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Péssima ideia.

Aquilo tinha sido uma péssima ideia. Levar Kim para jogar uma partida de basquete. Ambos haviam ido ao ginásio após a aula, como um desafio bobo de que Kim não aguentaria um sete de um jogo, e que Nicolas não aguentaria uma partida de xadrez. Nicolas conseguiu sobreviver, então faltava Kim, cumprir sua parte. Tudo estava bem até a jovem tentar fazer uma cesta de 3 pontos durante uma esquiva, para quebrar a guarda de Nicolas, o que fez com que ela caísse por cima do braço esquerdo, que estalou ao entrar em atrito com o solo. A anestesia foi imediata. A mesma não sentiu dor, porém o pânico lhe dominou.

_não sinto meu braço... – gaguejou tentando se controlar – não consigo movê-lo!

_onde mais está doendo? – perguntou se agachando ao lado da garota

_nenhum outro lugar! Mas não consigo mover meu braço... – disse rápida e um pouco embolada.

_ok, ok... Venha! Vamos levar você para um hospital! Acho que seu ombro já era! – resmungou enquanto ajudava o outro a levantar.

_droga... Meus pais estão fora da cidade...

_resolvemos isso depois... Vamos! Droga Kim, você pesa... Onde esconde esse peso? – brincou fazendo a outra sorrir

_meus ossos são pesados seu franguinho! – Nicolas gargalhou.

_não me faça rir agora... Preciso de fôlego para carregar seus ossos! – Kim mostrou o dedo médio.

Foram até o estacionamento onde o carro de Nicolas estava... Entraram no mesmo e partiram rumo ao hospital mais próximo. E o fabuloso diagnóstico foi de um ombro deslocado, uma clavícula trincada e uma pequena luxação no pulso. Kim ficaria bem íntima da tipoia, pois seu braço inteiro foi imobilizado, após seu ombro ter sido recolocado no lugar. A garota estava sentado na maca, esperando o médico de plantão naquele turno lhe desse alta.

_sinto muito por isso... - Nicolas murmurou sem graça.

_tudo bem... Não foi culpa sua! - falou tranquila. Logo o médico veio e a avaliou  e após ter certeza de que a mesma estava bem, lhe deu alta.

_você quer passar na escola pra entregar um atestado e ficar em casa?

_não, estou bem... Eu gostaria de ir pra casa mesmo! Você pode me dar uma carona?

_claro!

Depois de receber alta, ambos se dirigiram até o prédio onde a jovem morava, o que não esperava era encontrar alguém esperando por eles. Um jovem alto e magro, de cabelos lisos e ruivos. Olhos grandes verdes esmeraldinos, usava óculos e uma bermuda jeans com uma blusa verde. Ele sorriu ao ver Kim, mas sua expressão mudou um pouco ao olha Nicolas.

_ah... Nicolas eu quero apresentar você a Emmet. Meu namorado! – falou sorrindo.

***

Nunca lhe passou pela cabeça que Kim teria um namorado. E o pior ainda... Não imaginava que aquilo iria lhe incomodar tanto. A menor ideia de que Kim estava se deleitando com outra pessoa... Parecia algo irreal demais.

Algo que lhe deixava desconfortável. Sim. Era essa a palavra. Desconfortável. Havia saído rapidamente do prédio e um pouco atordoado admitia. Kim podia ter uma vida amorosa. É claro. Isso é lógico. Do mesmo jeito que ele tinha a sua. Ele tinha? Não conseguia pensar com clareza. E ao chegar em casa já sabia que ia encontrar seu pai bebendo uma dose de whisky novamente depois de um dia estafante naquele escritório de contabilidade. E sua mãe ligando para reclamar. Eles haviam se separado oficialmente há meses... Porém as coisas continuavam instáveis.

_o que houve? - perguntou seu pai.

_não sei... – suspirou pesado – não sei... Eu queria saber...

_quer conversar a respeito?

_nem mesmo sei do que se trata...

_poderia me dizer como foi seu dia... E talvez eu ache o problema. – tomou mais um gole do whisky.

_tudo bem... – suspirou e se jogou no sofá e deixou que toda a história fluísse de seus lábios.

Seu pai ficou em silêncio por vários minutos e então preparou outra dose de Whisky e entregou a Nicolas, que ficou olhando para a bebida, antes de beber tudo de uma vez. O líquido desceu queimando por sua garganta, e lhe aqueceu por dentro completamente, e lhe proporcionou um alívio momentâneo.

_bem... Acho que já sei o que lhe deixou assim! E acho que você já sabe também, apenas não quer aceitar...

_mas isso é errado... – seu pai assentiu.

_não controlamos essas coisas meu garoto... Igual ao meu divórcio com sua mãe. Nós sabíamos que isso ia acontecer de um jeito ou de outro... Apenas tentamos evitar isso ao máximo.

_o que eu faço agora?

_vamos dar tempo ao tempo... Venha! Vamos sair e dar uma arejada. Vou lhe dar essa colher de chá! Mas só hoje! – sorriu malicioso.

_porque mesmo mamãe deixou você? - Ele gargalhou.

_porque ela quis um garotão. E seu velho pai já não tinha o "tanquinho" que ela desejava!

Houve um minuto de silêncio antes de caírem na risada. Se lembrava perfeitamente o porquê de ter escolhido morar com seu pai, do que com sua mãe, seu pai lhe entendia melhor do que ele próprio.

_'bora' garoto! – ele deu um tapinha na nuca de Nicolas.

_'bora'! Vou chamar o táxi...

_já devia ter chamado! Esses jovens, não sabem fazer nada direito... – resmungou enquanto ia trocar de roupa Seu pai tinha um humor bizarro e uma língua afiadíssima.

Ele chamou o táxi e foi se trocar. Colocou uma camisa social preta, calça jeans com os joelhos rasgados, e um sapa tênis de couro sintético. Logo seu pai havia voltado, vestia Jeans, uma camisa xadrez preta e cinza, os cabelos negros estavam bagunçados, e usava um sapato social, não tão social.

_assim também complica pro meu lado velho...

_não mandei você ser tapado! Estou velho garoto, não morto, nem castrado! – ambos gargalharam e ouviram um carro buzinar...

_'bora' garoto, vou lhe ensinar algumas coisinhas... você verá seu velho em ação!

A noite prometia.

Da Amizade ao AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora