Capítulo 1

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 Sempre fui uma menina comportada, sempre fiz de tudo para agradar minha mãe, ela havia sofrido muito desde o sumiço de meu pai, então procurei compensa-la com boas notas e obediência. No colégio se referiam a mim como a garota nerd sem graça, mas eu prefiro falar de mim como alguém com muito mais chances de ter sucesso na vida do que eles. Minha única amiga se chama Tália, é uma garota como eu, mas ao contrário de mim ela não gosta dessa vida, vive se queixando de ser considerada sem graça, e vive querendo ser como as garotas populares e bonitas, mas ela é uma ótima pessoa, quando não está reclamando de quem é.

Ao contrário de Tália eu não invejo as pessoas populares e bonitas, geralmente são horríveis por dentro, e não tem nenhuma qualidade, odeio particularmente um garoto chamado Sandor, mais conhecido como Sam, ele é um garoto alto e loiro dos olhos azuis, igual a mim na aparência, mas por dentro ele é terrível, um completo idiota, vive rodeado de meninas, e todos pagam pau para ele, não entendo o porquê. Tália sempre tratou Sam como um deus, ele era o sonho dela, ela não tinha nenhuma queda por ele e nem o amava, apenas o desejava, como todas as outras garotas, e isso me irritava, porque ela era tão inteligente, e queria se comportar como as garotas burras.

Na hora do intervalo eu e Tália ficávamos sozinhas em algum canto em que dava para ver Sam, porque ela queria ficar sempre observando o que o garoto e suas amigas faziam, eu me sentia incomodada, mas no fim sempre acabava aceitando, por insistência dela. A cada segundo que passava o nojo apenas aumentava, eu ficava impressionada como uma única pessoa podia ser tão ridícula. As vezes ele lançava um olhar sexy para o nosso lado, apesar de eu ser considerada careta, todos sempre diziam que eu era muito bonita, e vários garotos me consideram um "desperdício", e Sam estava incluído nesse meio. Tália sempre me disse que eu deveria me enturmar com os populares, mas eu a ignorava, estava muito bem no meu lugar, e todos os garotos haviam desistido de tentar ter algo comigo, menos é claro, Sam. Ele sempre tentava se aproximar, em todas as aulas que tínhamos juntos, e fazia questão de se sentar à minha frente, e quando eu levantava o olhar, ele estava virado para trás me encarando, e quando o professor sugeria algum trabalho ou atividade em dupla, lá estava ele, do meu lado, com a mesa colada na minha. As outras meninas morriam de raiva de mim por ter tanto a atenção dele, mas ele não sentia nada por mim, eu era apenas um prêmio que ele estava tentando conseguir, porque com toda certeza, ele ficaria com mais ibope ainda se conseguisse pegar Lizy Bolton.

Havia acabado o intervalo e eu e Tália nos dirigimos para a sala de física. Estava tudo tranquilo, era uma aula que eu adorava, com um professor que eu adorava, e não havia nenhuma das pessoas que eu odeio, muito menos Sam. Eu estava concentrada no exercício e já havia se passado uns vinte e cinco minutos desde o início da aula quando ouvi a porta de entrada batendo com força e levantei o olhar para ver o que havia acontecido, e encontrei meu pior pesadelo, me olhando com um sorriso abusado, que me fazia morrer de raiva.

-Sandor, não sei se você percebeu, mas já estamos na metade da aula. – Disse o sr. Hills encarando-o com desdém. – Você não pode entrar.

-Peço desculpas sr. Bigodão, eu estava em uma consulta medica. – Assim que disse isso, a turma inteira riu, menos eu, claro, e entregou ao professor um atestado médico.

-Tudo bem, sente-se em algum lugar e não atrapalhe minha aula. – Disse o professor derrotado.

Sam entrou na sala, sorrindo como um vencedor, e eu me senti aliviada por perceber que não havia como ele se sentar perto de mim, pois todas as cadeiras estavam ocupadas, mas eu me precipitei, havia me esquecido do quão abusado era, então ele chegou perto do garoto que se sentava a minha frente, olhou fundo nos olhos dele, e fez um sinal com o dedo, mandando o garoto sair dali. O menino ficou acanhado e imediatamente fez o que ele mandou, retirou rapidamente suas coisas da mesa e logo Sam se sentou olhando para mim. Eu fingi que não havia notado a presença dele ali, e voltei a fazer meus exercícios, mas eu sabia que ele não iria me deixar tão facilmente.

Amor DoentioOnde histórias criam vida. Descubra agora