Is It Love? Nicolae - Laços de Sangue.

Bruxas

   A barreira no bairro das bruxas, continuava. Não tinha como chegarmos até elas. E o dia estava amanhecendo. Outra pausa na luta com os lobisomens.
    Não conseguia encarar Drogo. Me sentia culpada pelo que houve com sua namorada. Apesar de ter sido escolha dela.
    O clima estava pesado na mansão. E até Sabrina, resolveu não se manifestar.
    Ralph chamou Nicolae no canto. Talvez decidindo o que fazer.
     Luísa se aproximou com a cabeça abaixada, parecendo envergonhada.
     _ Posso falar com você?
     _ Claro.
    Fomos até a biblioteca. Fechei a porta e sentei no sofá. Ela ficou andando de um lado para o outro, as vezes de braços cruzados, as vezes esfregando as mãos.
    _ O que está te deixando tão nervosa?
    Ela parou e suspirou.
    _ Nós ajudamos vocês, lá na quadra. Mas... Eu não sabia que aquela garota era namorada do Drogo. Ela estava atacando você, então, não hesitei em matá-la. Agora me sinto mal. Eu vejo que ele está sofrendo.
     _ Nicolae estaria sofrendo se ela tivesse me matado. Era eu ou ela. Quem você salvaria?
     _ Você. Além de ser aliada, está grávida. Não acredito que ela sabia disso e não recuou.
     _ Estava cega de ódio por que matei a melhor amiga dela. Eu não lembro. Não foi de propósito. Mas, ela tinha seu motivo. É uma pena que esse ódio se tornou maior que o amor dela por ele. Acho que é isso que mais dói no Drogo. Que o amor dela por ele foi sufocado por rancor. Não acho que ele está bravo com você. Afinal, se não fosse você, teria sido outra pessoa. Até mesmo Nicolae.
     _ Olhando por esse ângulo... Seria pior se fosse um de vocês.
     _ Eu agradeço muito à você e todo seu grupo. Que tem nos apoiado e que realmente foram dignos de confiança.
     _ Ainda está chateada com Alexandre?
     _ Ele não tinha motivo para esconder de mim, sobre Nicolae.
     _ Ele achou que você ia querer dar todo seu sangue para ele. No entanto, não estava em condições. Escondeu de você, esperando que os dois se recuperassem, antes de proporcionar o reencontro.
      _ Ainda assim. Ele não tinha o direito. Levou Nicolae para a outra mansão e aquela... Lavínia se encantou com Nicolae e quer disputar comigo. Quando Sabrina chegou, todos se assustaram com o jeito dela. Mas, ela perguntou primeiro se eles estavam livres ou não. E respeitou a gente. Lavínia não respeita ninguém. Alexandre sabe e não fez nada para evitar. Os outros do grupo eu mal conheço. Não tive muito contato.
     _ Sabrina não admite mas, é apaixonada pelo Ralph. Tem medo de se comprometer, por que temos mais tempo de vida que os humanos. Imagina... trezentos anos com a mesma pessoa. Mil anos...
     _ Mil anos com o Nicolae ainda é pouco para mim. Eu quero ficar com ele para sempre. Quando ela tiver essa certeza, vai saber que encontrou o cara certo. E não vai hesitar mais.
     _ É lindo seu relacionamento com Nicolae.
     _ Aprendi que não existe relacionamento perfeito. Sem falhas. É pedir demais, que não haja erros, de seres imperfeitos como nós. Quando realmente queremos ficar juntos, a gente supera. Perdoa. Dá outra chance. Estamos nos ajustando. Eu tenho que ceder. Ele também. Uma hora a gente se encaixa. Pode não ser perfeito, mas, é sincero. E só aumentou com meus bebês.
      _ Ainda me surpreende. Pensei que nunca poderia ser mãe.
      _ Eu sempre acompanhei histórias de vampiros. São poucas, que falam sobre infertilidade. A maioria é o contrário. Ainda há um coração batendo aqui. Estamos vivos. É por isso que podemos ser mortos.
     _ Para morrer, basta estar vivo. _ ela riu. _ Acho que essa gravidez, ajudou muito, a gente ficar bem com o que somos.
     _ Fico feliz com isso. Nem foi planejado. Apesar de termos assumido o risco. Foi uma surpresa maravilhosa.
      A porta se abriu. Entraram Sabrina, Bianca, Gabriela e Lorie.
      _ Também queremos participar da reunião. _ disse Sabrina.
      _ Do que estão falando? _ indagou Lorie.
      _ nesse momento, é sobre filhos. _ eu disse.
      Elas se ajeitaram, pela biblioteca.
      _ Lobisomens são lindos. Mas, não tratam bem uma vampira. Fico me perguntando o que nasceria... Um Vampomem? Ou um Lobisiro? _ Bianca perguntou.
      Nós rimos.
