2. Nem rezar ajuda

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Após muito pensar decidi ir à casa de Diana e contar aos seus pais o que Diego me fez, arrumei-me e conti-me para não chorar, passava pela mesma rua onde passara a noite passada e até me davam arrepios, mas agora está de dia e estou segura, pelo menos espero. Cheguei à casa dos halfred, rua 18, na casa 713 e toquei à campainha, soaram 3 curtos toques e esperei por uns minutos, tinha que falar, tenho muita pena de Diana mas o irmão tem que pagar por isso, estava a ficar nervosa, pensei nunca mais voltar àquela casa, caiam rios de suor pelo meu rosto e enquanto mordia minha pulseira de pérolas, a mãe deles abriu-me a porta:

-Brenna, Bom dia, o que fazes por aqui? A diana já saiu! -exclamou, contente por me ver.

-Bom dia senhora Halfred, hoje não fui à escola e não estou à procura de Diana, posso falar consigo? -perguntei enquanto tremia.

-Claro, deixaste aqui alguma coisa ontem? O meu marido era para te levar mas desapareceste, estavamos com medo, era muito tarde para estares sozinha, a tua mãe ligou para a empregada milhares de vezes, mas pronto, o que interessa é que está tudo bem, entra, queres beber algo?

-Não não, obrigada. -disse enquanto sorria.

Demorei para passar pela porta, será que falo mesmo o que o filho me fez? Estou com medo do que possa acontecer à Diana, mas enfim, entrei finalmente com o pé direito no tapete gigante do hall de entrada, era uma casa antiga e rangia por todo o lado, sentei-me e a empregada perguntou-me queridamente se queria beber algo, agradeci renegando.
Suava por todos os lados e a senhora halfred estranhou:

-O que se passa contigo? -perguntou enquanto colocava sua mão fria na minha testa.

-Não é nada, obrigada. -respondi

-Não é melhor ligar à tua mãe? -questionou de olhos abertos para mim.

-Não é preciso, obrigada. -agradeci

-Então, o que queres falar?

Abri a boca mas não saia nada, estava entalada, de medo e de ansiadade, comecei a chorar até que vi Diego nas escadas a espreitar para a nossa conversa, estava com uma cara angustiada e ameaçadora como se fosse me matar, só ouvia o barulho dos segundos do relógio, "tic tac", o nervossismo estava a mil, levantei.
Corri daquela casa para fora o mais rápido possivel, não posso contar, tenho medo, já me fez mal uma vez e pode fazer-me de novo, a mim e a quem mais amo, corri até casa, meu coração batia e batia mil vezes, colocava as chaves na fechadura da casa e nem conseguia rodar, queria ir para o meu quarto, queria descansar mais uma vez, ou até, para sempre.
Ao abrir a porta, no lado esquerdo da sala deparei-me com a minha mãe de pé a falar com dois senhores de fato, ao dar um passo notaram minha presença, mas o que se está a passar? Quem está aqui na minha casa?

-Filha, ainda bem que chegaste, vou para a cozinha fazer o almoço enquanto conversas com os senhores, não tenhas medo, eles vão te ajudar nesta fase. -disse como se estivesse a brincar comigo, saiu para a cozinha e os dois senhores levantaram-se para me cumprimentar.

-Bom dia menina brenna, somos da associação de psicologia e sociologia para os menores e queremos te ajudar em tudo, podes confiar em nós sempre, a tua mãe só esta preocupada contigo. -diziam enquanto me sentavam no sofá.

-Eu não estou maluca. -disse rapidamente.

-Ninguém disse e dirá o contrário, nós queremos te ajudar, o que aconteceu na noite em que foste para a festa de uma amiga tua? A tua mãe disse que nessa noite mudaste completamente -diziam com uma voz doce e como se importassem muito comigo, eles só estão aqui para ganhar dinheiro, é o trabalho deles.

-Eu não vou falar nada com vocês. -disse num tom mais alto e fui para o meu quarto a correr, tranquei a porta e fui escrever, adoro escrever, ajuda-me emocionalmente, foi então que encontrei uma folha solta debaixo da minha secretária, uma letra horrivel, estava escrito em grande " MEDO", como se fosse escrito com unhas, tudo com sangue e amachucado, foi alguma brincadeira de alguém para me assustar, deve ter sido o diego para me ameaçar, ou, apenas é o que vi ontem, no sonho que não era sonho e na rua, o que aquilo queria dizer? Sempre lidei com crianças que queriam encontrar a luz e não com bichos que parecem demónios, foi então que tive a ideia de ir a uma igreja, ao lado da minha casa, vou falar com o padre luis, levei a folha e lá fui eu, mas fui interrompida na porta de casa:

Não tenha medo da escuridão (2018)Onde histórias criam vida. Descubra agora