61 - Garras do Mal

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Tirei meu chinelo e Mark descalçou o tênis, eu subi primeiro e logo depois Mark subiu também, a cama não era gigantesca, mas cabia nós dois confortavelmente. Eu joguei alguns dos meus montes de travesseiros (é que eu durmo com um monte com medo de se sobrar espaço na cama e o capiroto aparecer e deitar do meu lado, por isso eu sempre durmo com no mínimo seis travesseiros) na cama do BamBam e puxei as cobertas pra cima do meu corpo, eu já estava com meu "pijama" mesmo, uma calça jeans e uma regata e então bastava apenas dormir.
Eu estava do lado da cama que dava pra parede, então se Mark tentasse alguma coisa eu poderia chuta-lo e ele cairia do beliche, direto pro chão. Ele se acomodou se cobrindo também e então me lembrei que tinha que apagar a luz. Bufei e me sentei na cama.
- O que foi? - Perguntou ele e eu o encarei por um instante sentindo uma enorme vontade de bocejar.
- Nada, eu só vou apagar a luz. - Falei e então engatinhei até os pés da cama, parecia que tinha mais um travesseiro por ali, mas esse eu não tirei da cama, por mais que fosse pequeno, eu não ia correr o risco de tirar ele dos pés da cama, vai que o capiroto tenta puxar meus pés, o ideal é que o travesseiro bloqueie uma coisa dessas. Preguiçosamente eu apaguei a luz e voltei pro meu cantinho, eu já podia sentir o sono me embalando. Puxei as cobertas até a altura dos ombros e fechei os olhos, Mark estava quieto e imóvel. Mas eu me senti desconfortável, é que eu sempre durmo com um travesseiro e agora sem ele eu não consigo dormir. Acho que vou pedir pro Mark pegar um dos travesseiros na cama do BamBam pra mim.
- Mark... - Chamei e escutei sua respiração.
- Hum...? - Ele murmurou e eu mordi meu lábio apreensiva, será que eu to perturbando ele?
- Mark você já dormiu? - Perguntei, eu ainda conseguia ouvir a respiração calma dele.
- Não. O que foi agora? - Perguntou, estava com sono, mas no seu tom de voz eu conseguia perceber um pouco de atenciosidade.
- É que eu sempre durmo abraçada com um travesseiro. Você poderia... - Antes que eu terminasse de falar senti Mark colocar as mãos nas minhas costas e me puxar pra perto dele. Acho que ele me entendeu errado, eu não ia pedir pra ele me abraçar, eu ia pedir pra ele me dar um travesseiro!!!
- Está confortável? - Perguntou ele contra o meu rosto e eu respirei fundo, meu coração disparou. Eu estava confortável, eu só estava morrendo de vergonha pelo mal entendido. Bem no fim eu me limitei a agradecer. Eu já estava dormindo na mesma cama que ele mesmo, que diferença ia fazer se estivessemos abraçados?
- Estou, obrigada. - Respondi num sussurro e depois de passar minha mão sobre o corpo dele, o abraçando eu fechei os olhos, pronta pra dormir aninhada em seu peito. Estava tudo bem, pelo menos até eu sentir alguma coisa arranhar meu pé.

- Mallya on-

Algo se chocou contra o meu corpo, logo depois percebi que estava dentro d'água, eu abri os olhos e começaram a arder por causa do sal, mas eu conseguia suportar e então começei a bater os braços e as pernas pra tentar ir pra cima, eu estava atônita com tudo ao redor, em cima eu conseguia ver a água balançando revoltada, mas não imaginei o que poderia me aguardar do lado de fora da água. Quando emergi uma onda agressiva me atingiu, eu mal havia conseguido ar e já tinha sido arrastada por outra onda pra baixo d'água de novo. Eu entendi o que aconteceu, o que tinha me tirado dos braços do Tae, as ondas estavam mais altas que o normal, fora da água ocorria uma tempestade. Por isso fomos separados. Por isso eu cai.
Me debati com insistência até conseguir voltar a nadar, o vestido estava me atrapalhando, e mesmo assim eu estava tentando voltar pra cima, mas algo me fez parar no meio do caminho, na verdade alguém.
Tinha uma mulher debaixo d'água, estava nadando na minha direção, mais rápido do que uma pessoa normal poderia. E quando ela se aproximou eu vi o que ela era, ficando deslumbrada por saber.
Uma sereia, sua calda era arroxeada, algumas partes mais escuras que as outras e brilhante, ela era linda. Tanto quanto a mulher que a tinha. Ela me alcançou na água, me fazendo lembrar de diversas coisas da minha infância, até mesmo o primeiro desenho que eu assisti junto com a Alícia. Sereias são reais.
Eu estava fascinada, eu queria poder tocar nela, e meu desejo foi atendido, como se tivesse lido a minha mente, a sereia se aproximou de mim, os cabelos flutuando calmamente na água revoltada, e ela me segurou pelas mãos e me puxou pra cima. Nadando e me levando consigo para a superfície. Eu já tinha perdido a noção de quanto tempo não respirava, mas eu não estava incomodada com isso, estava incrédula demais pra me lembrar que precisava de ar.
Quando chegamos na superfície eu comecei a tocir, as ondas não estavam mais ao meu alcance, haviam passado e por mais que outras ondas estivessem se aproximando, a sereia estava me segurando, como se estivesse me protegendo de ser mergulhada de novo.

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