Capítulo Cinco.

1.7K 147 2
                                    

O avião está totalmente estabilizado, diferente de mim. Sinto meu celular vibrar em meu bolso. Pego-o.

Outra mensagem de Erick se desculpando e mais uma lágrima escorre. A questão não é ele se desculpar, a questão não é ele querer voltar atrás com suas palavras, a questão é que eu não quero que ele volte. Me encolho na poltrona.

Não consigo, nem se desejasse, vê-lo...

Após uma hora e alguns minutos o avião começa o processo de pouso, apenas depois disso ligo para minha mãe avisando sobre minha chegada, aproveito e mando uma mensagem a Davi, agradecendo e informando meu estado atual.

Saí pelo desembarque sem encontrar ninguém, minha mãe demora cerca de meia hora sem trânsito nem nada para chegar, logo teria um mínimo tempo para pensar no outro lado da moeda, o lado que explicaria perfeitamente o que estou fazendo além de fugir de Erick.

Dizer que esqueci Axel seria uma enorme mentira, mas sobrevivi sem ele, não foi nada de impossível, porém nestes últimos dias ele esteve tão presente em minha mente que chegava a me sufocar, mas isso significa que ainda sinto algo por ele?
 Eu não sei. Talvez saiba quando o ver. Talvez.

Assim que o olhar de minha mãe pousou sobre mim, um sorriso surgiu em seus lábios.

Dona Marta tem cabelos louros, curtinhos na altura do pescoço, olhos verdes como os meus com a altura semelhante de um e sessenta.

-Minha menina! -Diz me abraçando. E logo me largou para continuar a falar.-Guilhermo estava me ligando desesperado. Não contou pra ele que vinha?

-Não. Foi de supetão. -Respondo sorrindo um tanto sem graça.

Ela apenas assente. Lado a lado caminhamos em direção ao estacionamento.

-Seu pai está louco para te ver.

-Também estou com saudade dele. -Digo sentindo um leve remorso por ter faltado a última reunião da família.

Ela sorri.

-Mãe, podemos passar no hospital antes de irmos para casa? -Pergunto um tanto vacilante.

-Podemos, mas duvido que o veremos agora. – Minha mãe revira os olhos. Ela detesta as burocracias de hospitais.

Assinto e entramos no carro.

O caminho é feito como uma reflexão, pelo menos por minha parte. É estranho me encontrar novamente na cidade que até alguns minutos atrás tinha me arrependido de sair, é estranho, pois por mais que exista este arrependimento não me imagino aqui, não mais. Acho que me adaptei tanto ao rio que as vezes minha mente acha que sou natural do estado. Ledo engano, o sotaque, a cultura me denunciam.

Demora um pouco até avistar a fachada do hospital, minha mãe procura o melhor lugar para estacionar. Assim que feito, descemos.

Caminhamos lado a lado até a recepção. Vejo Cíntia e Sergio – Os pais de meu antigo amigo - e Júlia – a irmã mais nova de Axel-  ela está chorando copiosamente o que faz com que meu coração se aperte por um breve instante.

O olhar de Cintia recai sobre mim e juro ter visto um breve sorriso surgir em seus lábios.

Eu faço questão de cumprimentar cada um deles. 
-Posso vê-lo? -Pergunto apressadamente.

-Pode, querida, pode sim. -Cintia me responde, com calma.

Ela me guia hospital a dentro até chegar na ala da UTI, engulo a seco. Isto não é bom sinal.

Desacelero meus passos frente ao seu quarto.

-O que houve? Minha mãe não me explicou direito... -Pergunto. Realmente, minha mãe para explicar algo é uma negação.

-Uma composição química explodiu.

-Ele está consciente?

-Não, ele está em coma, querida. -Responde com os olhos marejados.
-Vou te deixar a sós. -Ela diz parando ao lado da porta. Assinto.
Entro no local e ouço o bipe da máquina ao seu lado. 
Aproximo-me da cama, sentindo meus olhos vacilarem. Seu rosto está enfaixado e suas mãos vermelhas. 
-Ah, Axel. -Suspiro já estando chorosa. -Se você ao menos soubesse do que eu me arrependo, talvez tivesse pensado duas vezes antes de sofrer este acidente.
Me aproximei.
-Apenas não me deixe, Axel, você prometeu sempre estar ao meu lado. Cumpra esta promessa, por favor. – Nesse instante, já estou soluçando de tanto chorar. Afastei-me. Limpando as lágrimas deixei o quarto.
Cíntia não estava mais na porta, agradeci silenciosamente por isso e me recompus. Segui o caminho de volta a recepção, Júlia está mais calma e Cíntia me fita sorrindo, ela me explicou que o médico disse que isso se deve ao fato dele ter entrado em contato durante um tempo considerável com uma composição química perigosa, ela não se lembra do nome, porém em meio a tudo isso entendo-a perfeitamente. Ela também disse que eles não sabem ao certo se Axel pode ou não acordar novamente, ouvir aquilo doeu, e como todas as outras vezes, aquela não seria diferente.
Nos despedimos deles e seguimos para o carro. 
No caminho de volta para casa fiz um prece silenciosamente pedindo por Axel, não desejava que algo de pior o acontecesse na verdade, temia desesperadamente por isto.
__________________________________
E aí meus amores???
O que acharam?
Quem mais está sofrendo por Axel? Eu estou com certeza 😭😭
Amo vocês.
Não se esqueçam de comentar e deixar o like ❤️

Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora