Algumas pessoas costumam responder essa pegunta de forma clichê como, ser feliz, encontra o amor de sua vida ou construir uma família. Mas se você me perguntasse o que me faz ou que me fez feliz durante alguns meses se surpreenderia com a resposta, o que me fez feliz foram duas coisas: Uma identidade falsa e um amigo gay.
O ano letivo começa mais uma vez, e aqui estou eu no primeiro dia de aula do segundo ano do ensino médio para ser mais exata. Sentada num canto sozinha com meu moletom cinza e meus inseparáveis fones de ouvido admirando do outro lada do pátio aquele sorriso que faz meu coração acelerar, e aqueles olhos que praticamente sumiam por causa do cabelo que caia sobre o rosto perfeito. A quem eles pertenciam? Ao meu amor platônico do ensino médio. Talita era o seu nome.
Entrendo na minha nova sala para me juntar com a minha nova turma que para a minha infelicidade não contava com a presença cativante de Viviane, a única pessoa que posso chamar de amiga, mesmo que ela não saiba muito sobre mim não parece se inportar e de certa forma a minha companhia até a agrada. Assim que entrei percebi um certo burburinho das meninas que estavam em uma roda, não foi preciso mais do cinco segundos para eu perceber a presença de uma cara nova na sala. Um garoto de cabelos pretos, olhos azuis e um estilo meio badboy. Ele parecia não se inportar com os olhares de cobiça sobre ele de certo deveria estar acostumado a ser deseijado, então após fazer tal afirmação para mim mesma me dirigi até meu lugar no fundo da sala acompanhada pelo restante dos alunos pois o professor de sociologia havia adentrado na sala e nem esperou o segundo dia de aula para passar um trabalho que por sinal era em dupla e ele escolheria as duplas, logo tratei de me encolher na cadeira e tentar me esconder pois sendo uma aluna exemplar e tendo um novato na sala era mais do que provável que nós seríamos uma dupla. Dito e feito! Fomos a primeira dupla a ser formada, o novato de nome Vinícius passou os olhos pela sala a minha procura e assim que me encontrou sorriu de forma doce me fazendo desviar os olhos dele encontrando todas as meninas me fuzilando com os olhos me fazendo querer desaparecer dentro do meu moletom que era uns três números maiores do que eu. A partir desse dia minha vida mudaria completamente! De nerd desconhecida eu passaria ser a estranha que namora o novato gato, isso até poderia parecer mais um filme adolescente de comédia romântica onde o título e quase sempre "A Nerd e O Popular" onde sempre a garota e feia se transforma e o garoto mais gato da escola se apaixona por ela e eles vivem felizes para sempre. Não posso negar que pelo menos o início do filme bateu com a minha vida.
Enfim... Eu e o Vinícius marcamos de fazer o trabalho na casa dele já que a minha casa estava passando por uma pequena reforma, nos encontramos em frente a escola e seguimos de lá para sua casa que era até razoavelmente próxima a escola, ao contrário do eu pensei ele não se achava o máximo e nem era prepotente ao ponto de tentar algo comigo achando que não resistiria aos seus atributos pelo contrário ele era até tímido e sua companhia era ótima ja que ele sabia falar de uma variedade de assuntos não deixando aquele silêncio chato reinar entre nós mas só foi chegarmos em sua casa que estava vazia pois ele era filho único e os pais estavam trabalhando que eu tive uma grande revelação. Entramos dentro do seu quarto e mal a porta foi fechada quando ele me soltou a seguinte frase: "Meu gaydar dispara quando estou perto de você." E foi assim que eu descobri que ele era gay, eu fui a primeira pessoa para quem ele contou isso e ele foi a primeira pessoa pra quem eu contei que era lésbica. Desse dia endiante uma amizade cresceu entre a gente e cada dia mais trocávamos mais e mais confidências ao ponto de eu dizer que nunca tinha ido numa balada gay e que morria de curiosidade, então ele disse que me levava mas não tinha como irmos pois éramos menores de idade. Dois dias depois ele me apareceu com duas identidades falsas uma pra mim e outra pra ele é assim pela primeira vez eu não me senti medo de olhar uma garota com desejo e as outras pessoas perceberem pois ali no meio daquela pista de dança ao som de uma música que não lembro o nome pela primeira vez eu era igual a todo mundo. Nós saíamos quase todos os fins de semana o que gerou uma certa desconfiança de todos em relação a nós e foi assim que a ideia louca de fingirmos estar namorando brotou na minha mente, assumimos nosso namoro com direito até troca de status no Facebook. Durante a semana éramos o casal mais improvável da escola e nos fins de semana éramos a dupla que animava qualquer balada, a gente bebia, ria, se divertia e transavamos com quem queríamos sem medo se o que estávamos fazendo era errado ou não.
Tudo ia bem, até aquele fatídico dia... Era mais um fim de semana e Vinícius chegou em minha casa a fim de me levar em mais uma festa, mas naquele dia eu não queria ir pode ser clichê demais mas naquele dia eu estava com uma sensação ruim mas Vinícius era insistente e persistente e depois de meia hora reclamando comigo eu já havia levantado e começado a me arrumar. Chegamos na festa e praticamente todos amigos que fizemos nas baladas que fomos estavam lá, e eu me sentia estranha estando ali como se de alguma forma aquele lugar não fosse onde eu deveria estar. Os segundos foram se tornando minutos e os minutos em horas, já no fim da festa eu me encontrava aos beijos com uma garota que conheci la mesmo, estávamos no lado de fora esperando o táxi que nos levaria para casa um pouco mais a minha direita estava Vinícius agarrado a um rapaz que o nome nem se lembrava mais então foi ai que meu mundo perfeito caiu... Senti uma mão no meu ombro e parei de beijar a garota a quem estava agarrada, assim que me virei senti meu sangue congelar em minhas veias e o chão da calçada parecia ter sumido olhei para Vinícius em busca de ajuda mas ele estava tão perplexo quanto eu. Quem estava na minha frente não era ninguém mais que Viviane, ela parecia chocada ao me ver e então sua mão veio de encontro ao meu rosto me fazendo deseijar que pela primeira vez que minha vida se tornasse uma comédia romântica e ela dissese que eu era uma idiota em não perceber que ela sempre foi apaixonada por mim, mas não foi isso que aconteceu, mal tinha me recuperado da dor do seu tapa que abriu meu lábio inferior quando ela me acertou de maneira muito mais dolorosa que um tapa. "Eu tenho nojo de você!". Essas palavras fizeram me sentir tonta e a última coisa que eu vi foi Viviane me dando as costas. Quando acordei estava na casa de Vinícius, assim que o vi me senti pior ainda, ele havia perdido seu brilho e estava triste mesmo que tentase sorrir para me fazer ficar melhor eu percebia a sua tristeza, então eu voltei pra casa meus pais ainda não sabiam mas era questão de tempo até descobrirem, quando a noite chegou deitei em minha cama pedindo a Deus que tudo que aconteceu fosse uma alucinação por conta da bebida e que amanhã fosse mais um dia normal coisa que não aconteceu pois foi só colocar meus pés dentro da escola para sentir sobre mim os olhares julgadores que mais pareciam pedradas todos susurravam coisa do tipo: "Que nojo dessa sapata". Vinícius chegou logo em seguida e também teve que enfrentar os olhares maldosos em nossa direção.
E foi assim durante um mês até nossos pais descobrirem, ele foi mandado para um Colégio Militar enquanto eu tinha que enfrentar sozinha uma escola que me chamava de: "Vadia nojenta" tento que aguentar todos os dias pessoas dizendo que eu arderia no fogo do inferno, e quando chegava em casa a fim de procurar coforto as surras começavam meus pais se revezavam nesse árdua tarefa que era me espancar todas as noites pois como eles diziam eu era impura e merecia ser surrada, eu aguentei firmemente até hoje.
Não quero que sinta pena de mim ao ler isso é que nem chore quando ouvir falar de mim, quero que apenas saiba que existe um motivo pro meu corpo está frio e pendurado pelo pescoço na árvore do quintal da minha casa. E quero deixar de lição a minha história, para que ela não se repita JAMAIS.Ass.: Uma lésbica nojenta
Dia 7 de Setembro de 2017
3:00 da manhã
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Contos de uma página
RandomPequenos contos com personagem aleatórios onde poderam encontar contos de vários tipos, desde uma tragédia grega a um romance meloso. Aceito sugestões no P.V