Wilf

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Bem profundo me sinto; nas profundezas da noite da floresta, eu choro sozinho.
Choro porque gosto de chorar; sozinho porque gosto de estar.
Nessa cabana distante de tudo eu me debruço sobre os papéis da minha alma,
manchados de tinta preta e vermelha eles estão, e minhas lágrimas borram as sensações.
Tanto caminhei por essas trilhas tortuosas,
Tanto caminhei tonto por essas noites assombrosas.

Dance, dance como as borboletas; sombras aparecem bem em frente aos meus olhos.
O espaço ecoa o absurdo de minha mente. É tão difícil explicar uma coisa que eu ouvi.

Ouço agora a floresta conversando, os insetos e os corvos gritando de dor,
O cheiro putrefato do solo e da fera soprando a doença da vida

na rocha que agora escreve sua agonia.
Vida que se descobre mergulhando na cadeia inutilitária de causalidade.
É uma ilusão grandiosa que ninguém conhece:
Sinto os olhos de alguém que não existe olhando para mim.

Novamente, vejo alguém tirando os papéis para não borrar as memórias,
Seus dedos enormes e unhas grandes amassam levemente as folhas

e as tira de onde cai as lágrimas; ele cuida de mim. Olhos inocentes dissipam

sons murmurantes por detrás da máscara branca.

Fantasias de um brincalhão sonhador, vagando pelos círculos profanos.

Dance, dance como as borboletas; sombras se dissipam bem em frente aos meus olhos.
O tempo ecoa o absurdo da existência. É tão difícil explicar uma coisa que eu vi.

Ora ou outrora eu acabo vendo nos detalhes a besta se levantar; outrora ou ora eu vejo

por entre os fractais infinitos, as probabilidades e ecos de sabedoria

vistas como loucura. Nas profundezas da noite da floresta, eu choro sozinho.
Tal ser existente desliza junto a mim em minha jornada abstrata, escuro e quieto ele é.
O que a luz da verdade é, senão uma ditadura?
O que sua sombra lhe parece, senão uma cela escura?

Danço agora afastando-me de todo o peso dualista e mera dicotomia respectiva
de tanto para existência quanto para inexistência.
Arrasto-me junto ao ser, não pela lama e solidão funérea, mas pela possibilidade,
que pipoca em informação e absurdo indiferente às ações e consequências aos seres.
Palavras tais, manchadas de lágrimas e tinta preta, poderão ter saído da boca
de um louco que nada pode inferir de objetivismo, no entanto, sim de um a quem escreveu.

Dance, dance como as borboletas; sombras estremecem à minha frente.
Os mortos ouvem a minha voz enquanto perambulam pelos círculos profanos.

Ouço agora a vida chorando, meu amigo imaginário sussurrando-me livre-arbítrio ao meu lado; o cheiro putrefato do solo e da fera soprando a doença da vida
na rocha que agora escreve sua agonia.
Vida que se descobre mergulhando na cadeia inutilitária de causalidade.
É uma ilusão grandiosa que ninguém conhece:

Sinto os olhos de alguém que não existe olhando para mim.

Novamente, vejo alguém tirando os papéis para não borrar a imaginação,
Sua mão pálida enegrece lenta e sutilmente num degradê metálico até o preto fosco,
murmúrios cansados são os seus; ele cuida de mim. A falta de identidade dissipa

inocência por detrás da máscara branca.
Fantasias de um brincalhão sonhador, vagando pelos círculos profanos.

Diante por entre os sons e energias emergentes estão os nossos anseios de razão e propósito. Perdidos estamos; tão perdidos estamos na indiferença do movimento.
Loucos somos em nossas razões que nada dizem sobre nossas razões,
mas sobre o tesão e pulsão que nos atravessa. Infantis somos em nossos desejos,

brincando com átomos e universos em nossa liberdade de movimento;
que nada tem a dizer sobre qualquer propósito.

Conversa comigo, som inexistente, sussurra na minha cabeça que sou livre.
Choro porque gosto de chorar; sozinho porque gosto de estar.
Nessa cabana distante de tudo eu me debruço sobre os papéis da minha alma,
manchados de tinta preta e vermelha eles estão, e minhas lágrimas borram as sensações.
Tanto caminhei por essas trilhas tortuosas,
Tanto caminhei tonto por essas noites assombrosas.

Palavras tais, manchadas de lágrimas e tinta preta, poderão ter saído da boca
de um louco que nada pode inferir de objetivismo, no entanto, sim de um a quem escreveu. Dito isso, sorrio em minha própria desgraça: do pálido criador, vem a própria loucura. O cheiro putrefato do solo e da fera soprando a doença da vida
na rocha que agora escreve sua agonia.

Vida que se descobre mergulhando na cadeia inutilitária de causalidade.

Dance, dance como as borboletas; sombras se dissipam bem em frente aos meus olhos.
O círculo ecoa o absurdo da minha alma. É tão difícil explicar uma coisa que eu senti.

Dance, dance com a tragédia, pois em tuas alturas, a razão deixa de ser razão,

a própria loucura passa a ser bela, assim como a tragédia.

É uma ilusão grandiosa que ninguém conhece:

Sinto os olhos de alguém que não existe olhando para mim.


Dedicado a: Wilphtagnthar

Et sanguis in umbraOnde histórias criam vida. Descubra agora