Rostos desfigurados

14 1 0
                                    

Peço desculpas por ser quem eu sou,
Não consigo sentir, não sei o que fazer,
Sou apenas uma caixa vazia.
Por vezes, quando consigo sentir, gostaria de demonstrar,
Segurar na sua mão, olhar em seus olhos, te abraçar.
Ao menos eu gostaria de falar com você,
Eu gostaria de dizer que aprecio todas as coisas que fez por mim.
Nos divertíamos muito no passado,
Vivemos grandes aventuras.
Lembro direitinho daqueles dias ensolarados,
Onde eu sentia que poderia correr para sempre.
Onde eu sentia que estaria com você por toda a eternidade.

Estou tão feliz que esteja aqui comigo,
Não tenho medo da morte,
Passa a mão atrás da minha orelha,
Por favor, tente ver através da barreira.
Olhe no fundo dos meus olhos.
Tudo vai ficar bem.
Eu gostaria de conseguir falar com você,
Te dar um último abraço,
Pois sei que está triste.
E eu adoraria te dizer:
Obrigado por tudo, foi muito legal.

E por favor, me desculpa,
Por ser essa pessoa estranha,
Quieta e vazia.
Eu não queria ser assim.
Abrace-me, pois sei que não sou capaz de fazê-lo.
Sinto que não sou nada além de máscaras,
Todas as vezes que mudei,
Tantas e tantas vezes, foram apenas as máscaras
Sendo trocadas.
Nunca fui nada, além disso.
Por favor, não me julgue,
Eu estava me protegendo. Sei que também o faz.
É a nossa natureza.
Não somos nada além de máscaras.

Cada alma nesse mundo,
Nasce do acaso
E prolonga-se pela fraqueza;
Cada alma nesse mundo,
Morre sozinha.

E nesse último segundo:
Durante os últimos suspiros,
Em um balbucio sofrido:
Despimos-nos de todas as máscaras.

Nesse último segundo e sozinhos por excelência,
Nossos rostos, já desgastados e desfigurados por tantas máscaras,
Por baixo de tudo:
Não há rosto algum.

Não se assuste, por favor.
Tente abraçar-me:
Já não sinto nada. Já não sou mais.

Et sanguis in umbraOnde histórias criam vida. Descubra agora