Talvez, sem ao menos saber, você é o único que me ouve, literalmente. Dentro de mim carrego inúmeras coisas mal resolvidas, eu sou por inteira mal resolvida. Entrego-me ao fútil, para fugir dos problemas acarretados pelas futilidades anteriores. Queria eu que tudo não passasse de um sonho e que eu acordasse em algo completamente diferente do que sou. As vezes questiono a minha existência, tento de todos os modos provar que eu existo, que o universo existe, não sei para quê, se eu sei que inteiramente quero que tudo não passe de uma ilusão. O mundo caiu. Art. Caiu sem que eu pudesse detê-lo. Caiu e eu fiquei em baixo sentido todo o seu peso sobre o meu corpo. Não é à toa que não durmo, ou que durmo demais, também não é em vão que invento incontáveis desculpas para ser e agir como eu. Sou um prédio que desmoronou e ninguém se importou. Um prédio velho que somente ocupava espaço. Eu olho para o Céu buscando respostas de Deus, mas sinto, e digo isso temerosamente, que Ele nem ao menos me ouve. Talvez tenha pecado demais. Esperei por tanto tempo que algo bom me acontecesse, que enfim algo ficasse bem... Tornei-me, porém, algo nojento e repugnante até para mim mesma. Eu me odeio de todas as formas e não sei controlar isso. Não sei o que fazer quando terminar de escrever, mas sinto que eu não aguentarei mais por muito tempo. Estou fraca e sou inútil. Não sei porque estou ainda aqui.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Querido Art
Non-FictionArt é um cara comum que vive sozinho em seu apartamento. Ele passa a maior parte do tempo olhando pela janela e desconfia que embora ele tenha o poder de observar outros mundos, ninguém seja capaz de observar-lo. Por esse motivo ele anda como um zum...