Coroa Sangrenta

Ayla

O vilarejo está lotado a primeira sexta do mês é uma loucura, devido a feira, mas não é tão ruim assim, apesar do calor e o cheiro de suor.
A feira esvazia à medida que as barracas vão fechando. Os feirantes estão distraídos, despreocupados. É fácil pegar o que eu quiser dos estoques. Quando terminar, estarei com os bolsos abarrotados de quinquilharias e ainda terei algum pedaço de comida para viagem. Nada mal para poucos minutos de trabalho. A multidão se movimenta rápido e eu me deixo levar por eles. Minhas mãos entram e saem dos bolsos, sempre em toques rápidos. Umas notas do bolso de um homem, a pulseira de uma mulher, nada muito grande. Os aldeões estão ocupados demais seguindo a multidão para notar uma batedora de carteira.
Quase todo mundo espera ansiosamente a primeira sexta-feira do mês, tanto a escola como o trabalho terminam mais cedo. Eu não. Preferiria estar na escola numa sala cheia de crianças sem aprender nada.
Não que eu vá permanecer muito mais tempo lá. Meu aniversário de 18 anos está chegando e terei que ir para o exército, para uma guerra idiota com pessoas idiotas. Meu único irmão está lá, Shade. Somos só eu e ele, não tenho notícias dele a meses. A única lembrança que tenho é um brinco que sempre levo comigo e não tiro por nada nesse mundo. Não sei se ele está vivo ou morto, mas talvez eu o encontre quando for pra guerra.
Sento no banco da praça é fico pensando sobre meus pais que nunca conheci. Eu sei que parece estranho estar pensando em alguém que nunca vi, mas mesmo assim penso todos os dias neles.
Perdida nos meus pensamentos nem vejo quando um brutamonte senta ao meu lado. Quando olho para ver quem é...ninguém menos que Kilorn, um aprendiz de pescador, alto com olhos verdes e meu único amigo nessa cidade.
-Oi Ayla!
-Oi Kilorn
-Como foi seu "trabalho" hoje?
Ele fala com desdém
-Haha engraçadinho, você sabe que é a única forma de eu sobreviver e nos salvarmos do recrutamento.
- Ah! Você ainda tá com essa ideia de salvar. Eu faço 18 anos em uma semana, ao menos que você resolva assaltar um banco, é impossível conseguir 2 mil coroas.
-Não Kilorn -sorrio ao falar- eu vou te salvar! Eu vou nos salvar daquele fim horrível.
- Ai meus Deus o que você vai aprontar?
Apenas dou de ombros e saindo andando, ele vem logo atrás de mim e puxa meu braço com força.
-Ei! Me solta
-Não até você falar o que pretende fazer.
-Não vou falar. Agora me solta
Eu o encaro até que ele me solta
-Muito bem!
Saio andando até que ele grita.
-PENSE BEM NO QUE VAI FAZER
Respondo no mesmo tom:
- EU JÁ PENSEI KILORN!