Amargura fatal

19 4 0
                                    

O garçom ansiava para ir embora. O restaurante já estava quase vazio. Restava apenas que aquelas duas freguesas assíduas e arrogantes pedissem a conta do café que tinham tomado. E então ele poderia sair dali.

A morena sisuda parecia cochilar entre o encosto confortável do sofá e o canto da parede. A loira embonecada tinha ido ao banheiro. Mas já fazia dez minutos. O garçom decidiu "apressar" a cliente. Aproximou-se da mesa.

Percebeu que a morena não parecia estar "descansando". Mediu sua pulsação. Confirmou a tragédia. Ela estava morta.

Rapidamente, lembrou que a morena reclamara do gosto excessivamente amargo do café.

Veneno eficiente!

Correu até o banheiro para procurar a amiga loira. Era preciso confirmar o que ele pensava ter acontecido.

Encontrou a mulher caída no chão. Para seu alívio, ela ainda respirava.

Que bom que não foi fatal!

A loira recobrara a consciência.

Vislumbrou a figura do garçom. Os olhos verdes da mulher arregalaram-se. Sua memória resgatara o gosto estranho do café. Compreendeu tudo. Sorte não ter ingerido todo o café.

― Você envenenou nosso café?

― A arrogância de vocês envenenou minha alma! ― confessou o garçom. ― Envenenei o café dela. Você será a "culpada".

Virou-se.

Foi embora sorrindo.

Amargura fatalOnde histórias criam vida. Descubra agora