Passei a fazer meus passeios matinais com Lana com mais frequência. No fundo, era só uma desculpa pra encontrar com Gustavo, que sempre aparecia na beira do rio.
Ele me dava provas da sua intenção de conseguir algo que incriminasse Fábio.
Segundo ele, Beatriz estava se encontrando com Fábio as escondidas, nem Cláudia estava sabendo disso. Certa vez em que ele seguiu Fábio, acabou vendo os dois se beijando no carro dela.Eu sempre desconfiei daquela garota, mas pra mim seu alvo era Gustavo e não aquela coisa estranha do Fábio.
Fora isso, Gustavo também estava atrás de testemunhas que pudessem falar no dia da audiência de guarda. Já que eles se recusavam a ouvir Théo, por conta da idade. Só uma assistente social havia conversado com o moleque até então.
O dia da audiência estava chegando, e toda vez que nos encontrávamos ele pedia pra eu esperar, que ele me provaria que seu amor por mim venceria.
Eu não gostava daquela espera, mas como sempre, eu entendia.
Pedro continuava na casa da avó. Mas me ligava todos os dias.
Certo dia conversei com ele sobre Gustavo."Eu sei que você ainda o ama Gabriel. Por isso resolvi vir com minha mãe pra cá. Eu podia ter dito não e ficado com você. Mas depois de ter ouvido você falar o nome dele naquela UTI por várias noites seguidas, eu vi que a história de vocês ainda não tinha terminado.
Mas eu estou aqui, e vou te esperar até você dizer que ainda me quer, ou que nós seremos só amigos daqui em diante."Pedro era bom demais pra ser verdade. Meu coração estava dividido.
Eu ainda o amava, mas era um tipo de amor diferente. Com Gustavo, era pele, corpo, alma......
O tempo passou e Gustavo não conseguiu nada que incriminasse Fábio pelo que ele fez, e o dia da audiência chegou.
Eu estava bem melhor. O cabelo havia crescido, a bengala já não era tão usada, apesar das dores no joelho, e as poucas cicatrizes que insistiram em ficar em meu rosto, me lembravam de ser forte.Eu não queria ir a audiência, mas Gustavo insistiu. Pedro que a essa altura já havia voltado, foi comigo.
A sala estava cheia. Todos do lado de Gustavo. Do lado de Cláudia, só Fábio e a Mãe. Essa que era totalmente a favor de que a guarda ficasse com o Pai.
A audiência começou e as pessoas intimadas começaram a dar seus depoimentos.
Os amigos de Gustavo o defendiam, assim como as pessoas indicadas por Cláudia exaltavam suas qualidades como mãe, menos sua própria mãe. Que ao ser chamada pelo juiz, confirmou algumas coisas que Gustavo havia dito e por fim deixou claro que em sua opinião, Théo deveria ser criado pelo Pai e não pela Mãe. Oque deixou a todos que acompanhavam a audiência de queixo caído, e Cláudia revoltada.
A louca começou a grita com a mãe na frente de todo mundo, deixando claro seu descontrole, fazendo assim com que o juiz pedisse um intervalo para que pudesse dar seu veredito.
Ao sair da sala fui em direção ao final do corredor onde havia um bebedouro, e Gustavo veio atrás de mim.
- Eu estou muito nervoso. Me abraça? - Ele disse me puxando para seus braços.
Eu retribuí ao abraço. Gustavo tremia dos pés à cabeça.
Logo eu pude ouvir os gritos de Cláudia em nossa direção.- Então é por isso que você quer se separar seu idiota? Você não perde por esperar! Eu vou acabar com a sua vida. Você acha que vai ficar com meu filho? Eu duvido que o juiz vá deixar.
Ela então foi contida pelo advogado que a dizia para se calar antes que a situação piorasse.
- Oque você acha que ela quis dizer com isso Gabriel? - Ele disse com pânico no olhar.
Eu não sabia do que ela estava falando, mas desconfiava.
O juiz então pediu que todos entrassem na sala novamente, e após todos se sentarem ele pediu que os pais respondessem o porque deveriam ter a guarda da criança.
Cláudia foi categórica ao começar a falar. - PORQUE ELE É GAY E ESTÁ TENDO UM CASO COM OUTRO HOMEM! - Ela gritou colocando algumas fotos sobre a mesa do juiz, entre elas a foto da boate que Gustavo havia recebido. - É POR ISSO QUE ELE NÃO PODE CRIAR O MEU FILHO.
O rosto do juiz se transformou. Eu não conseguia decifrar oque se passava por trás daquele olhar.
- Vou pedir pela ultima vez que a Senhora se acalme e se sente, ou vou ser obrigado a tomar providências. - O juiz disse em voz baixa, fazendo com que ela se sentasse. Depois se virou pra Gustavo. - É verdade oque ela alega? - Ele perguntou.
Gustavo estava paralisado. Mas num rompante ele olhou pro juiz e as palavra saíram como um tiro de sua boca.
- Sim Senhor, é tudo verdade. Mas eu não tenho um caso com o Gabriel. Eu me apaixonei por outro homem sim. Homem esse que eu perdi por não ser corajoso o suficiente pra admitir meu amor por ele perante a sociedade hipócrita em que vivemos. Quando eu me separei de Cláudia eu jurei a mim mesmo não me apaixonar por ninguém tão cedo, mas quando eu conheci esse homem que está sentado aqui - Ele então se virou pra mim e apontou - eu não tive dúvidas de que ninguém consegue comandar o seu destino. Eu resisti, tentei negar, mas não foi possível.
Me perdoe se eu te magoei Gabriel, eu nunca quis fazer você sofrer. Mas minha intenção era somente de ter o nosso Théo junto da gente pra sempre, e eu sei que eu fiz tudo do jeito errado. Então, mesmo que isso possa fazer com que eu precise voltar a ver meu filho de quinze em quinze dias novamente, eu quero saber se você aceita se casar comigo. Você aceita?O povo que estava completamente calado nas cadeiras, começou a aplaudir e a gritar.
Ele então tirou a medalha que eu havia lhe dado e colocou no meu peito.
- Todos os dias eu olhava pra essa medalha e lembrava dos nossos momentos juntos. Lembrava do quanto eu te amava, e contava os dias pra te ter de volta pra mim.
O juiz então bateu o martelo pedindo que todos voltassem para seus lugares e se acalmassem.
- Eu já tenho uma decisão. E ela foi tomada analisando todos os fatos, todas as opiniões expressadas aqui e algo que não é muito comum. Antes de vir pra essa sala, eu tive uma pequena conversa com Théo. E vendo tudo que foi dito e feito aqui nessa sala. Eu não tive como tomar uma decisão diferente. Gustavo a partir de hoje, você é o detentor da guarda definitiva do seu filho.
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Até o fim...
RomanceFomos ensinados a acreditar que o amor é como os contos de fadas que víamos ou líamos quando éramos crianças. Mas no mundo real isso é bem diferente. Às vezes precisamos passar por alguns contratempos até conseguirmos chegar ao tão esperado "Felizes...