Auntie Debbie

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Debbie me olhava com tamanha ternura que me senti obrigada a me abrir com ela. Olhei pra unhas enquanto tentava pensar nas palavras que queria externar.

— Ah tia Debbie, tudo tem sido tão difícil. Todos esses anos estive mudando de escola por causa do bullying e eu nunca pareço me encaixar. -as lágrimas começaram a voltar com tudo e eu não consegui me segurar. — Talvez minha mãe e as pessoas do colégio estejam certas e isso seja culpa minha. Por não ser bonita, inteligente ou divertida o bastante. Estou cansada de ser uma sombra tia! -eu já estava no ponto de intercalar palavras e soluços. Debbie acariciou minha mão me puxando pra um abraço tão acolhedor que me senti confortável como nunca. Não me lembro de já terem parado pra me ouvir, como era a primeira vez que acontecia, eu não sabia lidar.

— Jamais diga isso, Jesy. Não é culpa sua. As pessoas criam padrões impossíveis e então elas são cruéis, você não precisa se sentir obrigada a seguir isso. E sua mãe só não sabe lidar, mas tenho certeza que ela não tem intenção de machucar você.

— Inventaram uma história no colégio de que fiz algo que não fiz. Tenho certeza que foram Niall, Lauren, Dinah, Camilla e o resto do grupinho. Eles me perseguem, mas ninguém acredita.

— Esses são aqueles amigos da Perrie não são? Queria tanto que ela se afastasse deles, eu acho que ela se afastaria se soubesse que estão te machucando amor. -ela se soltou do abraço.

— Foi Perrie quem começou tia Debbie. Não sei se foi proposital e não quero saber, mas ela parece estar cega. Nada que eu diga vai abrir seus olhos. Ela não acredita que bullying exista e ela acha que automutilação é recurso de gente carente. Ela é tão boa tia, mas tão preconceituosa! -comecei a soltar tudo sem me preocupar em falar com a mãe do meu problema, eu apenas precisava contar. — Eu não sei por que justo por ela eu tinha que…

— Se apaixonar. -Debbie possuía um sorriso compreensível porém seus olhos eram tristes. Saltei na cadeira e senti meu coração espancar o peito.

— Não… não…

— Ah, Jesy. Nem tente. Eu vejo o jeito como você a olha e como estar perto dela te machuca. É minha filha quem é cega demais pra perceber que uma menina tão maravilhosa está apaixonada por ela. -mordi o lábio sem saber o que fazer. Não só ela sabia como apoiava meus sentimentos por Perrie .

Eu nunca desejei tanto que ela fosse minha mãe

— Eu não tenho bolo. -ela se levantou e acariciou meus cabelos bagunçados antes de pegar um pote. — Mas tenha cookies. Se você viesse a minha casa mais vezes eu poderia te dar todas essas coisas. E eu nem estou te chantageando. -ela balançou o pote.
Peguei alguns, com as lágrimas se misturando com sorrisos.

— Tia Debbie eu vou ficar mais gorda. -eu tinha voltado a chorar e não sei se sabia explicar o que se passava dentro de mim.

— Não se odeie tanto meu amor. Você é tão adorável. Não merece esse ódio e nem essas marcas. -ela apontou pros cortes que acidentalmente eu tinha deixado aparecer. Cobri os mesmos com vergonha. — Apenas não se odeie.

Eu tentei responder algo ou ao menos agradecer, mas a porta foi aberta e Perrie irrompeu na cozinha, me deixando estática. Eu ainda não estava pronta pra falar com ela.
Me levantei e a encarei.

— Jesy… -ela tentou falar, mas eu apenas olhei pra tia Debbie esperando que ela entendesse e passei por Perrie sem olha-la.
Não estava pronta pra sofrer mais, pelo menos não por hoje.

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Mama Debbie me adota

Losing My Mind • Pesy •Onde histórias criam vida. Descubra agora