Andrew Matarazzo

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Eu não sei se iria conseguir fazer aquilo, quer dizer, eu era paga para tal, mas eu tenho realmente que fazer isso quando meus sentimentos estão em jogo?

- Ação. - era disso que eu temia, dessa cena, desse momento.

Era a cena do beijo, a cena em que iríamos para a sacada do hotel e ele me beijará.

- Talvez se você dormir um pouco, amanhã conseguiremos ir onde ele está. - chegou perto de mim.

O filme era sobre uma mulher, eu, que estava atrás do pai, o qual nem mantinha contato, que se encontrava preso por engano, e essa mulher contrata um detetive barra pesada para a ajudar. Andrew era esse detetive barra pesada.

- Não, eu não vou dormir. - sai de perto dele e fui pra sacada do hotel. - Engraçado, estava me ignorando até agora pouco e de repente vem bancar o preocupado. - ri sem graça.

No filme nós estamos em um hotel porque estávamos longe de casa.

- Eu sou detetive, não psicólogo. - me encarou.

O pior era que noite passada a gente tinha brigado por causa que eu saí com um cara e eu não o avisei. Andrew esfregou na minha cara que não estou pronta para atuar se não houver comunicação fora do set. Contudo, ele beijou uma mulher na minha frente e eu senti uma pontada de ciúmes, mas não deixei transparecer.

- Tenho vinte e seis anos, não dez. Se eu tiver sono, pode deixar que eu irei dormir. - apesar do ambiente estar escuro, podia ver o seu maxilar travado.

- Tudo bem, faz o que você quiser. - alterou o tom de voz. - Você sempre faz o que você quer, você pode, né, é a dona da verdade. - chegou mais perto de mim e me encurralou na parede, colocando um braço seu de cada lado da minha cabeça. - Você quer estar certo o tempo todo.

- Eu quero estar certo o tempo todo? - repeti sua pergunta. - É, talvez eu queira mesmo. Eu quero estar certa de que ele não está na mão dos que merecem mesmo estar naquela prisão. - cuspi as palavras nele. - Quero estar certa de que eu não estou perdendo meu tempo com você. Quero estar certa de que eu irei chegar lá e ele não estar morto. - grito, empurro ele e vou para a sacada.

Confesso que descontei tudo o que aconteceu ontem nessa fala.

- Você não está perdendo seu tempo comigo. - isso tava no texto? - Sabe que só eu posso te ajudar e você continua falando que está perdendo o seu tempo. - ele conseguiu entornar o erro.

- Eu vou pegar outro quarto do hotel. - quando fui me virar, ele estava mais próximo do que estava prescrito no reteiro. - Você pode me dar licença? - olhei para qualquer lugar, menos para ele.

- Não, eu não vou te dar licença. - colocou um braço de cada lado do meu corpo, prendendo-me ali.

- E vai me mater aqui a noite toda?

- Aqui não. - chegou com o rosto mais perto. - Na cama, se possível. - e tomou meus lábios, me levando pra cama.

- Nós não podemos. - a única coisa que eu não queria era ter que parar o beijo, mas tive de fazer, o roteiro me obrigou.

Ele colou sua testa na minha e isso não estava no texto.

- Não podemos? Por que? Me dá um motivo. - sussurrou.

Nós não estávamos mais dentro do filme. Estávamos falando entre nós, como se não estivéssemos com várias câmeras apontanda para nós.

- V-você... - estava ficando nervosa.

Foi quando ele colocou as mãos em minha cintura e me beijou. Seus lábios em guerra com os meus. Minha língua pediu passagem à dele, que cedeu.

- Corta! - o diretor falou, mas não nos separamos.

Minhas mãos foram para o seu pescoço e as suas desceram para a minha bunda, que acabou sento apertada por ele, fazendo-me arfar.

- Corta! - ele repetiu e nós nos afastamos. - Vocês ficaram loucos? - olharam para nós.

- Acho que erramos o roteiro. - Andrew respondeu.

- Ah, você acha? - perguntou com sarcasmo.

- Desculpe, vamos fazer a cena novamente, okay? - tentei acalmar a situação.

- Vocês não saem desse set hoje sem terminar essa cena. - falou, indo para trás das câmeras.

Eu e Andrew nos olhamos por um segundo e não seguramos o pequeno sorriso que formou em nossos lábios.

- Certo. Tomada 7, cena 23. - nos reposicionamos. - Ação. - e lá vamos nós de novo.

IMAGINES 1.0 - GRINGOSOnde histórias criam vida. Descubra agora