Após quase uma hora o primeiro golpe bem sucedido é dado. Wolf corta uma lasca de pele do braço de Tony. Isso me aflige. O corte é fundo o suficiente para Tony desistir, mas ele não vai parar. O próximo golpe pode ser fatal. Sei do que Wolf é capaz. Pulo da caixa que estou sentada, e no caminho pego uma das espadas penduradas na parede, uma Estoc, que é uma espada com lamina fina, e ponta afiada, diferente de espadas longas e katanas que o fio de corte é na lateral, eu prefiro usar com Wolf uma tática mais ofensiva. Praticamente voei, e antes que Wolf se vire, estou na frente de Tony defendendo-o. Sinto o impacto da espadada, Tony não aguentaria isso. Ele olha para mim.
- Você tem motivo para lutar agora, isso te deixa mais forte. - Wolf.
- Mesmas regras? - Pergunto.
- Não terei dó, ou você faz eu me render ou eu te mato, e eles também, você sabe que sou capaz.
Tony vai em direção a Pan, que já está com o composto, e aplica em Tony.
- Preveja os movimentos Mari. - Tony grita.
Aceno com a cabeça.
Eu não posso deixar nenhum golpe passar. Eu Não Posso! Pego a espada de Tony, duas contra duas, agora está um pouco mais justo. Não sei se será melhor, acho um pouco pesado usar duas espadas ao mesmo tempo. Mas devo ser precisa. Wolf está dando uma pequena recuada. Ele dará uma investida pesada, mas não posso prever exatamente como, será uma surpresa cada golpe, com um pequeno tempo de reação. Bem, se eu não defender, ele matará Tony e Pan. Sei disso, ele é capaz, ele praticamente sumiu da minha frente, ele reaparece atrás de mim. Caindo com as espadas afrente do corpo, viro-me rapidamente e defendo com as espadas. Uma delas cai, não tenho tanta força para defender com as duas, preciso ser mais rápida, ele sumiu novamente, deve estar imitando Tony, andando pelas sombras.
- Você não vai ser nunca igual ao Tony, eu sei como você joga, por que sei como Tony joga.
Ouço um pequeno ruído atrás de mim, ele está vindo, devo eu dar o golpe surpresa, ao perceber que ele está a menos de três metros. Eu sei que ele vai pular, e assim como eu previa, ele pula, viro-me em posição de ataque. A cara de Wolf é de surpresa e de satisfação. O golpe dele bate em minha espada, ambos voamos para trás com o impacto.
- Terminamos - Tony grita.
- Como? - Pergunto
- Uma pessoa quando luta por algo mostra sua força - Wolf diz.
Eu não entendi. Eles fizeram isso como uma encenação?
- Vocês me enganaram? Malditos.
Seguro forte a Estoc, olho para o chão, não acho que acabou, não pode ter acabado assim. Wolf põe sua mão sobre meu ombro.
- Me desculpe.
- Como vou saber que você não está blefando?
Wolf põe as katanas na bainha, e abana as mãos, isso é um gesto de desistência. Tony se aproxima e me abraça.
- Eu que te devo desculpas.
- Sem problemas, como está seu braço?
- Com uma pele rosada gigante. E formigando.
- Formigando?
- Sim. Não é normal?
- Bem, até é.
- Quase me assustou Mari - Risos
Olho para Pan, e ele para mim. Isso não é normal. É alergia ao composto. Em casos raros pode ser perigoso. Mesmo assim, pode gerar problemas em batalhas, precisamos ver em uma hora, se ele tiver uma queda de pressão sanguínea, ele é intolerante ao composto. E não pode usar em feridas grandes.
Aceno com a cabeça para Pan, ele compreende, temos que observá-lo constantemente nas próximas duas horas, para medir o grau de intolerância.
- Tony, talvez seja melhor subirmos, e se você puder deitar na sua cama, melhor.
Ele percebe que não estou brincando. E entende que é sério o que estou falando.
- Ok.
Subimos as pressas, ele pode ter um ataque em menos de três minutos. Ele se deita na cama, vejo suas forças se esvaírem, ele desfalece, eu e Pan medimos sua pressão. Onze por seis, baixa, isso significa que eu estava certa. Pegamos uma toalha e limpamos bem ao redor da pele rosada, ainda existem traços de composto. Ao limpar, percebo um inchaço no pescoço dele.
- Merda, afetou a corrente.
- Sim - Pan concorda.
Wolf está olhando com uma cara de assustado. Não está entendendo nada do que acontece. Eu saio do quarto. E vou até a cozinha. Combinei com Tony que sempre teríamos um kit de operações de emergência na cozinha. Embaixo da pia, localizo a caixa vermelha escura. Pego-a. Corro até o quarto de Tony e já com a caixa aberta, pego a Epi-pen. Administro em Tony, sinto o pulso e sinto a pressão estabilizar, o pulso está um pouco abaixo, mas ainda está ali. Pan e eu caímos sentados no chão, ele está bem, mas definitivamente não pode se machucar gravemente. Ele geme, deve estar com dor. Praticamente o ressuscitamos. Ele estava em parada.
- Acho que está tudo bem agora.
- Sim - Afirmo.
Ele ficará alguns dias em repouso, mas vamos mantê-lo em coma induzido por que ele não vai ficar quieto. Pan e eu ficaremos de vigia para observá-lo e tomar precauções para que não haja maiores complicações. Pan ficará com a noite e o período escolar. E eu com o período restante. Vou dormir, já é tarde, amanhã preciso ir à escola.
O quarto de hospedes é ao lado do de Tony, lembro do dia que uma amiga minha ia dormir em minha casa, mas aconteceu de sua casa estar reformando e Tony deixou nos duas dormir aqui. Eu tenho vontade de chorar, ele quase morreu, meu único amigo, aliás, estou desconsiderando Pan, mas Tony é meu primeiro amigo, ele não pode morrer.
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Uma Questão de Honra
AdventureVivendo sob um governo opressor, dois jovens tentam mudar a história de sua vida lutando. Fatos que ocorreram durante a subida ao poder desse governante cria relações inimagináveis de força conjunta entre resistentes ao governo. Marina e Anthony são...