Acordo de uma semana

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DEMI NÃO tinha certeza do que havia causado aquele olhar quente, terno nos olhos encantadores de Selena, mas em seu conceito aquilo não era nada bom. Ela gostava mais – sentia-se mais segura – quando Selena estava brincando com ela, provocando-a, ou mesmo flertando com ela. Esta suavidade, esta doçura, esta emoção que ela via nela agora, estava um tanto fora de sua zona de conforto.

Ela não devia ter aberto a guarda. Ela nunca devia ter contado a Selena nada sobre si – sobre seu passado, seus arrependimentos, sua vergonha. Porque agora ela temia profundamente ter aberto uma janela pela qual Selena poderia escalar, contornando as defesas instintivas dela. Então deixe que Selena faça isso. Hum. Talvez ela devesse. Ainda não estava pronta para um relacionamento, ainda odiava a ideia de se meter com a neta do sr. Gomez enquanto o velho estava acamado. Mas Demi tinha de admitir: achava Selena incrivelmente agradável. Selena era dona de um coração e cérebro que combinavam com aquela alta carga de apelo sexual, o que fazia dela uma ameaça tripla. Demi não podia negar que estava tentado a fazer o que ela havia sugerido na manhã e na noite do dia anterior. Talvez se envolver com alguém que iria embora em uma semana ou algo assim era exatamente o jeito certo de retornar ao jogo da vida.

Infelizmente, agora que ela percebia que gostava de Selena tanto quanto a desejava, ficar com ela parecia menos tentador do que antes. Demi sentia que era algo que iria satisfazê-la fisicamente, mas que dificultaria na hora de desenrolar os vínculos emocionais. E as emoções ainda não eram seu ponto forte.

 – Pode me dar licença um minuto? Preciso ir ao banheiro – disse Selena.

 Ela empurrou o prato para a borda da mesa, assim a garçonete excessivamente coquete, que ia até ela sempre que passava por ali, poderia recolhê-lo.

 – Claro. Vou pedir a conta. 

Selena enfiou a mão na bolsa. Demi acenou para ela não fazê-lo. 

– Pode deixar. É por minha conta. 

– De jeito nenhum. Você não faz mais grana preta. 

Demi levantou uma sobrancelha em desafio, lembrando-se que Selena tinha comentado que estava na entressafra de trabalhos agora. 

– Pelo menos eu estou empregada. 

– Bem pensado. Mas acho que posso pagar por um hambúrguer. 

Honestamente, valia cada centavo pagar pela refeição dela, mesmo que fosse apenas pelo prazer de vê-la tomar o maldito sorvete.

Ela a observou se afastando, percebendo as mudanças em seu guarda- roupa desde que ela parara de usar os conjuntos casuais mais larguinhos de sua irmã em favor de coisas elegantes, extremamente coloridas e chamativas. Seus jeans eram num tom vermelho carro de bombeiros vermelho. Ela também usava botas de cano curto de salto alto fino e uma blusa de seda caída em um dos ombros. Todos os caras do lugar pararam para vê-la passar.

Ela apostava que qualquer outro sujeito ali daria seu testículo esquerdo para poder beijá-la e tocá-la da forma como ela havia feito 24 horas antes. Você é um besta desmiolada por ter fugido dela daquele jeito. Se pudesse repetir aquele dia, pressentia que as coisas teriam terminado de maneira muito diferente. Ela só se perguntava se era tarde demais para mudar as coisas.

Depois que Selena saiu, Demi sinalizou para a garçonete, interrompendo-a quando ela tentou iniciar um papinho furado. Foi bom ela ter flertado quando Selena estava por perto, para despertar um pouco de ciúme, mas agora que ela não estava por perto, Demi não queria ser incomodada com flertes. Ela não estava interessada naquela mulher ali ou em qualquer outra que conhecera desde que chegara na cidade, há quatro meses. Apenas uma lhe interessava.

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