Três e meio

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Olaaaaaaaaaaaaa meus amores.

Vamos de mais um capitulo? 

Boa leitura

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Vejo a expressão presunçosa de Jânio Damasceno vacilar por um milésimo de segundo. É um tempo curto, mas o suficiente para me causar uma grande satisfação interior momentânea, já que ele sabe argumentar como ninguém.

— Exatamente! Acho que as chances do seu filho se recuperarem são maiores em um hospital como o INN. — A empáfia do secretário de saúde não diminui um milímetro sequer. Resolvo que devo deixar claro alguns pontos.

— Veja bem, Sr. Moreira, é indiscutível que o Instituto Neurológico de Natal é referência em tratamentos de grandes complexidade, mas a questão aqui é o pouco tempo de pós-operatório do seu filho. Minha sugestão é que esperem que as setenta e duas horas se passem até que se tome a decisão de transferi-lo ou não. Até lá poderemos ter uma visão melhor da evolução do seu quadro.

— Faço minhas as palavras da Dra. Joyce! — Noto um lampejo de orgulho na expressão do meu chefe, mas logo some.

Vejo a indecisão na face do desembargador, ele confia no Dr. Gilberto, mas ao mesmo tempo confia no pai de Alfredo. Fico quieta enquanto ele olha de um para o outro e por fim me fita, o mesmo marrom intenso que me perseguiu durante o sono agitado e a cada vez que fecho os olhos, fixam-se nos meus. Minha respiração trava na garganta quando os traços de um outro rosto passam pelos meus pensamentos.

— Se esperarmos pelo fim das setenta e duas horas, a doutora o acompanha no trajeto até Natal? — Acho que minha audição hoje anda danificada.

— Como? — pergunto feito uma idiota.

— A Dra. vem conosco na aeronave até Natal. Creio que seja a melhor pessoa para explicar o quadro clínico do meu filho aos médicos.

— Isso não será preciso, tenho uma equipe pronta para acompanhar seu filho... — A irritação sentida pelo Dr. Jânio me é agradável aos ouvidos.

— Sei que sim, mas quero a médica que o salvou durante o percurso. — A voz imponente de tenor do desembargador faz com que todos fiquem em silêncio.

Olho para o Dr. Gilberto em busca de ajuda, ele como meu chefe pode dizer ao senhor à nossa frente que não há possibilidade de que eu largue tudo por um dia inteiro ou mais para ir com seu filho em uma transferência que não concordo, mas por sua vez ele apenas dá de ombros, deixando a decisão para mim.

Se por um lado não acho que deva ir a Natal acompanhando um paciente, deixando minha função aqui, mesmo que o paciente em questão seja filho de alguém importante e influente, por outro não sei como ficará minha cabeça caso não veja por mim mesma como foi o trajeto, sua acomodação em um hospital diferente, saber de primeira mão os resultados dos exames que serão feitos por lá. Que dúvida! Nunca fiquei tão inconformada por não levar um tratamento de um paciente até o fim. O que há de errado comigo?

— Tudo bem, eu o acompanho — digo por fim.

— Ótimo! Sendo assim, Dr. Jânio, providencie tudo para depois de amanhã. Gilberto, espero não estar causando um grande incômodo para sua equipe médica com toda a logística.

— Nah! Nos conhecemos há tempo demais para algo desse tipo ser incômodo. — Vendo que o momento tenso e indeciso passou, resolvo que é hora de sair e deixar os homens discutirem a parte logística.

— Se me dão licença, preciso verificar meus pacientes — digo já levantando e indo em direção à porta.

Três acenos de cabeça me respondem, um, no entanto, me faz tremer internamente. Pela expressão do Dr. Jânio é possível ver que ele não ficou nada feliz com a mudança nos planos. Não perco muito tempo pensando sobre isso, tenho um trabalho a fazer e é o que farei.

