A Escritora e o Seal

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Gus se lembrava como todos foram morar juntos, antes daquela bagunça com a sua família.

Há cerca de cinco anos, compramos um enorme terreno, para morarmos todos juntos, porém cada um em sua casa, como se fosse uma grande base militar, mas a verdade é que ficamos com medo. Um medo que abalou a nós todos, homens militares, de que algum mal pudesse acontecer com nossa família.

O terreno tinha um grande lago no centro, onde construímos cada um sua casa, até meus pais vieram para cá, depois do infarto dele. As crianças ficam à vontade, podem correr, andar de bicicleta, nadar no lago ou na piscina.

De um lado do lago temos as casas, e do outro nosso centro de comando. Quando saímos da área militar, ficamos amigos de um agente na CIA e, às vezes, fazemos alguns trabalhos para ele, mas nosso foco mesmo é segurança pessoal. Temos um pessoal treinado que faz segurança dos nossos clientes, que vão de celebridades a músicos e empresários, e às vezes, somente ás vezes, fazemos trabalhos de investigação.

Lucas, o mais velho, cuida da parte com os clientes, o Alberto, cuida do financeiro e dos trabalhos internos, Abel é o cara dos computadores, Dilon visita as equipes para ver se está tudo bem, Joe e eu cuidamos do treinamento.

O Adam foi da marinha junto com o Abel, e se tornaram grandes amigos, quando pediu baixa, veio para nós. Ele e o pai moram numa casa próxima a minha.

E agora estávamos dependendo de sua irmã, que eu e a maioria, eu acho, nem sabíamos que existia.

***

Após a ligação de seu irmão na manhã anterior, Florence pegou suas coisas e colocou em seu Corvette vermelho, saiu de New York para uma localização em latitude e longitude que Adam, seu irmão, informou.

Deixou o hotel e a cidade que lhe foram amigos nos últimos seis meses, mentira para a família dizendo que estava pelo mundo, quando a verdade era amarga e triste, não queria que Adam ou seu pai, Robert, sofressem, então fingiu uma briga feia com o irmão e partiu dizendo que viajaria o mundo, mas a realidade era outra. Seu peito doía de saudades deles, sua vontade de ligar aumentou mais depois do e-mail de Adam, contando que se mudariam para o Texas e que pediu baixa na marinha, e claro que seu pai estava com ele.

— Vamos lá, um indo carrinho Buck, vamos ver o que o Adam precisa.

Ligou o som, e começou a cantar, sabia que demoraria muito para chegar, mas quanto antes saísse, antes chegaria. O caminho era de mais de dois mil e quatrocentos quilômetros, logo na saída de New York, o GPS informou para pegar a via I-40 W.

Lembrou-se de todas as brigas com Adam por bobagens e soube, no momento em que o telefone tocou, que era algo urgente e sério, estavam brigados e não haviam se falado nesses meses, somente algumas trocas de e-mails, mas nada além de informações sobre a viagem e como estava.

A verdade sobre onde e por que estava ainda no país poderia fazer com que eles mudassem seus planos, e não seria justo com quem sempre lhe deu apoio e amor incondicional, compartilhar o que acontecia na sua vida atualmente.

Anoiteceu conforme dirigia, e viu a placa de Jackson, uma cidade na beira da estrada, parou num motel barato para descansar, chegaria amanhã em seu destino, mas essa noite precisava dormir.

O dia chegou tão rápido que pareceu nem dormir, alguns dos sintomas ainda estavam pairando no seu corpo, tudo doía, mas a dor não era o que a motivava e sim a ligação do Adam pedindo que viesse porque precisava de ajuda.

No rádio começou sua música favorita, Never Be Like You, quando o GPS disse ter chegado ao destino. Parou o carro e ficou olhando para os muros altos e imponentes que pareciam impenetráveis, quando percebeu uma câmera mudando o local para onde estava, e focando nela. Começou a rir e a lembrar de filmes de ficção científica quando as máquinas levantam e se tornam os donos dos humanos.

A escritora e o sealOnde histórias criam vida. Descubra agora