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P.o.v Holly

Desço as extensas escadas e quase caio nas mesmas. Caminho sonolenta até a cozinha e paro na entrada da mesma encarando papai e mamãe que nem ao menos me perceberam ali, estavam muito ocupados discutindo.

--Quem é ela ?-- mamãe perguntava tentando manter a calma.

--Você está enlouquecendo-- papai garantiu e mamãe começou a chorar.

--VOCÊ ESTÁ ME TRAINDO-- grita mamãe e eu levo um susto.

Minha mãe nunca gritava, em hipótese alguma. Ela estava mais do que brava, estava possessa.

--Não seja louca-- papai fala olhando para seu celular.

--EU VI SUAS MENSAGENS PORCAS PARA ELA, EU NÃO ACEITO ISSO NA MINHA CASA-- grita mamãe puxando o celular da mão de papai.

Olhava tudo perplexa, eu não acreditava que papai era capaz de trair minha mãe, afinal de contas sem ela, ele nem estaria onde esta. Ele deve muito à ela.

--Eu não estou te traindo-- papai garantiu e os soluços de mamãe ecoaram pela cozinha.

Corro até sua cadeira e a abraço. Ela não gostava de tanta intimidade mas eu sabia que ela precisava de alguém a apoiando. Olha para meu pai e ele continua a mexer no celular.

--Vocês vão trabalhar ?-- falo a primeira coisa que vem em minha mente, so não queria que eles ficassem calados o café inteiro.

--Que pergunta idiota-- papai murmura e eu me encolho.

--Coma logo, não posso me atrasar-- mamãe fala se levantando da mesa e andando em passos duros em direção a garagem.

Engulo sem nem ao menos saborear os pequenos cookies que Mary havia feito, eu me levanto e corro ate meu quarto para buscar minha mochila.

As brigas entre papai e mamãe haviam se tornado mais comuns, eu não achava necessário eles brigarem sempre, mas eu não tinha que achar absolutamente nada.

Me olho no espelho e arrumo minha blusa, respiro fundo e repito para mim mesma que tudo correria bem. Desço as escadas correndo e logo paro para tomar um ar, aquelas escadas me cansavam. Mamãe ja me esperava no carro, provavelmente impaciente como sempre.

--Você precisa aprender a dirigir seu carro, não posso me atrasar só porque você não consegue se sentir bem com suas roupas-- mamãe diz rude descontando seus problemas em mim, como sempre.

--Desculpe-- peço encostando a cabeça na janela do carro.

Precisava a falar sobre meu almoço com Nate mas não podia simplesmente dizer que iria sair com ele, ela não me deixaria ir nem por um milhão de reais.

--Mãe, se importaria se eu fosse almoçar com as meninas hoje no Pop's ?-- minto insegura e mamãe me olha de rabo de olho.

--A comida do Pop's é muito gordurosa, não quero uma filha obesa-- mamãe fala prestando atenção no carro e eu sinto vontade de chorar.

Ela me queria em seu padrão sempre, se eu saísse um pouco sequer da linha ela possivelmente me bateria até eu aprender a fazer como ela manda.

--Eu não como, eu só quero ir com elas, sinto falta de poder ficar com elas-- minto mais uma vez e mamãe bufa.

--Se ficar uma obesa saiba que seus treinos aumentaram ainda mais-- mamãe fala por fim e eu abro um sorriso.

--Você é a melhor-- e a única que eu conheço.

Mamãe me dá um meio sorriso e logo o fecha assim que chegamos na porta da escola.

--Pode ir na frente-- falo fingindo arrumar algo em minha mochila.

--Não sei porque ainda insiste em esconder que é minha filha-- ela diz saindo do carro.

Se dependesse de mim ninguém nunca saberia que eu era filha da diretora daquele maldito colégio. Se as pessoas não gostavam de mim sem saber quem era minha mãe, imagina se soubessem.

Assim que não vejo mais sinal de mamãe, eu saio do carro e caminho em passos rápidos para dentro do colégio.

Sinto uma mão me puxar e logo solto um grito de susto. Olho com os olhos arregalados para Nate que ria de minha situação.

--Quer me matar do coração ?-- pergunto indignada colocando a mão no mesmo.

--Não sem antes te levar para almoçar-- Nate fala me lembrando de nosso encontro e eu coro --Ainda vamos ne !?.

--Claro-- respondo tentando mostrar indiferença mas eu sabia que meus olhos estavam brilhando.

--Então tá bom, depois a gente se fala-- Nate diz me dando as costas.

O garoto acende um cigarro e logo chama Ana para seu lado. Nada contra ela, mas nada a favor.

Respiro fundo e sigo de cabeça baixa até meu armário. Não queria ver Nate se atracando com outras garotas.

--Ei Holly, melhor olhar por onde anda-- Stassie fala me dando um empurrão e eu caio de bunda no chão.

Os risos das amigas de Stassie ecoam pelo corredor e logo todos olham para mim. Meus olhos lacrimejam mas eu logo me proíbo de chorar, não iria mostrar fraqueza na frente delas. Levanto no chão e ergo minha cabeça.

--Apartir de agora eu vou olhar bem por onde ando, afinal de contas não sabia que estava em um cio-- falo dando as costas para as quatro garotas.

Analicia era uma delas. Infelizmente eu, Oly, Kenzie e Lolla sempre sofremos nas mãos de Stassie, Madison, Tihan e Analicia. Antes eram apenas provocações básicas mas agora parece que elas querem nossas cabeças em um prato enorme. Não fazia sentido o que elas faziam com nós quatro, nunca fizemos nada com elas. Pensar que Analicia poderia me destruir com apenas um estalar de dedos me fazia estremecer, aquela garota era o dobro do meu tamanho, e tinha o dobro de experiência na questão: briga.

Chego no banheiro e entro na primeira cabine que encontro vazia. Eram muitas coisas em minha mente. Eu não conseguia suportar tudo aquilo, era demais para alguém que viveu debaixo das asas da mãe.

--Holly ? Você está aqui ?-- escuto a voz de Lolla e logo solto um "sim" com a voz trêmula --Se importaria de abrir ?.

Assim que eu abro a porta a garota me puxa para um abraço. Era bom saber que eu tinha com quem contar mesmo sendo fraca. Era bom saber que eu as tinha para me ajudar.


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Sai mais cap hoje se Deus quiser !!!

Honest || Nathan MaloleyOnde histórias criam vida. Descubra agora