Carlos Eduardo - Finalmente pude tirar a venda

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Quando finalmente pude tirar a venda, percebi que estava no quarto de uma casa. Eu não teria como saber onde. Talvez, afastado da cidade, pois eu ouvia toda uma fauna local que ia de bem-te-vis a marrecos.

Eu estava preso por correntes. Mas, pelo menos havia um banheiro e dois pães com ovo e uma jarra de suco de goiaba. Depois de quase dois dias sem comer, não sobrou migalha ou gota para contar história.

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Carlos Henrique - Recebi uma ligação do delegado

─ Pessoal, recebi uma ligação do delegado Talleires. – Meu pai, minha mãe e Bruna foram logo me cercando assim que cheguei em casa. Estava sendo difícil administrar as minhas casas de longe, mas eu tinha uma equipe boa. Nesta semana, eu e papai dividimos responsabilidades com a Atmosfera de Kadu. Além disso, eu cuidava da polícia, ele cuidava das mulheres, pois tanto mamãe quanto Bruna exigiam atenção extra. Portanto, eu estava mais do que feliz com a notícia e queria passá-la o mais rápido possível. Estava chegando o fim desse pesadelo. – Ele acha que encontraram o cativeiro. Estão preparando tudo para uma operação amanhã.

─ Eu quero ir. – Bruna foi a primeira a pedir.

─ Ninguém vai acompanhar a polícia, Bruna. – Expliquei. – Muito provavelmente, haverá troca de tiros. Nós seremos alvo fácil. É melhor para a nossa segurança e a de Kadu que nós deixemos a polícia trabalhar em paz. A gente esperará na delegacia. Além disso, - continuei lembrando a ela a importância do seu papel na trama toda – amanhã é a final do programa. É ao vivo. Imagino que sua mãe e o namorado, sem saber que vamos dar o bote, estarão bem juntinhos com a vizinhança inteira para ver você vencer o Dança das Celebridades, já que você é a franca favorita.

─ Eu não vou. Eu quero ver Kadu. – Ela tinha melhorado demais durante a semana. Chegara aqui em choque, sem entender nada e sem lembrar sequer se almoçou. Era incrível estar tão consciente assim. Devia ser dessas pessoas acostumadas a levar trancos da vida.

─ Todos nós queremos, Bruna. – Pela primeira vez, Dona Débora usou um tom de voz carinhoso para falar com a namorada do meu irmão. Será que tinham se entendido? – Mas você tem essa missão de manter as aparências mais um pouco. Se você não for, a emissora fará chamadas sobre a sua desistência na programação. E sua mãe talvez perceba que algo deu errado, talvez tenham tempo de fugir. Ou pior, tomar uma atitude precipitada. Não, Bruna, não podemos deixar tudo ir por água abaixo. Kadu pode não resistir a isso. – Os olhos de mamãe se encheram de lágrimas e os meus também. – Você precisa fazer isso, por ele.

─ Ok. Eu vou. – Bruna não hesitou nem um momento em fazer o certo.

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Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora