Único

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Eliza, não vá muito longe, disse sua irmã mais velha, Angelica sempre se preocupou demais.
Eliza não era mais uma criança, nem mesmo a pequena Peggy era mais não pequena.
Era um dia de chuva, Eliza adorava a melancolia de um bom dia de chuva.
Não se precisa chorar em dias de chuva, o céu chora por você, pensou a adolescente.
Ela caminhava e cada passo a sensação de vazio a preenchia de vez.O cheiro de terra molhada fez a menina sorrir.
Ela checou se o moletom cobria os pulsos pela terceira vez e se sentou na lombar da calçada.
-Por cabisbaixa,Eliza?-perguntou uma voz, ela olhou ao redor, mas não havia ninguém-Aqui em embaixo
Vinha do bueiro, era um palhaço, digno de calafrios com certeza, mas ela simplesmente respirou cansada.
-Ótimo, além de inútil estou enlouquecendo-resmungou
-Não fique mal humorada -pediu a criatura-Quer se animar, eu sei como te animar!
Eliza espiou o que aquela coisa estava fazendo, não parecia nada de interessante.
-Quer um balão?-ele diz, ela deu de ombros e esticou o braço pra pegar.
Mas a coisa a puxou e sentiu sua cabeça bater na abertura do bueiro.
Acordou confusa, estava abafado e úmido. Aquilo era o esgoto?
-Venha flutuar com a gente-diz o palhaço-Posso fazer seus problemas ficarem menores
Ele ergueu a mão para ela.
Flutuar, para onde? Eliza pensou.
Talvez para algum lugar que mamãe não pula refeições e papai não bebe tanto?
Eliza fechou os olhos, estendeu a mão.
A criatura pareceu revoltada, não sentia o medo vindo dela, ela parecia aliviada, talvez por saber o destino.
Eliza piscou e sentiu as gotas de chuva, olhou para o céu e uma lágrima caiu, não foi dessa vez.

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⏰ Last updated: Jan 23, 2018 ⏰

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