Este primeiro ainda não havia dominado a palavra de maneira que pudesse dizê-las sem balbuciar, que dirá desenhar suas letras? Ele e seus semelhantes.
O segundo estava sob as mesmas condições mas não os seus semelhantes. Ele estava sob essas condições temporariamente. Era muito novo mas em pouco tempo sairia dela.
O terceiro já dominava a fala, talvez a escrita também mas a fala com certeza. Porém, o porém que lhe fazia análogo aos dois últimos era que sua fala não surtia tanto efeito. Parecia que ele estava balbuciando a ouvidos surdos.
Todos os três rejeitaram a opção da invisibilidade. Cientes ou não, resolveram se expressar.
Então os três transferiram, de suas mentes para as paredes, suas vidas.
Usavam o que tinham. Algo riscador contra algo riscável.
Fizeram com que outras pessoas pudessem olhar pelos seus olhos e finalmente ouvi-las, ainda sem as palavras.
Aos que viram o desenho do primeiro sentiram a aflição que havia nas grandes batalhas contra as animais ferozes. O premio de quem vencesse era o corpo do oponente como banquete.
Nesses desenhos foi possível "ouvir" o autor contando sobre as armas que usara. Sobre seus oponentes e sobre seu cotidiano.
O segundo gostava de falar em seus desenhos coisas que sua mente talvez não dera significado ainda mas suas emoções sim. Traços de diversas cores, formatos e borrões que diziam bem mais que o superficial. Quando diziam – e não eram tão grotescamente condicionado - também era possível encontrar sua vida, suas inspirações e aspirações. Expressões do seu pequeno eu.
O ultimo também transmitia em seus desenhos o que circula em sua mente.
Este porém parecia não ter tanta aceitação como os últimos dois. Ele era o "anticinza" das cidades e isso, estranhamente, o fazia vilão.
Quando ele não desenhava o que sua mente pulsava, ele usava o espaço para reafirmar sua existência com seu nome de guerra.
Havia semelhanças nas atitudes dos três e diferença nas reverberações que elas tinham.
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Expressão entre eras e idades
Short StoryA expressão entre os desenhos das coisas e das letras parecem até parte da natureza humana e isso pode ser visto desde as pinturas rupestres até as paredes de nossas cidades.