Terras Paralelas

Capítulo 28

Os poucos telões nas avenidas da cidade de Godwana exibia a assustadora notícia do ataque zumbi. Algo foi inesperado para a cidade futurista. Claro que o governo não tinha um plano de contenção, pois algo do tipo jamais havia acontecido naquela cidade. Ou no mundo.

Abdiel, Shadow, TW e Light Yagami estão trancafiados no quarto futurista em que o príncipe esteve nos últimos meses. A parede de vidro revela dezenas de zumbis andarilhando de um lado para outro. Vez ou outra eles se atiram contra a parede esperando rompê-la para obterem carne fresca. Eles estão assustados e preocupados com quem está do lado de fora da segurança daquele quarto.

Aonde, por exemplo, estaria Sheldon?

As ruas viraram um caos. Tudo o que se vê são ruas vazias com zumbis procurando pessoas sãs para morder. As famílias sobreviventes se trancaram em suas casas cobrindo suas portas com o máximo de objetos possíveis e se escondendo em seus quartos. Aparentemente os zumbis não possuem força o suficiente para arrombarem portas e janelas.

Pais de família que estavam se deslocando para o trabalho acabaram sendo convertidos em mortos-vivos, o que causou profunda tristeza e medo em suas famílias. Eles se trancam em seus quartos enquanto observam seus pais ou maridos zumbificados, parecidos mortos, mas antes estivessem, pois dariam menos trabalho.

Na sala de reuniões que outrora era o quarto de Yagami os cientistas decidem o que fazer para resolver a situação. Por que o experimento deu certo com TW, mas não com Rose? Será que foi um erro ter reciclado o corpo da rainha em vez de criar um novo como fizeram com o rei? Essas perguntas não poderiam ser respondidas agora, pois os cientistas estavam muito ocupados pensando em uma maneira de lidar com a situação. Não faltaram acusações contra Abdiel pois, direta ou indiretamente, foi ele que causou o furdúncio mortal que ronda Godwana inteira. TW o agradeceria, mas a situação se mostrava negativa. O que trouxe benefícios também levou uma onda de destruição em massa que tende a crescer.

Em pouco tempo haverá escassez de comida e água. Famílias inteiras estarão trancadas sem poder ir ao supermercado preencher a dispensa, pois, mesmo em estando eles no ano de 2101, não podem se teleportar ou fazer algo do tipo, e não podem se transportar sem que corram perigo.

Pensando em diversas maneiras, Shadow finalmente pensa em uma maneira de combater os zumbis.

Os AGAPes são geneticamente modificados. Aparentemente os animais não são afetados pelo vírus. Os zumbis sequer sentem interesse por eles. Com os AGAPes pode não ser diferente. Sem falar que eles podem ser adestrados para proteger a população. Esse é o plano de Shadow.

Parece algo bastante arriscado, pois os AGAPes estão cerrados em uma sala onde são cuidados de acordo com suas características. Para serem liberados, tal qual como ocorreu com o ataque de dinossauros, é necessário que as portas que os separam do mundo externo sejam abertas, ação realizada quando se aperta um botão próximo à sala.

Tanto o botão quanto a sala estão afastadas do quarto onde os cientistas estão trancados. Seria necessário que alguém conseguisse fugir dos zumbis para conseguir ativar o botão que é a esperança da humanidade. Um deles deveria sair, enfrentar os zumbis e ativar o botão. Outro problema é que esse mesmo voluntário poderia ser mordido no meio do caminho e não atingir seu objetivo, sacrificando-se em vão.

TW não iria, pois havia acabado de reviver e não morreria de novo. Yagami também está fora de questão. Aliás, ancestral algum poderia ir, pois nenhum deles sabia como encontrar o botão. Quem deveria ir é um dos cientistas. Abdiel, sentindo-se culpado, decidiu se voluntariar e, apesar das recusas iniciais, foi-se.

Como não havia arma alguma na sala para que ele pudesse se proteger, o cientista teve que partir utilizando-se de todo seu conhecimento sobre o mapa da base. Pela primeira vez viu necessidade de usar suas pernas ágeis, mas nunca dantes utilizadas, afinal os zumbis não são tão rápidos assim.