      _ Eles são ruins com a gente. Seria bom se fosse possível uma aliança. Uma trégua. Sei lá. Estou cansada de lutar. _ disse Gabriela.
      _ A trégua vem quando a lua vira. _ disse Lorie. _ O que vai acontecer então?
      _ Eu não sei. Mas, estou mais preocupada com as bruxas. Elas colocaram uma barreira em torno do bairro delas. Não sabemos que feitiços estão fazendo lá. _ disse Sabrina.
     _ Enfeitiçar humanos e os tornar caçadores é só uma distração. Vai saber o que realmente vem por aí. _ disse Bianca.
     _ Falar nisso, a bruxa fez algo com você antes de chegarmos?_ indagou Luísa.
     _ O pior foi esfaquear minha barriga. Mas, tomei sangue em seguida. Me curei rápido. Não houve problemas.
      _ Porque ela te atacou com um punhal? Na barriga? Se ela te odiava e queria te matar, não seria normal te apunhalar no coração? Ou usar algum feitiço? _ indagou Gabriela.
      _ Acho que ela tentou tirar algo dela, como ela perdeu a amiga, tentou tirar os filhos de Lívia. _ disse Luísa.
      _ Drogo que me perdoe. Não tenho pena dela. _ disse Sabrina.
      _ Nem eu. Nunca gostei dela. _ disse Lorie. _ Uma péssima babá. Deixava de cuidar de mim, para ficar se esfregando nele.
      _ É estranho imaginar que você era criança, até um dia desses. _ disse Sabrina.
      _ Até para mim é estranho. _ ela disse. _ Era mais fácil ser criança.
      Um silêncio de concordância, se abateu sobre nós. Tudo que aconteceu naqueles dias, foi muito pesado. Eu queria voltar aos dias rotineiros, de ir para a faculdade e discutir com Nicolae, sobre alimentação. Tudo que eu queria era passar um tempo na casa da praia. Reviver os momentos, onde não havia preocupação.
       A porta se abriu de novo.
       _ Desculpe. Mas, da última vez que as meninas se reuniram, acabaram lutando sozinhas, sem avisar. Então, vamos participar da conversa. _ disse Ralph.
       _ E se estivermos falando sobre vocês? _ disse Sabrina.
       _ Respondo o que quiserem saber. _ ele brincou.
       Nicolae sentou ao meu lado e me abraçou. Peter apoiou as costas na parede, com as mãos nos bolsos. Drogo sentou em uma poltrona e abaixou a cabeça. Julius ficou observando os livros. Lucas observou a janela. Ralph cruzou os braços. Permaneceu perto da porta.
      _ Nicolae contou que vocês costumam conversar. Discutir relações. Para não ficar assuntos pendentes, que possam minar a confiança. Vocês estavam conversando quando chegamos aqui, para auxiliá-los. _ disse Ralph. _ Acho necessário uma conversa agora.
     Silêncio. Olhei discretamente para Drogo. Ele mantinha a cabeça abaixada.
     _ Eu não sei se o Drogo está com raiva de mim, por ter matado sua namorada. Peço desculpas a ele. Tinha que proteger a Lívia. _ disse Luísa.
     Todos olharam para o Drogo. Ele continuou de cabeça baixa, sem dizer nada. Peter que também já tinha perdido um amor, olhava para o irmão com compaixão. Me perguntei se ele já havia superado. Se era possível.
      _ Nosso grupo é esse. Não importa quem tenhamos que matar. Nossa lealdade tem que ser só com Bartholys. _ disse Ralph.
      _ As bruxas estão aprontando alguma não é? _ questionou Sabrina.
      _ Elas não conseguem ser mais rápidas que nós. Lançar um feitiço leva tempo e exige concentração. Elas, vão atacar todos nós. Tenho certeza. Só não faço idéia, de como. _ disse Lucas.
      _ Espero que não lancem a maldição da morte. _ disse Julius.
      _ O que é isso?_ indagou Lorie.
      _ Existe um boato que corre entre vampiros, sobre o mito de dormirmos em caixões e sermos mortos-vivos. Segundo dizem, foi uma maldição lançada por bruxas, para prenderem vampiros sob a terra. Já que não podiam enfrenta-los no combate. _ disse Ralph.
       _ E por quanto tempo?_ indagou Peter.
      _ Até matarem todas as bruxas que lançaram o feitiço. Só que precisariam de sangue de vampiro, para lançarem a maldição. _ disse Julius.
     _ Será que foi por isso que Natasha esfaqueou Lívia? _ indagou Luísa.
     _ Mas, elas não tiveram acesso aquele sangue ne? Alguém trouxe o punhal?_ perguntei.
     Ninguém respondeu e um arrepio me percorreu. Teria sido uma ação planejada? Pensada? Nesse caso, ela sabia que Drogo também seria amaldiçoado. Já tinha desistido dele há muito tempo. Não. Eram só especulações. Mas, foi o suficiente para fazer Drogo erguer a cabeça e olhar confuso, para minha barriga.
     _ Acho que ninguém se preocupou com o punhal dela. _ disse Sabrina.
     Drogo havia perdido o controle ao sentir o cheiro do sangue dela. Isso assustou todos. Só queríamos sair de lá. Não pensamos em mais nada.
     _ Bom, alguma coisa elas farão. _ disse Bianca.
     Nicolae fez um carinho na minha barriga. Com um sorriso de orgulho.
     _ Você realmente gosta da ideia de ser pai, hein?
     _ Claro. Vocês dão muito trabalho. Quero educar esses pequenos para serem menos rebeldes.
     _ Mas, eu sosseguei. To quietinha.
     _ Não tem como não mudar com tudo que houve. Nenhum de nós será o mesmo. A guerra faz isso.
     Abracei ele. Não importa o quanto mudasse, ainda seria o meu Nicolae.
     _ O que é aquilo?_ indagou Lucas.
    Fomos para as janelas ver também.
    _ É o grupo de Alexandre. _ disse Ralph.
    Corremos lá para baixo e para fora da mansão. O grupo aliado vinha correndo em nossa direção, como se fugisse de um predador.
    _ O que está acontecendo?..._ indagou Ralph.
    _ Bruxas. _ disse Alexandre. _ A barreira baixou, então, fomos até o bairro delas. Estão preparando algo grande.
    _ O quê?_ indagou Nicolae.
    _ Ainda não temos certeza. Mas, elas liberaram os humanos. Não estão mais nos caçando. O que significa que terminaram os preparativos. _ disse Laura.
     _ hoje é a quinta noite de lua cheia. Ainda temos lobisomens para enfrentar? Ou eles finalmente desistiram de tomar nosso território?_ indagou Lorie.
     _ Ontem, atacamos para valer. Vamos ver se eles recuam. _ disse Alexandre.
     _ Ouvi elas falando umas palavras esquisitas. Mas, usaram o nome dela. _ Lavínia apontou para mim. _ Seja o que for, a culpa é sua. Fiquei sabendo que quase morreu ontem. 
     _ E por que a culpa é minha? Você adoraria que eu morresse para o caminho ficar livre para você não é? Só que não vou morrer tão fácil assim. Você não faz ideia de tudo que eu já passei, desde que virei vampira e olha que não faz muito tempo. _ eu disse.
    _ Caminho livre? Você viva ou morta não faz diferença._ ela disse olhando para Nicolae. deu uma piscadinha para ele, com um sorriso vulgar.
     Fiz questão de observar a reação de Nicolae, que olhou para a garota de sobrancelha franzida. Como se não estivesse entendendo o que está acontecendo.
    _ Essa é a vadia que quer roubar você de mim._ eu disse.
    Nicolae me abraçou e beijou minha testa.
    _ Minha mulher é ciumenta, hein!... Fica tranquila, que eu sou seu. Não tenho interesse em ninguém além de você. E como eu disse, assim que tudo isso acabar, nós vamos nos casar.
    _ Não está mais preocupado, por ela ter sido enviada por Viktor? _ perguntou Lorie.
    _ Na verdade... Acho que agora eu entendo ele. Depois de tudo que aconteceu e de ter conhecido outros transformados... Ele não é o monstro que eu pensei que fosse. Porque nós não nos tornamos monstros. Aprendi isso com Lívia. Acho que me tornando pai, eu pude aceitar minha natureza. E ela me mostrou outro caminho, onde não preciso matar humanos. Existem outros caminhos, onde posso seguir minha natureza. Não como Viktor, sem me preocupar com nada. Mas, eu posso ser um vampiro, sem me sentir mal com isso.
   Essa conversa toda foi interrompida com o som de passos. Ficamos um ao lado do outro prontos para iniciar o combate. As bruxa chegaram com uma expressão assassina no rosto. Pararam diante de nós. Seus olhos focalizaram em mim.
   _ Está na hora de acabarmos com vocês de uma vez por todas. 
    Elas começaram a falar em uma língua estranha e fazer movimentos estranhos. 
    _ Ataquem!_ gritou Ralph. 
    Porém havia uma barreira entre nós e elas, que não nos permitiu alcançá-las.
   Elas lançaram uma fumaça cinzenta na nossa direção. Corremos para não sermos atingidos. Mas, aquilo veio direto em nós. Começou a me sufocar. E quando passou, eu sentia alguma coisa estranha em meu corpo. Minha pele começou a arder. 
   _ Corram para a mansão._ eu disse.
   Todos continuaram correndo para dentro. Eu já tinha lido histórias de mais para não saber o que estava acontecendo. Por causa de um maldito feitiço delas. Não poderíamos mais andar sob o sol. Ou seríamos queimados, vivos!