Perigo

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  Ela tropeçava pela rua em meio a passos largos e rápidos, com seu vestido curto e largo, lançando seu corpo para frente e para o lado, impulsionando velocidade, para sair o mais rápido possível daquela rodovia que estava deserta àquela hora da madrugada. Os garotos corriam mais do que ela, mesmo com suas pernas esqueléticas e desnutridas. Carregavam porretes e facões em suas mãos, enquanto gritavam "volta aqui, gatinha" para a jovem garota.

  Não havia ninguém na rua, a cidade era extremamente pequena e escura a noite. Havia perdido seu celular em algum lugar e nenhum orelhão se encontrava pela estrada. Todos os habitantes estavam dormindo. Laura pensou consigo mesma "É culpa sua! Você causou isso a si mesma! Não precisava ter ido a uma festa no meio da noite. Agora esses homens irão te matar, imbecil". Enquanto suas pernas alcançavam uma velocidade menor a cada passo dado, sua respiração ofegante piorava, gotas de suor escorrendo pela testa, nuca e todo o seu corpo.

  Se deparou com uma rua sem saída. Apenas muros altos que não davam para escalar. E os garotos chegavam, com sorrisos maliciosos estampados em seus rostos. Eles estavam em dois, aparentavam ter entre 20 a 25 anos. Suas barbas malfeitas, seus olhos vermelhos, suas roupas sujas e o modo como se aproximavam de Laura, como se fossem animais, fazia os ossos dela tremerem, rangerem e doerem.

  Seu cérebro parecia queimar, na tentativa de achar uma escapatória. A adrenalina percorria o seu corpo junto ao sangue. E então eles chegaram perto, com seus facões e porretes. Se achavam destemidos e impossíveis de vencer. Eles tocaram no rosto de Laura, com suas mãos que fediam a mijo e ferrugem. Na verdade, Laura percebeu que eles por completo fediam a mijo e ferrugem.

  Um era mais alto que o outro, e o mais baixo encostou a ponta do facão na vagina de Laura, que resmungou pedindo para pararem. Toda aquela situação era tão amedrontadora e doentia. Laura nunca havia sentido tanto medo e repulsa em toda a sua vida. E o pior era que sua vida estava apenas começando. Uma menina cheia de sonhos, metas e determinações. Estava na faculdade de direito, a mesma profissão de seu falecido pai. Ela idolatrava ele, amava o modo como ele articulava bem as palavras e como ele podia convencer qualquer tipo de pessoa de que as suas opiniões eram coerentes e as certas. Ele era um manipulador da linguagem, e utilizava isso tão bem na profissão. Ela queria ser como ele, mas naquela noite, ela era apenas uma garota indefesa, com medo e em perigo. Sem ninguém para ajudá-la.

  Os dois pegaram ela pela cintura e a jogaram brutalmente sobre o asfalto úmido de chuva, fazendo sua costela e cotovelos chocarem contra o chão, causando uma dor imensa na espinha dorsal de Laura, que no mesmo instante gritou.

  - Cale essa boquinha, boneca. – Ordenou o mais alto – Não aguenta um tranco? – Ele colocou as suas duas pernas em volta de Laura, que continuava no chão. Ele continuou em pé, e começou a tirar o cinto de sua calça. Nesse momento Laura começou a rezar, talvez não só para Deus, mas para tudo que pudesse interceder por ela. Ela estava desesperada e impotente. Seus ossos estavam tão fracos e frágeis. Ela se sentia morta. - segure ela, Paulo!

  - Já vamos começar? – Perguntou o mais baixo com um sorriso em seu rosto. Laura havia ouvido o mais alto chamá-lo de Paulo, e se perguntou se eles seriam burros o bastante para dizerem seus nomes verdadeiros na frente de uma vítima. Se aquele era o nome do mais baixo, então eles não se preocupavam em manter um disfarce, porque Laura não passaria daquela noite para contar. – Estou doido para brincar com essa buceta!

  - Sim, caralho, agora segura essa cadela! – Ordenou novamente.

  Ele arriou suas calças, ainda em pé, e acariciou seu pênis, até que um liquido amarelo veio de encontro ao rosto de Laura. Ele começou a balançar o seu pênis, despejando mijo por todo o corpo de Laura, a deixando completamente ensopada. E Laura manteve sua boca e olhos fechados o momento todo para que a urina não entrasse em contato com eles. Mas por dentro ela queimava. Havia um grito interior, que não se calava, que urrava, como um lobo uivante, como o som do choro de um bebê recém-nascido. Mas não era um choro da vida, era um choro da morte.

