Prólogo

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"Me acorde; Você não vai me acordar?; Eu estou presa em um pesadelo; Presa em um pesadelo; Me acorde; Eu quero sentir o sol; Eu estou presa em um pesadelo; Presa em um pesadelo." - Ruelle

2008

É impressionante como as coisas acontecem. Chame como quiser: "azar", "destino", "foi escolha de Deus", "chegaram a hora deles", "tragédia"... A porra que for. Mas não importa como você chama isso, porque não muda absolutamente nada. Não traz as pessoas de volta a vida e não ameniza o sentimento de angústia que te preenche por dentro após perder uma das coisas mais importantes na sua vida: seus pais. As únicas pessoas que obrigatoriamente precisam se importar com você, as primeiras que você aprende a reconhecer quando nasce, e as únicas que podem te causar tamanho sofrimento. Principalmente quando você não tem mais ninguém além deles.

Eu tinha acabado de chegar da escola e chamei pela minha mãe, só que ela não me respondeu. Eu me lembro que tinha algo importante para comentar com ela, uma boa notícia, mas eu me esqueci do que se tratava. Meio que deixou de importar quando vi seu corpo no chão, e o que eu tinha a dizer se dissolveu em minha mente, desaparecendo por completo.

Quando cheguei na varanda de casa, encontrei os dois caídos no chão, mergulhados nas poças do próprio sangue. Não é a melhor cena para uma adolescente em fase de crescimento presenciar e ter como lembrança para o resto de sua existência. Mas fazer o que, não faço ideia de quem é que move as peças desse jogo insano que chamamos de vida.

Minhas pernas fraquejaram, obviamente eu não quis acreditar no que estava vendo. Uma das primeiras reações que temos quando nos deparamos com algo que está totalmente fora de nosso controle e expectativas: a negação.

 Uma das primeiras reações que temos quando nos deparamos com algo que está totalmente fora de nosso controle e expectativas: a negação

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- Nãããoo... – Me abaixo perto dos corpos já sem vida dos dois enquanto me afogava em lágrimas. – Mãe! MÃEE!

Sacudi seu corpo com a esperança de que algo milagroso acontecesse, mas foi em vão, ela já estava gelada, assim como a neve que cobria todo o chão. Minha casa estava totalmente revirada do lado de dentro, provavelmente alguém entrou aqui para roubar algo, mas roubou o que eu e toda a raça humana mais considera como valioso: a vida das pessoas em que somos mais apegados.

Minhas mãos tremiam e eu estava ajoelhada olhando seus corpos ensanguentados no chão, eles haviam sido executados a tiros. E quando finalmente eu me vi no fim da linha, sem para onde fugir ou me esconder, eu gritei enquanto lágrimas abundantes escorriam dos meus olhos. Não demorou muito para que os vizinhos ouvissem minhas súplicas e arrombassem minha porta, se deparando com a cena que deve ter os chocado assim como também me chocou.

Eu estava cega por conta das lágrimas, minha mente parecia um borram, não conseguia pensar racionalmente em meio aquela situação horrível. Só notei que alguém me tirou de perto dos corpos deles, enquanto uma outra pessoa chamava a polícia. Eu não podia ouvir, ver ou falar, estava totalmente em choque. E quando a policia chegou, eles me levaram até uma ambulância, pois sabiam que só me dopando para me fazerem voltar a realidade novamente e tentar explicar o que havia acontecido, mas eu sei que eu não queria lembrar.

 E quando a policia chegou, eles me levaram até uma ambulância, pois sabiam que só me dopando para me fazerem voltar a realidade novamente e tentar explicar o que havia acontecido, mas eu sei que eu não queria lembrar

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Sei que depois disso, foi a última vez que chorei por algo na vida. As outras coisas que me aconteciam pareciam "fichinhas" demais perto da angustia que senti quando perdi as duas pessoas mais importantes na minha vida.

Agora eu estava sozinha...

Nesse inferno que chamam de Terra.

Amor Assassino - Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora