Bruna - Acordei cedo

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Acordei cedo e Seu Vitório foi me deixar na emissora. Vi em seus olhos o carinho que sentia por mim quando me desejou boa sorte. Senti vontade de abraçá-lo. Não me contive. Ele ficou sem jeito, mas retribuiu.

Certa vez, eu pensei como deveria ser bom ter uma família estruturada como a de Kadu. Agora, eu tinha a mais absoluta certeza de que era fundamental. Sem eles, eu teria sucumbido a essa semana. Cada um lidou com um aspecto do problema do sequestro de Kadu, as empresas, a crise da namorada, a imprensa, a polícia. Sem julgar ou questionar as fragilidades dos outros. Tudo de forma muito natural.

Era a minha vez de fazer a minha parte.

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Carlos Eduardo - Foi tudo extremamente rápido

Foi tudo extremamente rápido. Percebi uma movimentação estranha. Barulho de carro e vozes. Depois, uma troca de tiros. Eu me encolhi no canto que considerei mais seguro, sem ter muitas outras opções de defesa. Em questão de minutos, um policial arrobava a porta do quarto onde eu estava. Demorei até a entender o que estava acontecendo.

O Delegado Talleires entrou logo em seguida com um sorriso bonachão e conversou comigo enquanto um grupo tentava me soltar das correntes. Só então percebi o quanto estava fraco, pois precisei de ajuda para levantar.

Nem vi a cara das pessoas que me mantinham em cativeiro. Mas lembro de ficar feliz com a sensação do sol na minha pele depois de tantos dias de escuridão, mesmo sentindo certa tontura pela luminosidade.

Fui levado de ambulância até a delegacia. Ao que parece, em um primeiro exame, não havia nada de mais grave comigo. Apenas uma desidratação. Tomei pelo menos um litro de soro no percurso. E fome. Muita fome. Eles me ofereceram um sanduíche de queijo e umas bolachinhas de leite. Comi tudo. Ganhei vida nova.

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Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora