Por Onde Andei

Bruna - Alô, madrinha

─ Alô, madrinha. – Ela me ligou quando passava um pouco mais de meia hora da hora do almoço.

─ Bruna, minha querida, está o maior rebuliço aqui na comunidade. – Minha madrinha não era de fazer fofoca, mas gostava de me deixar informada. – A gente estava arrumando a praça para torcer por você, quando a polícia chega e dá voz de prisão para sua mãe e Nico da Jurema.

─ Eu sei, tia. – Respirei fundo. Tinha vontade de chorar todas as vezes em que pensava no absurdo dessa situação. Ao ponto em que ela chegara. – Queria ter te avisado antes, mas quanto menos gente envolvida nessa história seria melhor. Minha mãe e o namorado são acusados do rapto de Kadu.

─ Não acredito. – Dava para perceber que Liduína ficara sem fala, chocada com a notícia.

─ Pois é... Fui eu quem os denunciei. – Fiz força para segurar o choro e não borrar a base da maquiagem que já tinha sido feita. – Agora não tem mais jeito, tia. Ela vai pagar na prisão.

─ Ô Bruninha! – Lamentou. – Imagino como você está se sentindo. Você não merece uma mãe dessas. Não merece mesmo.

─ Pelo menos, esse é um sinal de que o pesadelo do rapto de Kadu está chegando ao fim.

─ Já o encontraram?

─ Espero que sim. Mas ainda não recebi notícias. Estou aqui esperando esse programa idiota começar.

─ Pois fique aí, viu? – Ela me alertou com um tom de autoridade na voz. – Você está segura aí. Nico da Jurema é um homem esperto. Além de poderoso. Não duvido que tenha desconfiado dessa possibilidade de você conseguir ligar os pontos em algum momento. Pode ter colocado alguém de olho em você. Na televisão, ninguém vai ter coragem de fazer nada contigo.

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