Amantes

Seguindo as regras

DESDE QUE começou a se envolver com mulheres, Demi sempre soube como lidar com elas. Talvez porque tivesse irmãs, muitas primas e pais com um casamento sincero e amoroso, no qual ninguém tentava dominar o controle. Talvez porque houvesse um monte de meninas atrás dela desde atingira a puberdade. Talvez ela simplesmente tivesse nascido com o gene certo.

O ponto era que ela fora muito segura quando se tratava de mulheres. E sempre percebia quando havia alguma interessada ou não, sendo capazes de medir se estava sendo precipitada demais, ou se tinha dormido no ponto. Ela determinava o ritmo, guiava a dança, dava os passos certos na hora certa. Até agora. Até ela. Até Selena. Selena a virara do avesso, a colocara de cabeça para baixo, sem saber o que fazer ou dizer em seguida. Ela não sabia se era para resistir ou insistir. Parte dela desejava que ela nunca tivesse aparecido na casa de do sr. Gomez, e outra parte temia pelo dia em que ela iria embora.

– Deus, que bagunça – murmurou ela naquela noite quando terminou de fazer o inventário na adega. Não tinha sequer percebido que havia uma na casa até hoje, quando fora visitar o sr. Gomez no centro fisioterápico. Ela ficou vigiando até Selena sair do quarto, indo até o refeitório para almoçar, e depois passou lá, evitando encontrá-la depois do que acontecera naquela manhã. Ficar cara a cara com ela teria sido mais do que seu coração poderia aguentar, até mesmo horas depois que ela exibiu o pequeno bumbum nu enquanto marchava escadas acima.

Não, não tinha nada de pequeno. Redondinho, macio, perfeito. Do tamanho certinho para caber nas mãos dela, ou para bater em sua pélvis quando ela a possuísse por trás, do jeito que ficou morrendo de vontade de fazer quando ficou observando Selena requebrar de volta ao quarto.

Ela engoliu em seco, desejando não ter pensado nisso outra vez. Ela conseguira evitar de pensar nela durante a maior parte do dia, mas agora as imagens fluíam. Ela estava novamente dominada pela lembrança daquele bumbum nu lindo que ela mostrara de relance enquanto subia as escadas. Ela desconfiava que iria continuar tendo aquela visão por um longo tempo, toda vez que ela fechasse os olhos.

– Você é uma completa idiota – murmurou Demi para si. – Foi você quem insistiu para que ela subisse as escadas enquanto você ficava lá, como o cão de Pavlov, se afogando na própria baba.

Mas Selena merecia o crédito: ela tentara avisá-la. Não, Selena não dissera abertamente o que ia acontecer se ela ficasse olhando – que estava prestes a fazer uma exibiçãozinha gratuita capaz de deixar ela de joelhos. E ela desconfiava a própria teimosia tivesse inspirado a de Selena. Ainda assim, não tinha certeza se um dia seria capaz de perdoá-la por mostrar a Demi o que ela poderia ter tido, só para causar seu mau humor e o desejo de se punir por não ter reivindicado o que queria de fato. Ser nobre era muito bonitinho e coisa e tal, mas se era para render dor nos testículos, ela preferia ser egoísta.

– Chega – repreendeu a si, tentando retomar o foco para a tarefa em mãos. A adega. Ela ainda não podia acreditar existia, ou que tinha tantas garrafas.

O sr. Gomez tinha encontrado um tesouro no porão pouco antes de seu acidente, um tesouro queelae nem tinha percebido haver ali até começar a testar as chaves nos cômodos trancados. Foi por isso que ele descera os degraus da varanda correndo, para encontrar Demi. Pretendia lhe mostrar o espaço e solicitar ajuda para fazer o inventário.

Agora que aparentemente o sr. Gomez ia passar um tempinho sem poder subir escadas, Demi prometera começar o inventário da adega. O sr concordara com gratidão, dizendo-lhe para servir-se de qualquer coisa que encontrasse… a menos que valesse o mesmo que o resgate de um rei, e nesse caso ele iria precisar do valor para suas despesas médicas.

Ela  ainda não tinha pensado nisso, mas agora que seu patrão havia tocado no assunto, Demi  não conseguia evitar a preocupação com o assunto. O sr tinha torrado suas economias ali na vinícola. Deus, ela esperava que o acidente não levasse o sujeito à falência.