"Seja bem-vindo! Biblioteca de Luminous", leu Emílio na placa de tradução ao sair de uma porta-passagem acompanhado de Will, do Prof. Trajanus e do diretor Stanislaw.
A beleza do ambiente era estonteante: "Um palácio, um templo, um museu ou tudo isso junto? Isso é uma biblioteca?", refletiu Emílio. Ficou imaginando que se não fosse a placa tradutora jamais deduziria que aquele recinto era mesmo destinado a livros. O lugar era realmente suntuoso. Sempre frequentou bibliotecas públicas, mas nunca daquele tamanho. Contudo, perguntava-se onde estariam os livros.
Alguns passos depois, viu uma senhora atrás de um balcão inclinar-se saudando o diretor e o Prof. Trajanus. Pensou logo em Dora, com um intenso desejo que ela estivesse ali. Seguiu.
Mais adiante, em vez de livros, havia milhares de chaves prateadas penduradas em estantes acessíveis apenas por escadas e muitos cuidadores com cestas, ocupados em colocá-las em ordem. Algumas se tocavam com o vento e produziam um som especial semelhante a uma cortina de vitrais. Livro mesmo, não viu nenhum. Só obras de arte, corredores não retilíneos, esculturas, portas — muitas portas! — e tapetes vermelhos. Ponderou que talvez os livros fossem importantes ou valiosos o suficiente para não estarem expostos aos visitantes.
"E as chaves prateadas? Se as penas podiam se transformar em chaves, para que tantas? E por que estão penduradas?", indagou a si mesmo. Conteve a vontade de perguntar. Não era hora. Todos estavam preocupados com as repercussões que teriam aquele ataque. Will notou a dúvida de Emílio, mas também não achou o momento conveniente. Os professores confabulavam formas de descobrir quem estaria por trás do ataque a Emílio. E ele, como lumen-guia, estava concentrado tentando entender o que discutiam.
Os professores comentavam que milhares de famílias e os seres dos livros que moravam na cidade-escola e na floresta ficariam sabendo e relacionariam o ataque à manifestação milenar da aura dourada. Além disso, espalhariam boatos que a cidade-escola estaria em perigo ou que não poderiam mais confiar nas esculturas. Pior, a própria vida na Acrópole estava ameaçada de ser revelada. Cogitavam que, naquele exato momento, as cidades-escolas circunvizinhas já estavam sabendo. Principalmente pelos novatos, que mandariam filmes, fotos e comentários pelo livro communicatione.
Antes que eles percebessem que Emílio e Will estavam atentos à conversa, Wallace saiu de uma porta lateral e os saudou lamentando o ocorrido. O diretor o convidou a ir à Câmara de Biblion.
Desceram algumas escadas, percorreram vários corredores curvilíneos, atravessaram diversas portas-passagens e entraram em um elevador movido a correntes e acionado a manivela e alavancas. Pela primeira vez, Emílio viu portas serem fechadas com as mãos e que não davam em outro lugar. O diretor mexeu nas alavancas e o elevador desceu numa velocidade assustadora. A profundidade era tanta que Emílio e Will jamais poderiam imaginar ser possível imergir mais naquele oceano de escuridão. Somente eles se seguravam nas barras enferrujadas. Não foi necessária nenhuma habilidade especial para os professores perceberem que o medo os consumia.
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Emílio e os Lumens: o Quinto Poder (Completo)
Fantasía#2 no ranking de mundos-paralelos (fantasia) em 28/05/18; #15 em dragões (fantasia) em 23/05/18. 2° Lugar Concurso Pena Dourada (Obra Completa para Degustação). Emílio D'Ara, estudante de 13 anos do Liceu, conhece um misterioso professor de filosof...