d e z e s s e i s

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Quando abro os olhos, Megan está me encarando de um modo jamais visto; Nervosa, assustada e trêmula como se eu fosse algo de outro mundo. 

— Ei —eu digo, sentando-me no pequeno sofá. 

Não sabia quanto tempo havia passado dormindo depois de todas aquelas lágrimas estúpidas tomarem conta dos farelos que restam de mim. 

— Foi você!    

—  Do quê você está falando?  

— Os pesadelos… Todos aqueles dias… — está desesperada — Eu decidi te dar um tempo depois do que Mia fizera mais cedo, mas quando cheguei aqui e a peguei tendo mais um daqueles pesadelos, você gritou, você falou o nome dele. 

— Eu não sei do que você está falando! —minto.

A única coisa para qual tenho talento são mentiras e omissões.

Minto para meus pais, para meu irmão e todo o resto. Tenho uma vida baseada sob mentiras; minto tanto que às vezes até eu acredito; e talvez... Se eu for convincente o suficiente com uma negação, Megan também acredite. 

— Não faço ideia do que você acha que escutou ou sabe, mas não sou eu, não fui eu a stripper estuprada — gargalho — Pelo amor de Deus. Você acha que eu esconderia se fosse? Acha que eu já não odeio jogadores o suficiente para omitir algo do tipo sobre um deles? E eu nunca nem vi Karim Benzema na vida! 

— Karim Benzema — replica seu nome com cuidado, como se a pronuncia me quebrasse — Em nenhum momento cheguei a dizer que você disse o nome dele.

E é nesse exato momento que sou pega no ato. 

— Não? — apoio as mãos na cabeça, atônita.

Ah, merda!

— Meu deus! Você precisa denunciá-lo, Amber!  — vem para o meu lado e puxa o rosto para que eu a encare. — Ele estuprou você, não foi? Por todo esse tempo... Você não pode deixa-lo sair impune; deixar que viva por aí como se fosse uma das melhores pessoas do mundo, sendo idolatrado como uma. 

Levanto do sofá para me afastar dela. 

— Preciso de um tempo sozinha.  —imploro.

 E se ela contar para alguém? E se contar para as outras?

E se de repente meu nome for parar na mídia?

 — Prefere se esconder à agir… Essa não é a Amber quem conheço. 

Por algum motivo, o nojo em seu tom me deixa irada. 

Me esconder? Ela acha que eu me escondi? 

— Não fale comigo como se eu fosse uma covarde — estou irada, irada mesmo.  — Eu fiz tudo que estava ao meu alcance; você não faz ideia de tudo o quê passei, dos traumas, os remédios e toda a porra por trás dessa merda.  — esfrego o rosto, devastada. — Eu fui até a policia, eu tentei denunciá-lo! Sabe o que me disseram? Que a probabilidade de um cara como ele conhecer alguém como eu era… Ah, merda. Só esqueça tudo isso, okay? Já passou! Acabou! 

— Amber… 

— Você pode me deixar um tempo sozinha agora?

STRIPPER [GRIEZMANN] ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora