| Prólogo |

652 62 7
                                    

Dois anos antes - Nickolas Lefebvre

A vida é um ciclo. Eu sabia disso desde que tinha dois anos. Quando eu soube que meus pais se foram para sempre, deixando Hector e eu sob os cuidados dos meus avós.

Você nasce, cresce, e então morre. A morte é a única certeza inevitável da vida.

— A sua vez vai chegar também. — Timothy, um amigo de longa data, disse ao parar ao meu lado. — E vou esperar com a pipoca para assistir esse momento chegar.

— Você tem sorte de ser meu amigo. E que sua mulher está do outro lado do salão, dançando com o irmão, do contrário, eu ficaria feliz em te dar um soco.

— Ei! Não se pode bater no noivo no dia do casamento! — Ele levantou as mãos para o alto.

Era o casamento de Timothy e Sally. Eles estavam juntos desde a faculdade, logo, estavam juntos há anos. A festa de hoje era apenas uma forma de mostrar as outras pessoas que eles jamais se separariam.

Não que eu concordasse com o meu amigo, e que algum dia eu me amarraria a alguém novamente, mas aquela comemoração era importante para Timothy e Sally, e eu estava feliz por eles.

— Nunca faria isso, caro amigo. — Sorri. — Não quando Sally precisa de você na lua de mel.

— Sim, minha mulher precisa de mim na lua de mel — repetiu, com um sorriso arrogante estampado na cara. — E parece que não vou ser o único.

— O que?

— Seu irmão e Eliza. Quando vão sair dessa de morando juntos e amarrar a escovas de dente para sempre? — perguntou.

Gargalhei com sua pergunta, desviando meu olhar para o meu irmão do outro lado do salão. Eliza estava ao seu lado, como sempre, o olhando apaixonada, e ele a olhando como um trouxa apaixonado.

Nem parecia que já se passaram dois anos desde que se conheceram.

— Hector ainda tem medo de que Eliza o deixe — eu disse.

— Se continuar assim, ele vai perder ela mesmo.

— Não vai, não. — Ri, pois conhecia Eliza o suficiente para saber que nada a afastaria do meu irmão, e que o medo dele era apenas passageiro. — Eles estão felizes assim. E vai continuar por um bom tempo. Liz e Hector não precisam assinar um papel ou fazer uma festa grande para mostrar que estão bem juntos.

— Mon Dieu, Nickolas! Você está ficando igual ao Hector! — Foi Sally quem disse ao se aproximar.

— Isso é um elogio? Pois sinto que está me xingando — brinquei.

— Era um elogio. Mas você tem razão. Algumas pessoas não precisam mostrar que estão felizes. Basta apenas olhar para elas e ver.

Aquilo era um fato. Eliza fazia Hector feliz e era inevitável o casamento no caso deles.

Outra certeza da vida: uma hora ou outra você irá se casar. Se for feliz, será um grande sortudo.

— Agora, se me da licença, vou levar meu noivo para dançar. — Sally piscou para mim, enquanto arrastava puxou Timothy pelo braço.

Estava claro que a dança não seria em público, e que aquilo era um breve adeus. A lua de mel estava começando.

Balancei a cabeça, sem acreditar que Sally e Timothy fariam aquilo, enquanto havia muitos convidados na festa.

Voltei minha atenção para as pessoas. Minha avó conversava com uma senhora, Liz conseguiu arrastar Hector para dançar. Havia muitas mulheres bonitas ali também, e uma delas teria a sorte de acabar na minha cama naquela noite.

Sob Os Vinhedos de Bordeaux #2 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora