Paola se serviu de mais uma taça de vinho, já estava quase dando fim a segunda garrafa, e a cada gole, que aquecia seu corpo nessa noite fria, e que tentava apagar um pouco do ocorrido nesses últimos dias...Não estava funcionando. Sempre que fechava os olhos se lembrava do que viu, sentia o remorso, a culpa, tristeza, arrependimento, e lá no fundo, sentia raiva também, mas não sabia se era de si mesma ou daquele tatuado roubador de corações - ou estava mais para destruidor de corações? - Tantos sentimentos misturados, bagunçados, confusos, tantas coisas se passavam por sua cabeça nesse momento que não sabia qual a dominava agora...Mas pelo tanto de vinho que tomou, e pelo tanto de lágrimas que derramou, provavelmente a tristeza estava ganhando de todos os outros sentimentos conturbados.
Paola tomou um longo gole do vinho, esvaziando mais uma vez a taça. Sua visão já começava a fica turva, mas o objetivo não tinha sido comprido: esquecer. A morena fechou os olhos e se afundou nos lençóis de sua cama, a imagem de Fogaça segurando as mãos de Carine, ambos de aliança, ambos casados...E o que mais a irritou era que ambos estavam felizes, enquanto ela derramava lágrimas. Paola ainda lembrava de tudo que pensou quando viu aquela foto. " Eu perdi o amor de minha vida" mas talvez isso não fosse totalmente verdade. Pra se perde uma pessoa se precisa tê-la antes, e Paola não sabia se Henrique um dia a pertenceu, talvez sim, talvez não, nunca soube ao certo. Paola via a foto e sentia culpa por nunca ter formado uma relação entre eles, era só mais sexo, mas paixão, e talvez sem amor. Os momentos no camarim eram tudo que tinham, então não podiam chamar aquilo de "relação" e nem que ele a pertencia. Henrique sempre foi um homem atencioso e tudo mais, carinhoso até mesmo no sexo, mas provavelmente não a amava, era só paixão, só desejo, e Paola se arrependia por isso. Ela o amava, não tinha dúvidas disso , as intimidades no camarim, os beijos e abraços naquele pequeno quarto não eram o suficiente pra ela, queria mais, muito mais dele, sentia que merecia isso, que merecia uma "relação" não só baseada em sexo carnal, Paola sentia que merecia o amor de Henrique, ser amada por ele, e não ser só tratada como amiga na frente dos outros e amante entre quatro paredes. Então se sentia culpada por não exigir mais que só "amantes".
Estava brava com Henrique por não ligar mais para ela depois das férias, depois de se casar Carine, e esquecer tudo que supostamente tinham. Por mais ocupado que estivesse uma ligação não o mataria, uma ligação por apenas um minuto só pra dizer que sentiu Saudades não faria nem um mau, era tudo que Paola queria: saber que ele estava com saudades. Há mais de dois meses que não se falavam nem se viam - nem se tocavam. - E Henrique não mandou uma mensagem, e agora estava casado. - Que tapa na cara, Carosella - Pensou Paola, vendo que Henrique realmente não queria nada com ela. - a não ser o sexo.
-- Esse vinho mão serve pra nada. -- Jogou a garrafa longe, a quebrando. Estava frustrada, não conseguia tirar aquele maldito tatuado da cabeça, e ainda o amava muito, mesmo sabendo que ele não a amava. A morena se sentiu atingida com um soco bem no rosto, um aperto imenso no peito, e uma vontade tão forte de chorar, mais forte do que todas que sentiu essa noite. Essa era a sensação de ter o coração partido.
Pegou seu celular quando o sentiu vibrar. Seu coração quase parou vendo que era Henrique. Pensou se responderia, ou faria seus joguinhos de ignorar. Mas no fim, ela só queria mesmo falar com ele. - culpa do amor que vence o ódio.
