, dos dentes que não são tão brancos assim, das bochechas gordinhas e apertáveis. Eu gosto até do fato dela se gabar por ser um centímetro mais alta que eu.

Gosto também dos óculos e dos olhos pequeninos quase fechados. E da mania de morder as pontas das canetas e dos lápis (mesmo que, às vezes, sejam os meus).

Gosto da risada escandalosa e fina. Também gosto das pequenas gordurinhas que ela têm em seus flancos e do jeito que ela fica bem sorrindo.

Gosto de como a sua voz parece estar sempre animada e o fato dela tentar ser gentil e simpática com todos.

Gosto, até mesmo, quando ela briga comigo por causa de alguma mania chata minha.

Ela é tão... Argh!

Ela é tão ela.

Ela me deixa sempre aos seus pés, à mercê de qualquer uma de suas vontades.

Ela sabe que eu sou simplesmente louca por ela.

Ela e aqueles cabelos castanhos. Ela e aquela simpatia. E também tem aqueles olhos castanhos pequenos e aquele sorriso.

Eu gosto de tudo nela.

Eu gosto dela.

Dela e das suas conversas sem sentido.

Dela e das suas histórias engraçadas.

Dela e só dela.

Eu gosto dela.

Mas ela?

Ela deve estar por aí, fazendo graça com o seu irmão, conversando com a sua mãe, ignorando o seu pai.

Deve estar lendo algum livro, algum fato desconhecido, tirando fotos do céu.

Deve estar assistindo a alguma série ou, quem sabe, a um filme de sci-fi antigo.

Ela pode estar fazendo tantas coisas, mas não deve estar pensando em mim tanto quando eu penso nela.

Ela só está na dela, mas eu continuo caidinha por ela.

(Texto Autoral)

Words Aren't Always Like Cotton.Onde histórias criam vida. Descubra agora