Meus fones de ouvido já estavam velhos de tanto que usamos. Você sempre pedia um dos lados aproximadamente dois minutos depois, naquele trem tão vazio e sem graça.
Quando sorria eu percebia tudo ao meu redor colorir instantaneamente. Eu ficava surpreso pelo modo como conseguia ser tão extrovertido com desconhecidos. Eu sempre fui tão tímido e frio.
Ainda se lembra de como eu era grosso com você no início? Me desculpe.
Eu simplesmente amava a forma como você parecia tão feliz toda vez que entrava no vagão e me olhava. Você corria e sentava comigo. Eu me lembro claramente de você por sua mochila sobre o colo e me encarar por longos minutos antes de pedir um dos lados do meu fone. Definitivamente amava a forma como seus olhos brilhavam ao fazer isso.
Certa vez você me disse que estava indo ao seu curso de medicina... Eu sabia que não era ilusão quando quando seus olhos se tornavam opacos, enquanto dizia que seus pais e você mesmo sempre sonharam com aquela maldita faculdade.
A verdade é que você sempre mantinha um sorriso no rosto e contava mentiras.
Você contou-me como amava dançar, que a música era sua vida. Você ficava deslumbrado quanto eu lhe contava sobre minha carreira de rapper amador. Eu amava lhe fazer sorrir toda vez que mostrava uma de tantas letras que escrevia.
Uma vez observei você dançar, e senti uma coisa inexplicável. Foi tão surreal ver seus movimentos cheios de graciosidade, enquanto sorria e matinha os olhos fechados. Eu senti sua conexão com a dança e senti o quanto amava aquilo. Nem mesmo quando errou um passo você desmanchou aquele belo sorriso, você se levantou e começou novamente.
Certa vez tive o prazer de ouvir você cantar. Nunca antes havia escutado uma voz tão doce e encantadora. Você parecia tão apaixonado, e bem... eu também.
A primeira vez que te vi. A primeira vez que toquei suas pequenas mãos. Quando eu pude ter o prazer concebido por algum deus qualquer de ver seu sorriso tão encantador... Cada momento especial que passamos juntos incluindo as brigas, até a última vez que eu lhe vi. Eu não me arrependo de nada disso e muito menos de ter me apaixonado. Eu só me arrependo de ter chegado tarde.
Pode me perdoar?
De fato eu amava a chuva, até que eu te vi chorando com ela. Meu coração se despedaçou completamente quando vi as lágrimas escorrendo e você sentado em um banco qualquer na rua, tremendo de frio. Eu não entendia. Por que seus pais haviam te machucado? Afinal, você apenas disse sobre a sua sexualidade e contou sobre que carreira queria seguir.
Sempre amei ver séries de medicina, isso até ver você se destruir a cada dia que voltava exausto da faculdade.
Eu amava deixar marquinhas roxas em você, algo que também gostava. Isso até eu notar marcas quase idênticas nas suas costas. Por que seus pais eram tão malvados com um anjo como você?
Costumava dizer que eu era um tanto inocente... de fato eu era. Não havia notado como a sociedade era tão ridícula até ver com os meus próprios olhos ela te destruir aos poucos.
Você guardava muitos segredos, dentre eles havia sua depressão. Era impossível reparar, você sempre escondeu tão bem com aqueles sorrisos neutros. Sei que não fez por mal, porque eu preciso acreditar que você confiava em mim. Nós éramos namorados, precisávamos confiar.
Sempre me senti seguro nos seus braços e esperava que sentisse o mesmo.
Eu te amo tanto... Nem o arco-íris mais colorido e bonito, nem mesmo aquelas esculturas milimetricamente perfeitas e caras chegavam aos seus pés.
Não te dei amor o suficiente? Me perdoe, você me fez prometer que não ia me culpar, mas eu não consigo. Eu sinto que tenho tanto a me desculpar.
E é por isso que neste momento, estou ajoelhado na sua lápide, meses depois do enterro. Chorando, tão copiosamente como você naquela noite fria. Eu o tinha nos meus braços e nunca pensei que fosse tão doloroso.
Você estava destruído. Chorava sentado no meu colo com os braços me apertando, enquanto pedia perdão. Dizia palavras acolhedoras, que me faziam saber que você iria morrer. Havia um vidro de remédios jogado no chão, você teria uma overdose e eu sabia disso também.
Justo eu, quem deveria ter te acolhido não fiz nada. A única coisa que eu sabia fazer era chorar enquanto o abraçava o máximo que podia e sussurrava que lhe amava. Eu segurava na sua mão, ouvindo atentamente cada palavra proferida pelos seus lábios, dos quais eu tanto amava.
Na verdade eu ainda te amo Jimin, mais do que amo a mim mesmo ou amei outra pessoa. Eu sinto a sua falta. Meses depois e eu ainda me lembro de cada momento. Quanto mais esse tempo miserável e doloroso passa, meu medo de esquecer tudo apenas aumenta. Porque não quero esquecer dos nossos momentos, não quero esquecer dos seus detalhes encantadores, seus sorrisos, sua risada, cada pedacinho do seu corpo tão perfeito aos meus olhos sem graça. Eu tenho medo de perder a única coisa que me sobrou de você a não ser coisas materiais... minhas lembranças.
Você me perdoaria se eu fosse atrás de você? Não suporto mais viver essa vida tão pacata e sem cor.
Ouvir seu último suspiro fez meu coração se despedaçar. A tristeza me invadiu e tomou conta de mim por inteiro quando vi seus olhos perderem o brilho.
Então você sorriu pela última vez, disse que me amava. Foi a primeira vez. A primeira vez que disse que me amava e a última que eu vi um de seus sorrisos sinceros.
29/01/2018
autora: iceagustd
beta: yoowki
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anamnese
Fanfiction[yoon+min] - [bangtan] "[...] Na verdade eu ainda te amo Jimin, mais do que amo a mim mesmo ou amei outra pessoa. Eu sinto a sua falta. Meses depois e eu ainda me lembro de cada momento. Quanto mais esse tempo miserável e doloroso passa, meu medo de...