  - Minha vez! – Disse Paulo.

  - Não, por favor, eu preciso voltar para casa! Tenham misericórdia! – Laura implorou piedade pela primeira vez para aqueles estupradores.

  - Vou te contar um segredo, garota – Paulo começou a dizer, ainda com um sorrido entre seus lábios – Tente gostar, e não será tão ruim.

  O ódio se apossou de Laura, o medo ficou em segundo plano, e então ela soltou seu pé esquerdo das garras do homem mais alto e chuto as bolas de Paulo com toda as forças que ainda lhe restavam, fazendo ele soltar um berro instantâneo. Ela se desviou deles, e começou a se arrastar pelo asfalto, tentando levantar e correr, mas Paulo a agarrou pelos tornozelos, e ela pensou "O chute não foi tão forte, cacete?". Ele a puxou para perto, arrastando a pele de Laura no asfalto até rasgar. Se agachou, agora sem sorriso ou sarcasmo, apenas uma expressão semelhante a um demônio estampada em seu rosto. Ele rasgou o vestido dela. Foi tão fácil partir o tecido, e quando viu Laura apenas de calcinha e sutiã, por mais que ele estivesse bravo, a sua excitação falou mais alto.

  - Vamos fazer isso logo e depois irmos embora, José? – Enfim o nome do mais alto havia sido revelado, e a hora da morte de Laura chegava mais perto a cada segundo que se passava.

  - Não! – Ele disse, e Paulo o olhou estranho – Essa menina é diferente. Ela é ousada. Acha que é destemida como nós, só porque é branca e provavelmente filhinha de papai. – Laura sentiu seu estômago remoer enquanto sentia o cheiro de urina impregnado em sua pele – Sabe o que fazemos com garotas assim? Ensinamos uma lição. Pegue o facão, Paulo.

  - Claro, amigo. – Concordou.

  Com o facão em suas mãos, ele arrancou a calcinha de Laura, enquanto Paulo pressionava ela no chão para que ela não conseguisse fugir. Ele passou o facão por toda a parte íntima, como se realmente estivesse se divertindo em fazer aquilo.

  - Seria muito bom ter comido você! – E enfim pegou com sua mão firme os lábios vaginais de Laura e com o facão, começou a cerrar até tirá-los por inteiro. Laura não conseguia gritar, estava em choque, paralisada e pálida. Cravando suas unhas no asfalto, pressionando seu corpo no chão, na esperança de se afundar e sumir. De fugir. De não sofrer daquela forma. Ela sentia a lâmina gelada, decepar seus lábios vaginais, enquanto o sangue quente descia por entre suas pernas. "Alguém! Por favor, alguém! Porque eu?!" Ela exclamava mentalmente em meio a agonia e dor.

  Mais um chute, mais uma tentativa, e mais força investida para poder fugir. Sua vagina ardia, mas dessa vez ela se levantou, com suas pernas bambas e fraquejadas. Ela estava em seu pior estado. Mas correu, enquanto sentia a pele de sua vagina, ou o que havia sobrado, raspar uma na outra, causando ainda mais ardência. José lançou o facão em direção dela, na intuição de perfurar suas costas e ela cair no chão morta antes que conseguisse fugir.

  Laura conseguiu desviar. Ela persistiu, enquanto ouvia eles também correrem atrás dela. Novamente ela estava sendo perseguida, mas dessa vez ela não deixaria que eles voltassem a tocar nela, disso ela estava certa. Então virou a rua, ainda com o som dos passos apressados dos homens atrás dela. Viu uma entrada para o bueiro no chão, e se agachou. Ela puxou forças de sua alma, e levantou aquela tampa pesada até que desse para ela entrar. Apenas de sutiã, descalça e com frio, cheirando a mijo e sangrando, ela adentrou o bueiro, e fechou a tampa antes que os perseguidores a vissem.

  - Onde está aquela vagabunda? – Laura ouviu a voz de Paulo – Se ela conseguir fugir, José... nós estamos fodidos.

  - É só seguir a marca do sangue, caralho! – José exclamou.

  - Onde está a marca de sangue então, porra?

  - Eu não sei, era para ela estar sangrando litros!

  Laura olhou para sua vagina, e realmente não estava sangrando, então ela apalpou e um esguicho de sangue foi lançado por todo o esgoto. Ela tampou a mão com a boca para não gritar, mas a dor era penetrante. Estava a consumindo.

  - Onde ela estiver, nós vamos a encontrar, e nós vamos ficar de tocais a madrugada inteira se precisar, mas aquela vadia não vai sair dessa! – Disse José com sua entonação de voz convicta.


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