Deveria haver uma maneira de dispersar os zumbis que se encontram na porta. Graças a um sistema de segurança instalada na porta de todos os cômodos da base, uma fumaça foi liberada através de um dispositivo encontrado dentro do quarto. A fumaça é capaz de causar reações alérgicas a suas vítimas, tanto seres humanos quanto animais. Isso não seria o suficiente para expulsar os zumbis, pois eles já estão praticamente mortos e não se importariam com reações alérgicas. A fumaça, porém, possui outro efeito. Ela oculta cheiros. Os zumbis pararam de sentir o cheiro das pessoas que estão ali e simplesmente foram embora, liberando caminho para Abdiel que infelizmente não podia trazer um pouco da fumaça em seu corpo por causa dos efeitos.

Seu objetivo é único. Ele deveria tentar realizá-lo e, acima de tudo, sobreviver.

Correu como se estivesse sendo perseguido por um guepardo, desviando de locais onde havia aglomerados de zumbis. Cada vez que prosseguia, mais mortos-vivos apareciam e se uniam para atacá-lo.

Próximo ao botão, alguns degraus o levariam até o clique que salvaria a cidade. Ao estender a mão para acionar o mecanismo, seu outro braço foi agarrado por um dos zumbis. Eles podem não ser rápidos e ágeis, mas são extremamente fortes. Abdiel é mordido e coberto pelos mortos-vivos, ficando visível apenas sua mão que consegue tocar no botão antes de desaparecer completamente.

Assim que recebe a notificação em seu aparelho, Shadow, responsável pelos AGAPes, fica aliviado. Não só ele como os demais presentes. Com o mesmo aparelho, Shadow enviou comandos às criaturas para que elas caçassem e exterminassem somente os zumbis, e assim eles fizeram.

Famílias que se encontravam escondidas em suas casas viram animais de grande porte devorarem os mortos-vivos, liberando assim a passagem.

†

Há uma formação rochosa no centro da praia. Ela é alta o suficiente para permitir que quem esteja ali fique em segurança. Sendo assim, os piratas e os vikings restantes se acolheram no alto da formação enquanto os zumbis andavam vorazes em sua direção.

As rochas porém começaram a se romper a medida que os mortos-vivos avançavam. A formação é muito frágil e não está suportando o peso das pessoas. Um dos piratas acaba por aí e rapidamente seu corpo é levado pelos zumbis.

Fernanda está preocupada, agarrada ao seu namorado. Mais uma rocha se rompe levando consigo um viking desta vez. A valquíria tenta ajudá-los e acaba caindo também. Ambos acabam desaparecendo no mar de zumbis.

Todos vão descendo as rochas a medida que elas vão se rompendo. Isso os aproxima cada vez mais dos monstros. Estão próximos o suficiente para que um deles agarre a perna de Hannah. Erik tenta puxá-la de volta, mas os zumbis parecem ser mais fortes. O viking consegue puxá-la de volta, mas a força utilizada foi tanta que ele acaba por se desequilibrar e cai no meio dos zumbis. Hannah grita seu nome, mas só consegue ouvir seus gritos agoniantes antes de serem cessados. Vladimir lamenta. Naquele momento ele e Senhor Carlos são os últimos vikings.

O monopigmeu consegue matar alguns zumbis, o que mostra o quanto ele é imune ao vírus. Porém há uma quantidade absurda de mortos-vivos que ele sozinho não consegue dar conta. Hannah lamenta a morte de seu novo namorado, mas não tem tempo de chorar, pois todos estão concentrados em sobreviver.

Mais um pirata cai para sua morte antes de outros AGAPes surgirem para auxiliarem o monopigmeu. Em poucos minutos os zumbis foram exterminados, restando pilhas de mortos espalhados pelo chão. Ancestrais e futuristas estavam entre os corpos. Pôde se ver então o corpo dos piratas e dos vikings pelo chão. Incluindo o corpo de Erik.

Yurik abraça Hannah fortemente para consolá-la. Fernanda decide prosseguir cidade adentro para ver os estragos que o ataque zumbi causou em sua cidade.