Parte UM.

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- o que você vai fazer agora? – Stark pergunta pela décima vez, sua voz está começando a ficar histérica e urgente, e eu consigo sorrir com isso. Stark o garoto mais frio do internato está com medo.

- ajudaria se você parasse de perguntar e pensasse um pouco – respondo quase calma, mas se ele pudesse ouvir meus batimentos saberia que estou tudo, menos calma. Mas não estou com medo. Encaro meus dedos ensanguentados e eles não tremem, eles reluzem num vermelho escuro, vivo. Encaro o chão e fico triste ao ver um respingo de sangue no meu all star branco novinho. E então olho o corpo aos meus pés. Ela quase parece à menina que eu achei que ela fosse. A garota que chegou timidamente ano passado, conquistou meu coração e eu fiz dela minha melhor amiga, a segunda pessoa mais popular daqui. Eu sou a primeira, claro. Meus olhos passam por seu corpo nú, muito branco, seios médios e partes intimas perto do momento da depilação.

- nós deveríamos chamar a policia – Stark começa a andar de um lado para o outro, e eu volto a encara-lo tentando saber quando foi que não notei essa covardia e burrice nele, é tão clara agora. Ele é o rebelde do pedaço. Sempre pelos cantos com seu cigarro entre os lábios, ou entre seus dedos do braço direito fechado em tatuagens. Ele nunca fala direito com ninguém, parece estar sempre entediado. E foi em um desses momentos que ela se apaixonou por ele. E eu disse que a ajudaria a conquista-lo, mas esqueci, ou achei melhor não contar que todas as quartas feiras eu encontro ele nos estábulos e nós transamos como loucos. Eu não poderia contar, eu tenho namorado. Um bom namorado. Tirando o fato de ele ser filho do Governador, também conhecido como o pastor mais virtuoso do pais que diz que seus filhos só vão transar depois do casamento. De três irmãos eu escolhi justamente o que obedece a essa regra. Fazer o que?

- você acha que eles vão simplesmente acreditar que a encontramos assim? – dou uma risada fria – depois do que aconteceu pela manha? – eu dou um passo para longe do corpo.

- o que você vai fazer então? – ele senta no chão encarando o corpo de olhos arregalados.

- nós – destaco – vamos tirar qualquer vestígio nosso dela primeiro – me abaixo para desamarrar meus cadarços e tirar meus all stars, minha meias com muitos passarinhos bordados parecem reclamar por entrar em contato com a terra – tire os sapatos e ande de meias e tente não deixar marcas de pegadas – instruo. Ele continua sentado sem nem piscar – agora Stark – quase grito e estou prestes a ir dar um tapa em seu rosto quando ele começa a se mover e obedecer. Meias pretas, que inveja.

Amarro meu cabelo no topo da cabeça num coque e prendo com um elástico que sempre está em meu pulso e desejo lava-lo por conta do sangue em minhas mãos.

- eu preciso que você se recomponha – vou até ele e olho em seus olhos castanhos sempre sombrios, mas hoje perdidos – preciso que você consiga umas sacolas, toalhas, álcool, fósforos, luvas, roupas limpas para você e para mim – ele continua me encarando – precisa que eu anote? – ele afirma com a cabeça. Eu passo as mãos por seus bolsos atrás de seu celular, desbloqueio a tela e listo as coisas em seu bloco de notas – seja discreto, não fale com ninguém caso ainda tenha alguém acordado, e volte rápido – aperto seu braço.

Stark simplesmente levanta, pega seu celular agora sujo de sangue também e sai pela entrada do estabulo para a escuridão.

- merda – sussurro assim que sei que ele está longe o bastante para não ouvir.

Encaro o corpo pálido. Se você chega e olha da entrada acha que ela está dormindo. Foi o que achei quando entrei para esperar o Stark mesmo sendo segunda feira. O dia foi estressante e eu precisava foder até esquecer os meus problemas. Mas entrei e me deparei com o que pensei ser ela dormindo no chão. Então reparei que ela estava sem roupa, e achei que ela estava fazendo uma de suas cenas, que de alguma forma descobriu que eu encontraria Stark aqui hoje.

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⏰ Última atualização: Feb 15, 2018 ⏰

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