DROWNING.

1. over

Tudo está a rodar em minha volta. Cheiro de cigarro e bebidas infestam o local. Homens de terno, fazendo voar dinheiro nas mulheres que dançam em cima do poledance. Sinto mãos passarem por minhas pernas cobertas apenas pelas meias 7/8 que estou a usar.

bom, mais um dia nesse inferno. mais um dia nessa merda que eu chamo de vida.

Sinto minha pernas doloridas demonstrando meu cansaço por estar a trabalhar a 5 horas seguidas sem algum descanso. Decido ir até uma espécie de camarim que havia naquele local. Ao entrar, caminho vagarosamente até o grande espelho apoiado na parede a cima da mesa.

Sinto todo o meu corpo formigar, sorrio largamente ao sentir a dormência involuntariamente mordendo meu lábio inferior. Ao passar alguns anos ingerindo tal substância, esta havia virado minha sensação favorita.

Observo meu reflexo ao espelho, meu corpo veste uma lingerie vermelha, com uma cinta-liga preta igualmente as meias 7/8 e possuo em meus pés um salto alto preto. Meus longos cabelos castanho claro ondulados caem sob minhas costas.

Dou um pulo assustada ao ouvir a porta abrir violentamente. A pessoa que eu mais odeio em toda minha vida está lá em pé furioso.

-Posso saber o que a princesa está fazendo aqui que não está fazendo o trabalho lhe dado??? Meus clientes estão insatisfeitos pela falta da tua presença!- o homem alto, barrigudo, de cabelos, barbas e bigodes ruivos rosna ao me ver.
-estava cansada e sem a mínima vontade de estar lá-falo diretamente para o homem repugnante em minha frente. Vejo o vir em minha direção rapidamente e sinto suas grandes mãos em meu pescoço a me sufocar e minhas costas baterem contra a parede gelada. Sinto meu rosto ser lançado completamente para o lado pelo estalo que acabo de receber. Instantaneamente sinto uma queimação em minha bochecha, me dando certeza que a mesma ficaria com uma grande vermelhidão. Meu coração batia ferozmente e lágrimas ameaçavam a sair.

-Acho melhor você ir fazer a merda do seu trabalho agora se não, ja sabes o que lhe acontecerá quando chegares em casa-ele rosnou novamente, me fazendo virar meu rosto involuntariamente ao sentir gotas de seu cuspe enquanto ele falava.

Ao sua mão me largar, sinto meu corpo chocar contra o chão e fico um tempo ali largada na mesma posição em que caí, sentindo meu rosto se molhar com as lágrimas que insistiam em descer em meu rosto. Minha bochecha queimava, meu pulmão ardia se recuperando da falta de ar e minha cabeça girava.

Após algum tempo naquela posição, levanto e me pego a me observar no espelho. Vejo as lágrimas de dor e raiva descerem pelo meu rosto e minha bochecha havia um enorme vermelhidão como eu já havia previsto, acaricio sentindo a dor.

Rapidamente limpei as lágrimas insistentes e parei para observar meus lábios que agora estavam cortados e inchados por conta do tapa.

Joguei meu cabelo para o lado onde estava vermelho e respirei fundo, inalando a mistura de oxigênio, nicotina e álcool que era habitual naquele local. Ao abrir a porta, observei aquele lugar em que venho a estar em grande parte das minhas noites à 3 anos. Um grande salão escuro, com algumas luzes para iluminar, mesas redondas com panos pretos e vermelhos. De um lado do salão havia um palco com dois poledance em cada canto onde as mulheres faziam suas apresentações e shows, algumas mesas de jogos ilegais, mulheres nuas ou semi nuas andavam dançando por todo o salão agradando os clientes e ganhando dinheiro. Do outro lado, havia um bar onde minha colega de trabalho, Annelise, estava a servir algumas bebidas. Caminho até Annelise e pego a bandeja que ela havia acabado de preparar.

-O Dimitri parecia com raiva ao sair do camarim, ele te puniu?-a linda menina me pergunta com uma feição preocupada em seu rosto. Annelise era uma menina muito bonita, já tivemos um caso mas nada nunca passou de umas noites de diversão para esquecermos o inferno de lugar em que somos obrigadas a trabalhar, sempre fomos mesmo muito amigas. Annelise era uma menina de longos cabelos pretos lisos e com olhos verdes brilhantes. Ela é mais velha que eu alguns anos porém ainda sim nova, devia ter por volta de seus 19 anos.
Ela era a única pessoa que eu falava naquele lugar repugnante.

-Mais um dia normal em minha vida, fique tranquila que já estou acostumada- disse ao pegar a bandeja cheia de copos de whiskey levando a uma mesa onde havia uns 5 caras além de Dimitri. Servi a mesa e um dos caras me puxou para sentar em seu colo. A seguir tudo acontecera muito rápido, a porta da boate se abriu bruscamente e em instantes homens armados invadiram o local, apreendendo Dimitri.

Policiais.

eles chegaram.

O cara que me fizera sentar em seu colo, me empurrou para o chão, me fazendo colidir contra a quina da cadeira e saiu rapidamente da mesa sendo pego em seguida por um dos policias.

A última cena que vi antes de desmaiar foi Annelise sorrindo com um celular em sua mão. Foi ela.

ela fez isso acabar.

é isto, acabou.

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oiii, vim explicar um pouco sobre a fanfic. O shawn terá sinestesia(um problema neurológico que mais para frente eu explicarei) e ela tem problemas psicológicos causados por tudo que ela viveu.

espero que tenham gostado primeiro capítulo!

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