" Você está aí?"Respondeu:
" Sim "
" Podemos conversa? preciso te dizer umas coisas. "
Paola queria sim conversa, queria sim muitas explicações, mas não pelo telefone, queria cara a cara, queria olhar nos seus olhos seja lá o que estivesse prestes a dizer." Tá, a gente pode, mas só pessoalmente"
" Melhor assim. Te vejo logo, lindinha"
-- Lindinha? Como ele pode me chamar assim? Tá achando que tá tudo bem entre nós? -- Resmungou Paola, se levantando da cama até o banheiro. Lá ajeitou seu cabelo, passou maquiagem, e tentou tirar o cheiro do álcool. Depois se admirou no espelho e estava se achando bonita, não, estava linda, estava sexy, e Henrique se arrependeria do que estava perdendo. -- Chega de chorar, Paola, ele não merece suas lágrimas. Ele não a queria? Tudo bem, depois se arrependeria, porém já seria tarde demais. Se Henrique queria casar, e parecia feliz, Paola não perderia seu tempo lamentando o que poderia ter feito ou dito pra ele, acabou, e já estar mais que na hora de Paola o esquecer, seria difícil, mas não impossível.
A morena desceu as escadas e se sentou no sofá, o esperando, e em sua cabeça pensava no que diria quando ele chegasse, tinha tantas coisas, e ele teria que ouvir tudo.
Logo já ouvia o som de sua moto, e de repente seu coração disparou. Talvez isso vai ser mais difícil do que pensava. Henrique bateu a porta, e Paola não hesitou em abrir. Assim que o viu tudo voltou a tona e ainda com mais força, toda a confiança de antes tinha sumido. - Ele é tão bonito. - O admirava, e parecia que toda a distância só contribuiu para o achar ainda mais gato. Porra, ela o amava tanto.
-- Olá. -- Henrique abriu um sorriso, um maldito sorriso, tão lindo.
-- O-olá. -- Sentiu a vontade se chorar lhe tomar, e precisou segurar com todas as forças. A morena lhe deu espaço pra entrar, o mesmo entrou, lhe dando uma grande fitada no caminho até o sofá. Paola fechou a porta, mas ficou parada no mesmo lugar, se segurando com todas as forças para não correr até ele é lhe abraçar, beijá-la com todo a amor que sentia, e de criar "eu te amo", pra que ele saiba o que ela nunca deixou claro. Mas não podia fazer isso, e esse "não poder" era o que mais doía. Paola quando se certificou que estava controlada, foi Zé juntas a Henrique no sofá e ouvir logo o que tinha pra dizer. Assim que sentou do seu lado, Henrique lhe lançou um olhar, mais que olhar, parecia tão sedutor.
-- Você tá linda, sabia? -- Levou suas mãos para o rosto da morena, e então se aproximou, pronto para beijá-la.
-- O que estar fazendo? -- Se afastou.
-- Estou com saudades. -- Mais uma vez se pôs mais perto, e a morena por sua vez, se afastou.
-- Eu também...Muita...Mas -- Se levantou do sofá, sentindo que não conseguiria manter o controle se ficasse do seu lado sentindo seu cheiro.
-- Eu sei. -- Henrique sabia muito bem o que a morena queria dizer, por isso venho aqui, para ter pó um fim entre eles antes que perdesse a coragem. -- Paola, tudo que tem acontecido...É complicado eu sei. -- Passou as mãos no rosto de nervoso. -- Eu não devia ter te ignorado por todo esse tempo, mesmo que a gente não tenha uma relação seria, você merecia uma explicação. -- Agora voltou a olhar para a morena. -- Eu quero que sabia que sentia coisas por você, era mais do que só sexo, eu realmente sentia coisas por você. -- Aquilo era tudo que a morena queira ouvir, o que a deixava triste era logo, depois dessas palavras, viria um "mas". -- Mas a gente não daria certo juntos. -- Paola sentiu uma dor nessas palavras, uma dor imensa. -- Espero que entenda quando digo que a gente só deve ser amigo, somente isso, como era antes. -- Henrique esperava a mesmo que ela entendesse, lhe partiria o coração se Paola não quisesse mais ser sua amiga, ela mesma o entendia tão bem, o fazia tão bem, adorava ter sua companhia, se perdesse isso, ficaria arrasado.
-- Sim...Eu tenho que entender. E a gente pode sim continuar sendo amigos. -- Paola ainda não entendia muito bem, um dia entenderia, mas no momento não, ela sempre achou que entre eles com um pouco mais de tempo e sinceridade poderia surgir uma relação de mais que amigos, mas parece que estava enganada.