Pego o elevador e subo até o Centro de Tratamento Intensivo, onde está o paciente em questão. No corredor encontro sua mãe, uma senhora de cerca de cinquenta e cinco ou sessenta anos de idade. Seus traços refinados, cabelo castanhos devidamente alinhado em um coque alto, corpo delgado trajando um vestido azul claro, no pescoço um colar com uma medalha da Virgem que a cada poucos instantes ela torna a alisar, se destacam nesse ambiente onde beleza é o que menos se vê. Mas apesar de toda a sua classe, é a sua fisionomia derrotada e tristonha que mais chama atenção. Ela parece deslocada em meios às paredes brancas do CTI.

Me aproximo devagar, sem saber bem o que falar, já sabendo bem como seus olhos castanhos refletem com lágrimas nos cantos. Vi essa cena acontecer quando terminada a cirurgia e fui à sala de espera para conversar com os familiares do meu paciente.

— Senhora? — chamo na voz mais suave possível.

— Eu o assisti pelo vidro dormir durante quinze dias após seu nascimento — diz sem olhar para mim.

Sigo seu olhar e através do vidro posso vê-lo na mesma posição que foi colocado horas atrás. Marion, enfermeira e minha assistente durante a cirurgia, faz algumas checagens nos aparelhos e tubos ligados ao seu corpo. Da posição que estamos é possível ver apenas a faixa enrolada sobre sua cabeça, mas sei que do seu lado direito há um hematoma deixado pelo impacto do seu rosto com o volante, uma vez que o airbag não acionou ao colidir com o carro que trafegava na contramão na BR.

— Ele sempre foi um guerreiro, sabia? — Ela continua. — Mesmo com os médicos dizendo que não sobreviveria a um parto tão prematuro ele conseguiu e se tornou tudo que eu sabia que seria.

Engulo em seco sem saber o que dizer. Como médica não posso simplesmente dizer a ela que ele ficará bem, quando nem mesmo eu tenho essa certeza. Apenas levo minha mão ao seu ombro e aperto carinhosamente transmitindo-lhe o meu apoio. Em seguida entro no quarto e pego o tablet para ver as anotações feitas pelo médico que ficou à noite no plantão.

Não há nenhuma mudança, não era de se esperar por uma, ele continua sedado. Faço eu mesma a checagem e verificações mais uma vez, meus dedos pela primeira vez tremendo ao tocar um paciente. Dou um passo atrás e olho para Luís Augusto Fradick Moreira pela primeira vez e fico paralisada por um instante ao constatar como ele é bonito. Seu rosto de linhas bem definidas, que apesar da gaze cobrindo sua testa é possível ver uma beleza única, meus olhos descem um pouco e admiro mais do que deveria seu corpo, seus ombros largos, tronco torneado coberto por um lençol branco, balanço a cabeça e volto a me concentrar no seu rosto bonito, cabelos castanhos escuros quase pretos, lábios bem desenhados, o superior um pouco mais fino, nariz reto, bochechas levemente marcadas, a direita com um machucado roxo, sobrancelhas delineadas. Meu olhar torna a descer e vejo suas mãos, seus dedos longos e finos me hipnotizam, sempre admirei homens com belas mãos e essas são lindas.

Um calorzinho novo começa a se esgueirar pelo meu peito, fazendo meu coração palpitar momentaneamente ao imaginá-lo acordado com seus olhos marrons olhando para mim da mesma forma que imaginei que me olhou por alguns segundos durante a manobra de ressuscitação que fazia.

"Joyce, se contenha, tu tá ficando doida?", me repreendo mentalmente e tento me convencer que tenho agido estranho apenas por ter sido um caso quase perdido na minha mesa de cirurgia, nada mais, mas nem eu mesma acredito na minha versão dos fatos, quem dirá outras pessoas.

Sabendo que esse tipo de pensamento não me fará nada bem, saio do quarto e sigo para verificar meus outros pacientes, tenho que pôr a cabeça no lugar, não posso me comportar como uma adolescente imprudente e colocar a perder tudo pelo que venho lutando.

Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

E agora José? Será que nossa DRa. está trilhando um caminho ariscado?

curtam, coemntem e compartilhemmmmm

até terça amoressssssss! <3 


Minha cura♥ }☘{♥ DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora