Os Amantes

Capítulo Único

Nunca fui o melhor narrador da face deste nosso minúsculo planeta dominado pela raça Humana, todavia, entre os vários acontecimentos que eu vi com os meus próprios olhos, decidi narrar pelo menos um para vós... Um que marcou a minha vida...

Eu fui educado pelos meus avós, todavia, os meus pais também incutiram-me ideais dignos da educação da nobreza. Enquanto os meus avós apresentaram-me a Vida, o meu pai apresentou-me a Responsabilidade e a Honra, enquanto a minha mãe apresentou-me os sentimentos (apesar de, ao longo dos anos, estar a tornar-me numa "criatura" bastante vazia).

No entanto... Quem ensinou-me a amar não foi a minha família mas sim um casal de adolescentes que eram amigos próximos e é nesse exato momento que se iniciará esta minha narrativa...

Esta é a história de um casal genuinamente perfeito, supremo... Divino a meu ver. Atualmente o amor humano é escasso, as pessoas agarram-se a números, resultados ou paixões sem nexo que envolvem o pecado e o sexo, a traição e a falta de caráter... Um progresso excessivo que cansa até a própria criatividade em questão, contudo, este casal ensinou-me como se deve amar, respeitar e pensar. O jovem de 19 anos e a namorada de 17 anos eram como o ouro e a prata no altar da riqueza incalculável dos mais poderosos Deuses, eram ideais um para o outro. Um guitarrista bom com as contas e uma desenhista que adorava sonhar e criar universos fantásticos, os seus dons e qualidades preenchiam o vazio de cada um, era mágico...

O rapaz tinha posses materiais e capital graças ao trabalho dos pais, que viviam na capital, enquanto a jovem era filha de um casal humilde. Ele era um génio na guitarra, cuja velocidade poderia comparar-se aos guitarristas profissionais e ela tinha um dom oculto... Uma voz majestosa que ecoava em todos os cantos e recantos de qualquer espaço.

Ele era bastante alto e corpulento, uma força física elevada e um coração de rico, tinha uma grande barba e longos cabelos castanhos que desciam até aos ombros largos. Aparentava ser um "motoqueiro-punk", usava na maior parte das vezes umas grandes botas negras e possuía um casaco de cabedal muito pesado, tinha uma voz bastante grossa e um riso alto e excêntrico, sempre que começava a rir lembrava uma espécie de viking ou bárbaro. Em contra partida, a namorada dele era mais baixa e magra, bastante tímida com pessoas que não conhecia o que não tinha qualquer confiança, tinha uma pele lisa e levemente pálida e um "corpo-viola" (mas nada assim exagerado), o loiro e gigantesco cabelo denso já havia sido pintado de inúmeras cores, tais como azul, branco e vermelho, usava roupas bastante vivas e largas, algumas vezes, parecia uma hippie. Ele e ela andavam sempre de mão dada e, quando não o estavam a fazer, estavam a cantar alguma música estrangeira. Costumavam ir a eventos geek juntos e viam vários animes que hoje já acabaram ou são considerados "antigos".

Eu estava sempre com eles, geralmente passava com eles os meus fins-de-semana inteiros, cheguei até a ter explicações de matemática com ele e ela é que me apresentou o mundo da Literatura e da escrita... Eles eram importantes.

Os anos forampassando e tanto eu, quanto eles, envelhecemos juntos, eles eram como irmãospara mim, deveras importantes... No entanto, quando eu tinha por volta dos meus10 ou 11 anos, deixei de receber telefonemas dele ou dela... Eles tinhamdesaparecido.

Os dias passaram, dias que transformaram-se em semanas e estas mesmas semanas transformaram-se em meses, que formaram os anos e esses anos quase alcançaram uma década...

Até hoje nunca mais os vi e a última coisa que lhes disse foi "Até amanhã", um "até amanha" inocente vindo de uma criança com 10 anos que não imaginava que aquele casal iria desaparecer da sua vida... Aparentemente para sempre...

A minha mensagem, como narrador é que o Amor atual não é o amor verdadeiro... E aqueles que tentam espalhar o verdadeiro amor infelizmente são atacados por uma sociedade decadente... Uma sociedade que está a apodrecer. Nunca percam os vossos valores, por mais que seja tentador perdê-los. E lembrem-se...

Nem todas as histórias de amor são contos de fadas... Ou trágicas.