-- Que bom, eu não aguentaria perde minha melhor amiga. -- Se aproximou a tomou em um abraço. Paola afundou sua cabeça no pescoço de Henrique inalando profundamente seu cheiro. Seu abraço era tão acolhedor, era gostoso, e ela adorava, adorava estar entre seus braços.
-- Eu te amo. -- Ele murmurou em seu ouvido, e seu coração quase parou no mesmo estante. Não acreditava que ele tinha dito aquilo. Quando estavam juntos ele nunca tinha dito que a amava, por que só agora?
-- Eu também te amo. -- O abraçou com mais força e deixou que as lágrimas caíssem sem parar, aquele momento era tudo que sempre quis, aquelas palavras eram tudo que sempre quis ouvir e dizer, só que em outras circunstâncias, mas finalmente ele tinha dito.
-- Um ultimo beijo? -- Henrique pediu e Paola fez que sim com a cabeça, então o tatuado logo aproximou seu rosto do dela, antes de juntar suas bocas, Henrique mordiscou levemente seu lábio inferior, fazendo Paola imediatamente soltar um baixo gemido. E depois, enfim, juntou seus lábios dando iniciu a um beijo. Seus lábios se juntaram, e eram perfeitos juntos, se encaixavam tão perfeitamente que mereciam feitos para estarem junto. Entre beijos e gemidos que ele estava provocando, Paola não conseguiu se conter e mais lágrimas começaram a sair de seus olhos ao se lembrar de todos os beijos apaixonados que deram, todos os toques, sussurros, beijos curtos em todos os lugares imagináveis, todo o desejo que sentia somente nas preliminares, e quando chegavam na parte do sexo, eram uma explosão de sentimentos e sensações. Ter o corpo de Henrique sobre o seu peso sobre ela, o calor, o gemidos, as intensidades dos movimentos de Henrique, era tudo tão intenso, marcou sua vida, e agora seriam só lembranças.
Paola tentou esquecer tudo por esse momento e só concentrar naquele beijo, e que beijo mais intenso, deseja que nunca tivesse fim. Quando a língua do tatuado tocou a sua, Paola gemeu e segurou forte os ombros de Henrique. O gosto da boca dele era tão bom, e visitante. Depois de quase um minuto entre beijos, precisaram se afastar, mas antes de se afastar, Henrique deu curtos beijos que deixou com ainda mais vontade de ter mais um beijo.
-- Eu amo te beijar. -- Henrique Sussurrou, passando a língua sobre os lábios. Paola podia dizer o mesmo sobre amar os beijos de Henrique, e também podia dizer que amava muitas coisas além de seus lábios. -- Te vejo amanhã? -- Perguntou, já que amanhã Seria as gravações da nova temporada. -- Sim -- Paola o viu se afastar e mais uma vez precisou se segurar pra não agarrá-lo e o impedir de ir embora. Mas conseguiu se conter, e enfim, o viu passar pela porta.
-- Eu te amo tanto
Um dia você ainda vai ser meu.-- Paola nunca deixaria de o amar, sempre teria os mesmo sentimentos, talvez até ficassem mais fortes, mas ela manteria isso só pra si por enquanto. Deixaria que o casamento de Henrique seguisse seu caminho, e se um dia acabasse o que poderia ser um pouco provável, Paola estaria lá, esperando pelo seu tatuado, e pronta para reconquistar seu coração. Essa noite acabou que terminando melhor do que Paola imaginava porque tinha a esperança que seus lábios um dia voltariam a se tocar e seus corpos um dia voltariam a se unir. Paola e Henrique foram feitos para ficarem juntos, talvez levasse tempo, talvez várias coisas aparecessem em seu caminho, pessoas que tentasse os afastar, mas sempre voltariam um pra o outro, porque eles eram almas destinadas a ficarem juntas...
Fim
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Um dia foi Meu
RomancePessoas se amam, que já admitiram esse sentimento um para o outro, que já o demostraram centenas de vezes, provando ser um amor recíproco e promissor. Mas tudo isso não significa que essas pessoas tem que passar o resto da vida juntas, as vezes umas...