Capítulo Vinte e três

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Julia me encarou confusa, seu rosto estava molhado, já que aquela ponte era um péssimo abrigo.

Toquei seu rosto, estávamos muito próximo. Julia colocou a mão dela sobre a minha e a tirou dali delicadamente.

- Não vamos fazer algo de que possamos nos arrepender depois.- Falou calmamente, mantendo seu sorriso natural no rosto.

- Desculpa.- Desviei o olhar.

- Tudo bem Batman, você está confuso, triste e molhado.- Falou me fazendo rir.- Mas você não pode desistir da Regina.

- Eu nunca desisti dela Julia.- Falei sentindo um aperto no peito.- Foi ela quem desistiu de mim, ela que me abandonou  desde antes do acidente.- Olhei para o céu enegrecido pelas nuvens carregadas.- Desculpa Julia.- Falei novamente- Não quero te usar como uma forma de mudar o que ainda sinto pela Regina.

- Tudo bem, ainda sou sua amiga, e não vou a lugar nenhum.- Ela segurou minha mão e sorriu.- Acho que vamos ter que quebrar a janela do seu carro.

- Bendita a hora que eu decidi vir no meu carro.- Escondi o rosto entre minhas mão e balancei a cabeça negativamente.

Julia se levantou e caminhou até o carro com uma pedra na mão, que ela usou para destruir a janela do lado do motorista.

Ela abriu a porta e fez um gesto apontando para o interior do veiculo.

- Vou descontar o conserto da sua parte financeira.-Falei entrando e destravando a porta do lado do passageiro para que ela entrasse.

Devido o fato de termos perdido um bom tempo debaixo daquela ponte, e ter demorado mais umas duas horas até passar um carro que nos socorresse, acabamos não indo para o tal festa.

Seguimos o caminho de volta em silencio. Julia mantinha seu olhar para o lado de fora da janela. O céu estava estrelado, um verdadeiro contraste com a "tempestade" que Julia e eu havíamos presenciado horas atrás. 

Parei em frente o prédio onde Julia morava,  ainda passamos alguns segundos em silencio dentre do carro

- O que eu faço? - Indaguei olhando para a estrada vazia. - Digo, até quando vou ter que esperar pela Regina, como posso lidar com tudo isso?

Sei que  não era justo descarregar tudo isso em cima da Julia, ela não era obrigada a lidar com isso junto comigo.

- Caio, sou sua amiga, vou estar aqui. Sei da historia e bom, oro pra que a Regina apareça e saiba também do seu lado da história. Você é mais forte do que pensa. - Ela sorriu enquanto bagunçava meu cabelo. - E bom, sobre hoje, preciso ser sincera, não vejo você dessa forma. - A olhei confuso. - Você é como um irmão, que eu preciso cuidar, entende.

Eu sorri.

- Bom, eu sou um cara todo quebrado por dentro que estava bem confuso hoje pela tarde, obrigada por me impedir de fazer algo de errado. - Ela sorriu e abriu a porta.

- Vai para casa, vou orar por vocês.- Dito isso ela se afastou do carro.

Precisei de algumas tentativas para colocar o carro pra funcionar novamente, e quando consegui dirigir até minha casa, era um ciclo sem fim, chegar em casa, e tentar seguir a vida.

Um ano esperando por alguém que talvez nem fosse mais voltar, mas eu ainda estava lá, feito um otário, sem sair com nenhuma mulher, apenas submerso na vã esperança da Regina aparecer.

Andei pela casa até passar pelo quarto que, em alguma realidade paralela, seria o de nossa filha. Eu o havia pintado na cor rosa, mas ainda estava vazio.

- Talvez eu devesse decorar ele. - Falei para mim mesmo.- Talvez seja esse meu ultimo resquício de fé. - Forcei um sorriso fraco e voltei para o meu quarto.

Antes de dormir, redigi um email para o antigo email de Regina, não sabia se ela ainda o usava, já que nunca havia me respondido através dele, mas eu mandei, minha ultima tentativa.

CONTINUA

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⏰ Última atualização: Apr 03, 2022 ⏰

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