Jay era o verdadeiro desastre, a minha verdadeira bagunça.
Eu soube naquele mesmo momento que ele seria a âncora do meu navio, no meio de todo aquele tsunami. Porque Jay, silenciou os meus demônios que tanto me atormentavam durante todo este longo...
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Antes
Eu estava ali, como qualquer outra pessoa estava, dançando ao som da música alta e eletrônica dos irmãos Dimitri Vegas e Like Mike, naquele festival de porcaria — era o que eu vinha dizendo, desde o momento em que minhas amigas haviam me arrastado para cá —, com pessoas de porcaria, que faziam porcarias.
Eu persisti em dizer que era uma péssima ideia sair de casa hoje, e que seria legal pedir uma pizza e assistir um filme. Bem, obviamente a minha ideia não foi nada convincente.
Sim, com toda a certeza do universo, eu tinha a ideia de que era muito antisocial. As vezes, evitava andar por diversos lugares e rotas nas quais eu tinha a total certeza de que iria haver muitas pessoas e então, sempre optava para ruas mais vazias onde eu sabia que estaria andando sem ninguém me encarar ou procurar algo comigo. Eu detestava todo esse ciclo social, mas não me culpava.
Estar ali não era o que eu realmente queria, sinceramente eu não dava mínima para aquele festival e muito menos pra aquela música eletrônica, era boa, mas não era minha praia. Eu não ligava para aquilo, não dava a mínima para o garoto moreno que se esfregava freneticamente em mim, como se eu fosse desaparecer caso ele parasse com aquilo. A única coisa boa naquele lugar para ser sincera, era a música.
E você
Tudo mudou quando eu vi você
Estava escurecendo, mas graças as luzes da festa eu tinha a imagem clara de sua face. Sua pele era retinta e seu cabelo crespo formavam twists que caíam lhe sobre a olhos, você dançava sob o ritmo da música e mantinha os olhos fechados supostamente escutando e aproveitando cada batida daquele beat que havia começado a tocar. Não pude deixar de notar o seu corpo que se deliciava a cada nota, era visível ver que você parecia ser a única pessoa que realmente estava sentindo a música de verdade. Os seus braços estavam jogados no ar, com pulseiras multi coloridas presas a ele, que só demonstravam o quanto você realmente estava se divertindo diante daquilo tudo. Sua blusa laranja e short verde não eram uma combinação bonita, ainda mais com aquele sapato azul marinho com carrinhos vermelhos presos a ele que você tinha, usava junto a uma coroa lilás e colares havaianos. Estava parecendo um carro alegórico de carnaval com aquilo tudo, meu Deus, o que era aquilo tudo?
Na verdade eu nem estava ligando, pois você estava perfeito. Mesmo parecendo patético e um cara qualquer curtindo uma festa qualquer, fumando um baseado qualquer, você estava perfeito para mim.
Até que em certo momento, seus olhos se abriram e me deparei com um belo par de olhos castanhos chocolate tão intensos — no qual eu teria todo o prazer de mergulhar ali dentro e explorar cada centímetro de tudo que há em você — me encarando através de toda aquela multidão. Você me notou e eu havia notado você. Ficamos daquele jeito por um tempo.
Sinceramente? Você parecia surreal.
E foi naquele mesmo instante em que eu perdi qualquer noção do tempo, eu poderia muito bem ficar ali durante horas e mais horas te olhando, admirando cada parte de você. E meus pensamentos sobre você sempre foram os mesmos de sempre. Que era incrível da cabeça aos pés. E eu estava tão ferrada em ter me esbarrado com você naquela noite, querido.
Eu jamais poderia imaginar que estava me metendo em algo complicado, você era a paz que eu tanto procurava, mas ao mesmo tempo se tornou o meu caos e a minha tempestade. E eu me culpo por isso.
Eu espero que algum dia você saiba, que eu te amei até o fim, meu amor
