Ele sorriu e se jogou em cima de mim para me abraçar. Soltei uma leve gargalhada. Sua euforia estava hilária.
— Calma, Andy. — Eu disse com um sorriso no rosto, o empurrando suavemente, para me sentar.
— Desculpa, pequena. — Ele riu e se sentou, tirando o cabelo do rosto.
— Okay, eu sei que somos "almas gêmeas" e tal... Mas você pode não me chamar de pequena?
— Mas você é pequena! — Ele riu de leve, dando de ombros.
— Tá, eu sei, mas para! — Olhei para cima, passando as mãos pelos meus cabelos, deixando risadas discretas escaparem entre minhas palavras.
— Por quê?
— Porque é fofo. Eu me sinto fofa. É um sentimento esquisito, não gosto.—Ele riu, jogando a cabeça para trás e batendo palmas.
— Certo, Cordelia. Parece que eu vou ter que encontrar um novo apelido para você.
— Muita gente me chama de Delia.
— Meh, clichê para você. Quero um que você pode escutar no meio de uma multidão e saber que sou eu quem está te chamando.
— Você é ridículo, Andy. — Ri novamente, balançando a cabeça.
— Sou mesmo. — Ele sorriu e beijou minha testa.
Provavelmente corei. Abaixei a cabeça, discretamente tentando esconder meu rosto com meu cabelo. Comecei a falar para distraí-lo do que eu estava fazendo.
— Bem, fiz uma base pro projeto de filosofia, — Mentira, mas precisava de uma desculpa para desviar de uma situação relativamente desconfortável. —mas eu não fazia a menor ideia de que viríamos para cá depois da aula...— Parei por um segundo. — Ou antes dela começar, então deixei tudo em casa. A gente pode ir lá pegar depois do almoço, é o horário que o meu pai sai para o plantão.
— Eca, Cordelia. Para de pensar na escola por um minuto, você acabou de descobrir uma das maiores coisas da sua vida, aproveita e tira o dia pra se divertir um pouco! Vamos lá, verdade ou consequência?
— O quê?
— Escolhe. Verdade ou consequência?
— Verdade.
— O que você faria se eu não tivesse nada a ver com o triângulo no seu braço?— Ele franziu as sobrancelhas demonstrando seriedade.
Eu não respondi durante alguns segundos, não sabia o que dizer. Eu imediatamente associara a Marca a Andrew quando eu a vi. A possibilidade de não estar relacionado a ele não passou pela minha cabeça. Tinha que ser ele. Era ele. Lá no fundo, inconscientemente, eu sabia que era.
— Você tinha que ter, Andy. Não tinha como ser outra pessoa ou simplesmente o acaso. Minha mente me levou imediatamente a você.— Respondi, vasculhando minha memória. Ele sorriu.
— Bom. Isso é bom. — Ele olhou para as mãos e riu discretamente. Ao levantar a cabeça, ele voltou os olhos ao meu rosto com um sorriso desafiador. — Quero verdade.
Ele parecia estar duvidando da minha capacidade de formular uma pergunta... interessante, digamos, o suficiente para ele. Desafio aceito. Queria o deixar com vergonha.
— Andrew Saffron Scrivener. — O olhei nos olhos, chegando mais perto de seu rosto e sorrindo orgulhosamente. Ele assentiu. — Quero ouvir a verdade sobre suas histórias de noites com garotas do Arizona. — Falei, pondo a mão em seu queixo, logo antes de voltar para onde eu estava antes.
Ele fechou os olhos, jogou a cabeça para trás e suspirou. Ri alto, conseguia ver que ele estava corando. Missão cumprida.
— Por que você está tão interessada nisso? — Ele olhou para mim com um sorriso envergonhado, com as mãos puxando seu cabelo para trás.
— Por que você duvidou das minhas capacidades de questionamentos?— Disse entre minhas gargalhadas, cruzando os braços.
— Não duvidei. Só queria saber a que ponto você iria. Se saiu bem, devo admitir. Bem, é mais ou menos o que meu primo disse. Uma namorada nova a cada semana. Passava a semana conhecendo meu alvo, a convidava para uma festa ou algo assim na sexta, e ela acabava acordando comigo no sábado. Domingo a dava um fora e segunda ia para a próxima garota. Não me orgulho disso. Eu era repugnante. Mas o que eu te falei no caminho também é verdade. Eu mudei.
— Sim, sim! Eu acredito em você, não se preocupe. — Disse mais séria. Estava sendo verdadeira.
— Ótimo... obrigado. — Ele sorriu discretamente. — Verdade ou consequência? — Ele disse para desviar do assunto.
— Consequência. — Respondi. Andrew acharia legal se eu o desse a oportunidade de se "vingar"
— Bem... — Ele parou para pensar por um segundo. — Você vai pular na piscina do vizinho.
— Não vou fazer isso! — Franzi as sobrancelhas e balancei a cabeça. Eu estava rindo, mas era de nervosismo.
— Então tá. Você vai virar uma garrafa de cerveja. Inteira. — Ele riu e resmungou: — Medrosa...
Levantei as sobrancelhas como se estivesse perguntando se eu ouvira o que ele disse direito. Virar a garrafa não seria grande coisa, mas eu não aceito ser questionada. Mais um desafio aceito.
— Beleza, Andrew. Vou pular na piscina e virar a garrafa, com um shot de vodka antes, só de brinde. — Afirmei com meus olhos cerrados, olhando diretamente para ele.
— Uau. Quem diria que a queridinha dos professores, a boa menina, melhor aluna da escola seria audaciosa o suficiente para fazer isso, não?
— Vá se foder.— Virei os olhos e ri.
Ele se levantou e estendeu a mão para me ajudar a ficar de pé. Aceitei sua ajuda e o segui até o quarto. Ele abriu a porta do armário, pegou uma toalha e a entregou para mim. Fomos até o quintal, pulamos a cerca e andamos até a borda da piscina. O olhei e suspirei:
— Preciso mesmo fazer isso?— Falei baixinho, sorrindo e tentando não deixar nossa presença muito evidente.
— Sim. E virar a cerveja. E um shot. Você que decidiu fazer tudo isso. Promessa é dívida. — Ele sorriu se aproximando de mim.
Virei meus olhos, bufei e tirei minha coroa de flores. Nós dois estávamos descalços, eu deixara as meias no quarto. Comecei a abrir minha saia e Andrew arregalou os olhos:
— Para, Cordelia! A gente está na casa de outra pessoa! — Ele disse, segurando meu braço.
— Ei, calma! — Puxei meu braço e continuei a abrir a saia. Ela caiu, revelando um short preto. — Regra número um de sobrevivência feminina no ensino médio: nunca usar saias sem um short por baixo. Garotos são pervertidos. — Eu o olhei séria e ele suspirou aliviado. — Aliás, vou roubar alguma camiseta sua quando voltarmos. Segura. — O entreguei a toalha e a saia.
Olhei meu reflexo na piscina. Me abaixei e coloquei a mão na água para sentir a temperatura. Não estava muito fria e nem muito quente. Estava morna, a temperatura perfeita. Me levantei de novo e respirei fundo. Olhei para Andrew, depois para a piscina, e finalmente pulei.
Δ i know i'll fall in love with you and that's not what i wanna do Δ