O fim das chuvas de gliter

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Apesar de tudo parecer normal nada estava no lugar certo. Há dois anos me tornei uma "mocinha" e era obrigada a ser como tal, não que eu gostasse de ser a queridinha do papai, mas quanto mais conhecia o mundo menos queria viver dentro dele.

Minhas descobertas fúteis e supérfluas me mostraram tudo que é necessário pra sobreviver nessa droga de mundinho superficial, onde as pessoas querem ser o que não são, fazer o que é imposposto por um padrão estúpido universal e ser "felizes", só não consigo entender como pode haver felicidade nessas babozeiras, pra falar a verdade isso me dá nojo.

Se bem que ainda não posso falar sobre decepções de forma concreta, pois a única coisa que me decepcionou até hoje foi uma paixonite platônica por um garoto nada interessante e quando lembro disso só fasso rir então isso não conta como experiência.

Lembro da minha ansiosidade na noite da minha festa de quinze anos. À caminho do salão as luzes da cidade através das janelas do carro pareciam dançar em reverência a mim. Eu imaginava todos os meus amigos me esperando com euforia e a cerimônia tão emocionante com meus pais não se contendo de tanta emoção.

Minha mãe encostou o carro repetindo todas as instruções já reinformadas várias vezes durante o dia.

-Vai direto pra entrada de serviço, o camarim fica na porta azul no fim do corredor e é lá que você vai se trocar está bem meu amor?

-Está bem mãe. Falei sorrindo sarcasticamente abrindo a porta do carro.

-Não se preocupe porque sua tia está lá dentro esperando pra ajudar você a se arrumar, e enquanto isso vou estar na recepção junto com seu pai e... Interrompi.

-Já sei: "...vai rápido que nós chegamos um pouco (muito) atrasadas." Falei fechando a porta do carro.

Me dirigi ao camarim com certa pressa, até cheguei a enxergar um vulto levemente familiar no corredor, mas nem fiz questão. Abrindo a porta me deparei com o semblante de preocupação da minha tia que gritava no mudo "estamos atrazadas".

-Onde você estava? Perguntou ela mudando o tom de preocupação para um leve tom de deboche.

-O trânsito não tem culpa. Falei com ironia

-Esqueça os problemas e sente - se aqui meu bem.

-Nem sei o que significa essa palavra. Falei sorrindo.

Enquanto me arrumava ficava imaginando como seria o futuro, pois aquelas questões de liberdade e mudanças me deixavam bem confusa, tudo tão incerto. Aquele medo da casinha de boneca se tornar uma mansão assombrada.

Mas o que fazer? Meter a cara no mundo?

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⏰ Última atualização: Mar 07, 2018 ⏰

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