Capítulo Vinte e dois

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Um Ano 

-  Vamos Batman!- Julia insistia, balançando meu braço de um lado para o outro.

- Julia, temos um trabalho aqui.- Falei apontando para o aglomerado de papeis a nossa frente. Mas era apenas uma desculpa, já que aqueles papeis só estavam ali porque eu não os guardei depois que eu resolvi as pendencias.

Julia se levantou e pegou todos os papeis a minha frente e largou na primeira caixa que ela viu.

- Problema resolvido!- Falou passando uma mão na outra, como se as limpasse.

- Esse aniversário é tão importante?- Indaguei me recostando na cadeira.

- É, além do mais você não sai, não se diverte. Parece dez anos mais velho.- Falou me fazendo rir.

- Tá.- Falei revirando os olhos.- Mas vamos no meu carro.

- Okay chefe.- Julia bateu uma continência e saiu da minha sala.

Percebi que ao longo de um ano que ela se tornou muito especial para mim, sempre me deu um grande apoio e me ajudou nos momentos difíceis. Tem tentado me ajudar a localizar a Regina, que parece que virou fumaça.

Quando Cristina havia me dito que minha filha havia nascido, eu senti um misto de alegria e raiva, pelo fato de não poder vê-la. 

Sai do escritório as três da tarde e fui me arrumar para ir ao interior onde seria comemorado a festa de aniversário do irmão da Julia. Quando o relógio marcou quinze para as quatro Julia bateu na porta da minha casa.

- Pronto protetor de Gothan?- Eu ri e assenti.- Vamos então, temos uma longa estrada pela frente. 

Eu concordei e sai, fechei a porta e seguimos juntos para o meu carro.

Julia sentou no lado  do carona e foi logo mexendo no som.

- Quando foi que você ganhou intimidade para mexer no som do batmovel?- Indaguei a provocando.

- Desde que eu me tornei a sua melhor amiga.- Falou colocando "See Ya Soon da Beckah Shae" para tocar.- Agora canta comigo.- Ela começou a cantar junto e a dançar de uma forma bem desengonçada.

Comecei a admirar o jeito simples da Julia, ela era o tipo de pessoa que queria ajudar a todos, sempre fazia de tudo para arrancar sorrisos das pessoas a sua volta. Foram raras as vezes que a vi cabisbaixa. Ela era radiante, a luz que Deus colocou no meu caminho turbulento e escuro. 

- Vamos lá Batman.- Ela levantou as mãos e começou a bater palmas.- See you soon (doo bee doo)

I've got your promise

deep in the pocket of my soul (doo bee doo bee doo)

So I'll see ya soon (doo bee doo)

I'm positive you're coming for me

and I'm so ready to go

I'll keep on looking for you

Cause I know I'm gonna see you soon.

Seguimos a metade do caminho cantando e rindo, até que o carro decidiu parar do nada.

- Por favor me diz que esse carro está abastecido.- Julia olhou para o painel do carro.

- Claro que ele está abastecido, não sei o que aconteceu.- Falei tirando o sinto.- Fica aqui que eu vou olhar o motor.- Sai do carro e abri o capô, me deparando com uma nuvem de fumaça que me envolveu por completo.

- Acho que temos um sério problema aqui.- Julia saiu e fechou a porta do carro. 

- Você acha?- Indaguei com ironia. 

- O que vamos fazer agora?- Perguntou ignorando o meu sarcasmo. 

- Bom, podemos nos abrigar da chuva dentro do carro.- Falei olhando para o céu e percebendo que o tempo estava se fechando.

- Acho uma boa ideia.- Ela foi até a porta e tentou abri-la.- Caio?

- Oi?- Falei fechando o capô e indo até ela.

- Acho que tranquei o carro com a chave dentro.- Falou olhando pela vidro do carro. Foi quando começou a chover.

A puxei para debaixo de um uma pequena ponte que havia a alguns passos de onde o carro estava. Parecia que o céu estava preste a desabar sobre nossa cabeça.

- Viu porque eu prefiro ficar em casa?- Falei a fazendo rir.

- Uma chuva não  mata ninguém!- Falou ela, puxando seu cabelo para o lado para poder tirar o excesso de água.

- O que vamos fazer agora?- Indaguei me sentando.

- Vamos sentar,- Ela se sentou ao meu lado.- e esperar.

A olhei de lado e vi seu sorriso encantador, como ela podia ser tão radiante o tempo todo?

Ela era o tipo de pessoa que qualquer homem gostaria de ter para si.

Acho que a chuva estava começando a mexer com a minha cabeça, pois comecei a perceber que as gotas de chuvas molhando de leve a sua face a deixava mais linda do que o normal, se é que isso era possível. Uma gota pesou sobre seus cílios e caiu logo em seguida, fazendo o percurso de seus olhos até o canto de seus lábios. Ela olhou para mim e sorriu.

- Tá tudo bem?- Indagou semicerrando seus olhos.

- Acho que quero te beijar.- Falei sem me dar conta das palavras que eu havia dito. Elas simplesmente saíram sem aviso prévio. Julia me olhou com espanto, e eu não sabia mais se prosseguia ou voltava atrás no que eu havia dito, só sabia que aquelas palavras tinham um misto de verdade em si. 

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