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Cícero, Cidade do Corsário


Do alto de um prédio, no subúrbio da cidade, o Caveira observa o movimento da calada da noite, enquanto se comunica com o seu primo por uma escuta.

— Eu versus Jesus, no octógono?

Sim, como acha que seria? — pergunta Matheus, o primo de Marcos.

O Caveira ri sem graça.

— Não sei — responde o Temerário, com incerteza —, acho que eu provavelmente diria "nenhum homem vivo pode me derrotar." e aí; Ele responderia algo como "mas Eu morri e ressuscitei".

Tá, e o resultado?

— Ah, bicho... sei lá... — coça a cabeça, pensativo. — acho que eu chutaria a bunda dele, o cara era um carpinteiro hippie.

Verdade, o cara não é de briga. — Matheus concorda com a análise. — Acho que ele viraria a outra face, ou algo do tipo.

É então, que um grito interrompe a conversa.

— Pega ele! — grita a voz masculina.

Logo, o Caveira, atentando para o grito, pergunta através da escuta:

— Tá tendo algo aqui no Cícero que eu não sei? — questiona, preocupado.

Você não sabe, nem eu.

Ele corre em direção ao parapeito oposto ao que estava, para tentar reconhecer de onde veio o grito.

As vermelhas lentes da máscara de caveira focam num jovem correndo na vazia Avenida Malta, enquanto duas vans brancas chegam em alta velocidade. Percebendo que seria alcançado, o rapaz loiro entrou num beco estreito demais para que os veículos passassem.

— Tu é um policial e tá fazendo ronda, bicho. — fala o Caveira, indignado. — Olha no radar, ou qualquer equivalente. Tem algo soando como uma avalanche de merda aqui no Cícero e não parece nada com um surto psicótico meu — limpa o pigarro na garganta —, dessa vez.

Porra nenhuma. — responde o primo do outro lado da linha. — Não teve nada de ocorrência nas imediações.

— Vou ter que desligar aqui e averiguar, aspirador-de-pó-nasal — despede-se, pelo codinome.

Afirmativo, desbracito. Cambio, desligo — encerra a chamada e o herói salta do prédio.

O garoto com roupas hospitalares corre ofegante no beco escuro, uma van chega fechando o beco e vários homens de jaleco branco descem correndo atrás, quando desce um último, não de jaleco, mas com um tipo de roupa paramilitar e chupando um pirulito de cereja.

— Merda. — fala o homem negro, tirando o pirulito da boca, observando o caminho escuro de paredes de tijolos. — Tinha que ser você, Dominique — coça sua barba longa.

O doce cai no chão, ele o pisa com seu coturno negro e força o pé em movimento giratório, arruma a boina na cabeça e corre com o a mira apontada para frente.

O jovem em fuga, quase chegando ao fim do beco, congela desesperado e ofegante, quando a outra van fecha a última saída.

— Senhor Dominique Belikov! — grita o paramilitar, chegando logo atrás apontando sua arma para o jovem. — Chega de fugir, rapaz! Essa cidade é perigosa demais para ter uma peça rara de milhões de dólares à solta

WSU's O Temerário: PAROnde histórias criam vida. Descubra agora