Nunca mais

Desejo

Mais uma vez Izaya se vê em Ikebukuro. Ele não fazia ideia de quanto tempo havia passado desde sua última visita a esse lugar tão conflitante. Estava ali há uma semana e já havia feito seu trabalho. Sentado em sua cadeira enquanto observava a rua movimentada pela janela, ele brincava com uma peça de xadrez: o rei. 

- Namie-san~, quanto tempo faz que estou em Ikebukuro? - gritou ele.

- Faz uma semana. - respondeu uma voz feminina vinda da cozinha.

- ...Tempo suficiente para ter acontecido alguma coisa. Porém nada. - murmurou ele para si mesmo enquanto se levantava. Izaya retirou seu celular do bolso e começou a passar os olhos em seus contatos. - Acho que teremos visita hoje a noite.- gritou ele novamente. 

- Quem? 

- Você verá. - Sorriu ele enquanto posicionava seu celular contra a orelha.

-- Longe dali --

- Shizuo, Ikebukuro está calma ultimamente. Você percebeu isso? - perguntou um homem de cabelos grossos e escuros. O homem ao seu lado de cabelos louros assentiu enquanto colocava um cigarro em sua boca. 

- Não me lembro da última vez que estava agitada. - respondeu o loiro acendendo seu cigarro, sugando a fumaça e logo em seguida expelindo-a com satisfação. - Desde que aquela pulga foi embora... - murmurou ele fazendo uma careta de reprovação ao lembrar da face de Izaya. 

Dez minutos se passam e o celular de Shizuo começa a tocar. Sem se preocupar em ver quem o chama, logo atende ao chamado.

- Alô? 

- Olá, Shizu-chan! Quanto tempo!~ - era a voz que Shizuo menos queria ouvir: Izaya Orihara.

- O que você quer? - perguntou o loiro rispidamente, enquanto olhava em sua volta, pensando que a peste estaria ali perto.

- Que seco, Shizu-chan! - brincou o outro. Izaya riu e então continuou: Estou em Ikebukuro. Estava com saudades daqui. Sentiu saudades? Porque eu senti! Ahahaha!

- Sua peste! Me diz logo o que você quer! 

- Okay, okay, apressadinho. - ele bufou brincando estar decepcionado.- Eu quero te fazer um convite. Venha aqui hoje a noite. Vamos jantar. Vou preparar um jantar especial para você. Sem brutalidade, okay?~ 

Shizuo pareceu indignado com o que acabara de ouvir. Sabia que o outro homem planejava algo contra ele. De todos os tempos que aquela peste colocava os pés em Ikebukuro, algo de ruim acontecia com Shizuo. A rincha entre eles era muito grande. Pensando nisso, Shizuo apertou seu celular com força, mas cuidando para não quebrar o mesmo.

- Eu passo. - respondeu finalmente.

- Ehh?! Por que?! - protestou o outro.

- Eu não gosto de você. 

- Shizu-chan! Me dê uma chance de provar que sou um cara legal! 

- Cara legal? Izaya, você é um monstro.

- Não sou! - Do outro lado do celular, Izaya sorria satisfeito. Ele sabia que o loiro acabaria vindo. - Vamos acabar com isso de uma vez. - Sussurrou.

- ... - Ao ouvir essas palavras, seu desejo de ter tudo aquilo acabado se intensificou. Porém nada respondeu. Não queria dar a satisfação ao outro de ouvir um "sim" saindo de sua boca. 

- Certo! Em meu apartamento às dezenove horas em ponto. Venha de estômago vazio, okay?~ 

Sem responder, Shizuo range os dentes e logo desliga o celular, guardando-o de volta no bolso e retirando seu maço de cigarro. Sem sucesso de pegar um cigarro, ele olha para a caixinha e vê que está vazia. O loiro permanece ali parado encarando o maço vazio, com um olhar distante.